As compras de Natal dos CTT

A empresa centenária é já um grande player no negócio das encomendas em Portugal e Espanha. Com dois anúncios feitos esta semana, irá tornar-se em 2025 num grupo "significativamente maior".

A história dos CTT, que têm mais de 500 anos, podia ser a de um negócio em decadência, com as comunicações eletrónicas a substituírem o correio. Não o é. Nos últimos anos, a empresa soube aproveitar o crescimento do comércio eletrónico para se tornar, aos dias de hoje, num importante player do setor em toda a Península Ibérica.

Com o ano de 2025 prestes a chegar, o grupo acaba de anunciar esta semana duas novidades que o tornarão numa empresa “significativamente maior”. A primeira surgiu na quarta-feira, quando anunciou ao mercado um investimento de 104 milhões de euros na compra da Cacesa.

O nome é pouco conhecido, mas a Cacesa é uma empresa espanhola de desalfandegamento de encomendas, presente em mais de 15 países e líder de mercado em Espanha. Numa apresentação, os CTT referem-se a ela como uma “ligação da Europa à China”. É mais do que isso: também faz o desalfandegamento de encomendas da Amazon vindas do Reino Unido.

Para os CTT, não é só um reforço da aposta nas encomendas de plataformas chinesas como a Temu. Como aqui explicámos, é também uma proteção contra eventuais restrições que venham a ser impostas por Bruxelas. Se a Comissão Europeia impuser novas taxas alfandegárias, como tem vindo a ser dito, o negócio da Cacesa prosperará.

Já esta quinta-feira, os CTT voltaram à carga, desta vez em parceria com uma empresa alemã. O negócio pode parecer confuso, mas prevê a compra da totalidade da DHL em Portugal pelos CTT, seguida da compra de 25% da DHL em Espanha. No final, a DHL compra 25% da CTT Expresso, incluindo as novas posições. Mais tarde, ambas terão a opção de aumentar a participação uma na outra até aos 49%.

Feitas as contas, em termos líquidos, os correios portugueses terão um encaixe positivo de cerca de 69 milhões de euros. Se não surgirem imprevistos, os dois negócios serão concluídos no ano que vem e poderão fazer dos CTT um grupo português com presença ainda mais alargada, com uma receita anual superior a mil milhões.

Porque é que isto é uma história sobre tecnologia? Porque o comércio eletrónico é o grande catalisador de tudo isto. Há cada vez mais gente a fazer as suas compras na internet, de smartphone na mão ou em frente ao computador. Mas um clique até pode gerar uma encomenda. Só que será sempre preciso haver quem a entregue.

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