Reservas de gás britânicas “a níveis preocupantes”, segundo o principal distribuidor

  • Lusa
  • 15:37

O "Reino Unido tem menos de uma semana de gás em reserva", alerta o grupo Centrica, antes de sublinhar que o país tem "desvantagem" na capacidade total de armazenamento – menos 10% que França.

As reservas de gás do Reino Unido caíram para “níveis preocupantes”, uma vez que o país “enfrenta um frio extremo e preços elevados do gás” nos mercados, alertou esta sexta-feira o grupo energético Centrica.

“As condições meteorológicas mais frias do que o habitual no Reino Unido, juntamente com o fim do abastecimento” da Rússia por gasoduto através da Ucrânia em 31 de dezembro, “conduziram a uma queda dos níveis de stock de gás em todo o Reino Unido”, afirmou a empresa num comunicado.

Consequentemente, em 9 de janeiro de 2025, a capacidade das reservas britânicas estava a cerca de metade, 26% menos do que nesta altura do ano passado. “Isto significa que o Reino Unido tem menos de uma semana de gás em reserva”, alertou a empresa, da qual faz parte a British Gas, o principal distribuidor do país.

A situação é semelhante à registada na UE, onde as reservas de gás rondam, em média, os 68%, vincou, significativamente abaixo dos 83% registados um ano antes, de acordo com a plataforma European Agregated Gas Storage Inventory (AGSI). No entanto, o Reino Unido está em desvantagem porque a capacidade total de armazenamento de gás do Reino Unido é cerca de 10% inferior à da França, da Alemanha ou dos Países Baixos, salienta a Centrica.

A Centrica atribuiu os problemas ao “início precoce do inverno”, o que resultou num nível de reservas de gás mais baixas do que o habitual já em dezembro, e aos preços elevados, o que atrasou a reposição das reservas durante o período de Natal. O Reino Unido está fortemente dependente das importações de gás natural liquefeito (GNL), especialmente dos Estados Unidos, e “está em concorrência direta com outros países, particularmente na Ásia e na Europa” para este abastecimento, referiu.

No entanto, o governo britânico afastou receios de apagões na rede de energia. “Estamos confiantes de que teremos fornecimentos de gás e capacidade de eletricidade suficientes para satisfazer a procura neste inverno, graças ao nosso sistema energético diversificado e resistente”, afirmou um porta-voz do primeiro-ministro, Keir Starmer.

Além do uso para aquecimento e combustível, o gás natural é usado para produzir energia, tendo em 2024 representado 26,3% do total, atrás da energia eólica (30%). O comunicado da Centrica faz parte de uma campanha da empresa no sentido de receber verbas públicas para a transformação do reservatório Rough, ao largo da costa no norte do país, num depósito para guardar hidrogénio no futuro.

Encerrado pela empresa em 2017 por falta de viabilidade, o reservatório foi reativado em 2022 para aumentar o volume de armazenamento de gás na sequência da crise energética causada pela invasão russa da Ucrânia, representando cerca de metade da capacidade de armazenamento nacional britânica.

“Estamos dispostos a investir 2 mil milhões de libras do nosso próprio dinheiro na modernização e remodelação da instalação de armazenamento de gás de Rough. Sem isso, os consumidores britânicos continuarão a ter faturas de energia mais elevadas do que o necessário”, argumentou o presidente-executivo, Chris O’Shea.

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