Cresce o pessimismo em relação à economia alemã

O indicador de sentimento económico ZEW para a Alemanha registou uma queda significativa em janeiro de 2025, refletindo um crescente pessimismo entre os analistas financeiros sobre as perspetivas económicas da maioria economia europeia.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo instituto ZEW esta terça-feira, o índice caiu 5,4 pontos em janeiro face a dezembro, fixando-se agora nos 10,3 pontos. Esta descida foi mais acentuada do que o previsto pelos economistas, sinalizando um início de ano desafiante para a maior economia da Europa.

“O segundo ano consecutivo de recessão causou uma queda nas expectativas económicas na Alemanha”, refere Achim Wambach, presidente do instituto ZEW, numa declaração que acompanha os resultados da sondagem. A deterioração do sentimento económico é atribuída a vários fatores.

Achim Wambach destaca que “o ano começou com um declínio notável no indicador correspondente” e que isso “pode dever-se, entre outros fatores, aos números negativos de crescimento do PIB recentemente divulgados e ao aumento da pressão inflacionária“, diz.

Apesar da queda no indicador de sentimento de analistas e economistas, a avaliação da situação económica atual na Alemanha registou uma ligeira melhoria. O indicador correspondente subiu 2,7 pontos, situando-se agora nos -90,4 pontos. No entanto, este valor ainda reflete uma perceção amplamente negativa das condições económicas atuais.

O presidente do instituto ZEW aponta para desafios específicos que continuam a travar a economia alemã. “A falta de gastos das famílias e a procura reduzida no setor da construção continuam a estagnar a economia alemã”, refere Achim Wambach que ainda alerta para que “se estas tendências continuarem no ano corrente, a Alemanha ficará ainda mais para trás em relação aos outros países da Zona Euro.”

O cenário político também está a contribuir para a incerteza económica. “Há também uma maior incerteza política, impulsionada por um processo potencialmente difícil de formação de coligação na Alemanha e pela imprevisibilidade da política económica seguida pela nova administração Trump”, acrescenta Achim Wambach.

Em contraste com a situação alemã, o sentimento económico para a Zona Euro como um todo apresentou uma ligeira melhoria. O indicador subiu 1 ponto para 18 pontos, sugerindo que analistas e economistas estão mais otimistas relativamente ao bloco económico no seu conjunto.

Os números divulgados esta terça-feira revelam que a avaliação da situação económica atual na Zona Euro também se manteve relativamente estável, com o indicador a subir 1,2 pontos para -53,8 pontos.

Os dados do instituto ZEW sugerem que a Alemanha poderá enfrentar desafios económicos significativos em 2025, potencialmente divergindo da trajetória de recuperação de outros países da Zona Euro. A evolução da situação política interna e as políticas económicas internacionais, particularmente dos EUA, serão fatores cruciais neste comportamento.