Portugal reforça apoio a agência da ONU
Paulo Rangel indica que com este apoio de 650 mil euros, somam-se mais de 10 milhões de euros já enviados por Portugal para a agência da ONU para os refugiados palestinianos.
O Governo português reforçou no final do ano, com 650 mil euros, o apoio à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA), que Israel se prepara para suspender, anunciou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Paulo Rangel, que falava no início de uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, adiantou que, com este apoio de 650 mil euros, somam-se mais de 10 milhões de euros já enviados por Portugal para esta agência da ONU.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, este apoio ocorreu “justamente porque havia sinais” de que pode ocorrer agora “uma distribuição da ajuda humanitária muito mais efetiva”, com a implementação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, em vigor desde domingo, alcançado entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
O Governo português mantém a posição de não reconhecer o Estado da Palestina, disse também o ministro dos Negócios Estrangeiros, que destacou que o cessar-fogo em Gaza abre “uma janela de esperança” para a solução dos dois Estados.
“A posição do Governo não se alterou. Na atual conjuntura, com esta janela de esperança que foi o acordo conseguido para a libertação dos reféns e cessação das hostilidades e com a entrada massiva de ajuda humanitária, devemos manter esta posição”, afirmou em resposta ao Bloco de Esquerda.
O acordo alcançado entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, que impôs um cessar-fogo desde domingo, tem “um equilíbrio frágil”, reconheceu o ministro, mas pode ser “a base da construção de um cessar-fogo verdadeiro e depois de uma solução negociada” dos dois Estados, Israel e Palestina. Para Rangel, o reconhecimento da Palestina não se justifica “neste momento”.
“É um passo simbólico, outros reconheceram e nada aconteceu”, comentou, aludindo ao reconhecimento da Palestina por Espanha e Irlanda – dois países da União Europeia – e Noruega, no ano passado. O chefe da diplomacia portuguesa saudou, por outro lado, o aumento da entrada de ajuda humanitária em Gaza desde o início da trégua, “que passou de 18 a 20 camiões para 600 camiões por dia”, o que “pode mudar substancialmente a situação humanitária, que é catastrófica”.
Portugal não espera “impacto assinalável” de eventuais deportações dos EUA
O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou ainda que eventuais deportações de portugueses em situação irregular nos Estados Unidos não terão “um impacto assinalável”, adiantando que o Governo “está preparado” e a trabalhar em articulação com o governo dos Açores.
“Não temos previsão de que tenha um impacto assinalável, mas cá estamos, estamos sempre prevenidos”, disse Paulo Rangel, questionado pelo PS e Bloco de Esquerda sobre eventuais planos de deportação, já anunciados pelo novo Presidente norte-americano, Donald Trump.
O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que o Governo lidará com a situação “sempre em estreita articulação com o Governo regional dos Açores”, de onde são oriundos grande parte dos emigrantes portugueses nos EUA. Rangel ressalvou que “todos os anos há deportações de cidadãos portugueses e todas são tratadas com muito cuidado e atenção pelo Governo português”.
“Estamos preparados para as deportações”, afirmou. O deputado do PS e antigo secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro afirmou que a medida anunciada por Trump pode afetar 3.600 portugueses, sendo Portugal, a par da China e Espanha, um dos três países com mais overstayers, imigrantes que viajaram para os EUA com um visto de 90 dias e que excederam esse prazo.
Antes de entrar para a audição regimental, Rangel disse à imprensa que “o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através da secretaria de Estado das Comunidades, está sempre pronto para resolver as situações que venham a ocorrer e dentro dos mecanismos próprios do Direito internacional”.
“Não há nenhuma situação que indicie alarme ou uma preocupação especial”, mas o Governo mantém “uma atenção, uma vigilância maior, que será feita com todo o cuidado e diplomacia”, adiantou o ministro, que salientou: “Não antecipo nenhuma crise”. No dia seguinte à posse do republicano Donald Trump como 47.º Presidente norte-americano, Rangel destacou que “a relação com os Estados Unidos é fundamental para Portugal”.
“Queremos ter, como sempre tivemos, as melhores relações com os Estados Unidos e com a nova administração do Presidente Trump, que não é a primeira vez que é Presidente e temos já experiência de lidar com a sua administração”, comentou.
(Notícia atualizada pela última vez às 18h57)
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