Portugal e Espanha podem liderar fornecimento de energia mais rentável da Europa

Discussão promovida em Davos pela Mckinsey e empresas ibéricas, onde se inclui a EDP, identificou cinco ações-chave para capitalizar as oportunidades ibéricas na área da transição energética.

Portugal e Espanha estão numa posição privilegiada para tirar partido da transição energética na Europa e para se tornarem o fornecedor de energia mais rentável da Europa, conclui uma iniciativa promovida pela Mckinsey, que reuniu responsáveis do setor e líderes de empresas, como a EDP, num evento em Davos.

“Portugal e Espanha estão numa posição única para tirar partido da sua energia verde competitiva (20-25% mais económica do que a da Europa Central) para aumentar a competitividade da região e escalar indústrias de elevado valor, contribuindo simultaneamente para os objetivos europeus”, refere a Iniciativa Ibérica de Indústria e Transição Energética (IETI em inglês) – um esforço intersetorial destinado a acelerar a transição energética em Portugal e Espanha, liderado pela McKinsey & Company e por vários líderes da indústria.

O índice lançado pela consultora no passado mês de novembro antecipa um cenário em que o PIB da Península Ibérica pode aumentar até 15% e criar cerca de um milhão de empregos (300.000 em Portugal e 700.000 em Espanha), 20% dos quais altamente qualificados, aumentando, na região, as receitas do Estado em 5-10% e o total das exportações nacionais até 20%, caso os dois países consigam aproveitar as oportunidades colocadas na reindustrialização verde em curso.

Estas conclusões foram debatidas no âmbito da reunião anual do Fórum Económico Mundial (FEM), em Davos, promovida pela IETI e cujas propostas específicas foram apresentadas numa sessão de trabalho com Teresa Ribera, vice-presidente executiva da Comissão Europeia para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva, presidentes e CEO de vários membros da IETI como BBVA, EDP, Iberdrola, Moeve, Naturgy, Repsol e Santander, assim como sócios seniores da McKinsey.

Espanha e Portugal têm uma oportunidade extraordinária de liderar a transição energética e a competitividade da Europa, tirando partido dos seus recursos naturais abundantes, metas ambiciosas para as energias renováveis e soluções energéticas inovadoras”, disse Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, citado em comunicado.

O empresário realçou, no entanto, que “desbloquear todo o potencial deste ‘hub verde’ exigirá a simplificação dos processos de licenciamento, maiores investimentos na rede elétrica e estabilidade regulatória tanto a nível nacional como europeu. Ao abordar estas barreiras e ao agir de forma decisiva agora, podemos atrair indústrias estratégicas, impulsionar o crescimento económico e garantir um futuro sustentável para a Península Ibérica e para a Europa como um todo.”

O grupo de trabalho realçou a posição de liderança em que Portugal e Espanha estão para se tornarem o fornecedor de energia mais rentável da Europa, argumentando que “a região poderia impulsionar a expansão continental de fontes de energia renováveis competitivas, como a energia solar, a energia eólica e as baterias“.

Os dois países podem ainda reforçar a produção de biocombustíveis e de combustíveis à base de hidrogénio verde e outros combustíveis renováveis de origem não biológica (RFNBOs, sigla em inglês) para se tornarem líderes europeus, tirando partido do eficiente sistema de refinação na Península Ibérica (quartil superior na Europa), da sua localização estratégica e das infraestruturas existentes (terceira maior capacidade de refinação).

“Aproveitar a oportunidade para produzir hidrogénio verde rentável, que é 10-20% mais económico do que instalações equivalentes na Europa Central, ajudaria a Europa a atingir os objetivos de produção interna”, conclui a iniciativa.

Por outro lado, “Portugal e Espanha poderiam aproveitar os seus recursos naturais, infraestruturas e talentos para apoiar centros de dados eficientes do ponto de vista energético, tornando a região uma localização atrativa para as empresas tecnológicas que pretendem dispor de infraestruturas digitais com baixo teor de carbono”.

A região pode também apoiar a transição para os veículos elétricos (VE) com um fornecimento sustentável de baterias, promovendo cadeias de valor locais e salvaguardando fontes de valor a montante. Além disso, Portugal e Espanha podem acelerar a produção de combustíveis sustentáveis para todos os meios de transporte, utilizando matérias-primas renováveis e criando cadeias de valor locais, mantendo simultaneamente a relevância industrial e o emprego, conclui a iniciativa promovida pela McKinsey.

A IETI identificou cinco ações-chave para capitalizar estas oportunidades, impulsionando a competitividade de Espanha e Portugal e apoiando os objetivos europeus:

  • Implementar sistemas de incentivos eficazes para colmatar a diferença de competitividade de custos entre as soluções ecológicas e as alternativas baseadas em combustíveis fósseis;
  • Fornecer quadros regulatórios eficazes e estáveis para garantir a previsibilidade e a solidez dos projetos, incluindo a implementação de mecanismos de remuneração por capacidade e a formalização de processos para pedidos de ligação à rede;
  • Reduzir os encargos administrativos e encurtar os processos de licenciamento para minimizar os longos períodos de licenciamento, tais como a transposição rápida para o licenciamento de Fim do Estatuto de Resíduo (FER);
  • Desenvolver casos de projetos sólidos para garantir esquemas de financiamento robustos e estáveis;
  • Implementar urgentemente e de forma eficiente a expansão da rede, e melhorar o planeamento a longo prazo para garantir uma adoção coordenada entre os projetos e o aumento da eletrificação.

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