Bancarrota em Moçambique. Governo volta a falhar pagamento de juros
Maputo avisou os credores que não tem capacidade para honrar os seus compromissos. Vai falhar pagamento de juros de uma linha de 726 milhões de dólares emitida no ano passado.
O Governo de Moçambique avisou os credores internacionais que vai falhar mais um pagamento da prestação sobre os 726,5 milhões de dólares que emitiu no ano passado, entrando mais uma vez em incumprimento financeiro.
“O Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique deseja informar os detentores dos títulos de dívida de 726,5 milhões de dólares, a 10,5%, com maturidade em 2023 emitidos pela República de Moçambique, que o próximo pagamento de juros, que é devido a 18 de julho de 2017, não será feito“, lê-se numa nota em inglês colocada no portal daquele departamento governamental na Internet.
O comunicado lembra que, “conforme foi afirmado pelo ministro da Economia e Finanças durante a apresentação aos investidores em Londres a 25 de outubro, e reiterado pelos comunicados de 14 de novembro de 2016 e 16 de janeiro de 2017, a desafiante situação macroeconómica e orçamental afetou severamente as finanças públicas do país”.
Assim, continua o comunicado, “a capacidade de pagamento das dívidas da República continua extremamente limitada em 2017, e não dá espaço à República para realizar os pagamentos de juros sobre os títulos de dívida”.
"O Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique deseja informar os detentores dos títulos de dívida de 726,5 milhões de dólares, a 10,5%, com maturidade em 2023 emitidos pela República de Moçambique, que o próximo pagamento de juros, que é devido a 18 de julho de 2017, não será feito.”
O escândalo das dívidas ocultas rebentou em abril de 2016 – a dívida de 850 milhões de dólares da Ematum era conhecida, mas não os 622 milhões da Proindicus e os 535 da MAM – e atirou Moçambique para uma crise sem precedentes nas últimas décadas.
Os parceiros internacionais suspenderem apoios, a moeda desvalorizou a pique e a inflação subiu até 25% em 2016, agravando a vida naquele que é um dos países mais pobres do mundo.
O reatamento das ajudas internacionais ficou dependente da realização desta auditoria independente às dívidas, cujo sumário executivo foi distribuído pela PGR e sobre o qual se aguardam agora as reações dos parceiros.
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