IA revitaliza seguros, mas pode prejudicar decisões dos consumidores
Relatório da EIOPA revela que os portugueses confiam mais nas seguradoras que a média europeia, mas a situação é inversa quanto à boa relação custo-benefício do seu produto individual de reforma.
Os consumidores portugueses estão ligeiramente abaixo da média da União Europeia (UE) quanto à confiança na boa relação custo-benefício do seu produto individual de reforma. A situação é inversa quanto aos produtos de investimento com base em seguros.
Segundo o Eurobarómetro de 2024 da EIOPA que apresenta dados de Portugal, 47% dos consumidores portugueses consideram que os seus produtos individuais de reforma oferecem um bom equilíbrio entre custo e benefício, enquanto a média europeia é de 50%.
No caso dos produtos de investimento com base em seguros, 51% dos portugueses avaliam positivamente a relação entre custo e benefício, superando a média europeia, que se situa nos 45%. Já nos seguros de habitação, a confiança nesse equilíbrio é ainda maior, alcançando 66% entre os consumidores portugueses e 68% entre os europeus.
Quanto à confiança nas seguradoras os portugueses confiam mais que a média dos europeus nas empresas para garantir um tratamento justo dos consumidores, com 56% a revelar confiar nas seguradoras contra 50% dos europeus.
Preço e desconhecimento afasta portugueses dos seguros
De acordo com os dados, 15% dos consumidores portugueses não compraram ou renovaram o seguro de habitação devido aos custos elevados, enquanto 21% enfrentaram dificuldades semelhantes com produtos individuais de reforma e 20% com produtos de investimento ou poupança.
A complexidade dos produtos também foi um fator de impedimento, levando 12% dos consumidores portugueses a não investir em produtos individuais de reforma e 12% a evitar produtos de investimento por falta de compreensão.
Portugueses abaixo da média europeia na subscrição produtos complementares à reforma
Apenas 42% dos consumidores da UE estão confiantes de que terão dinheiro suficiente para viver confortavelmente durante a reforma. Uma das formas para ter um rendimento extra é subscrever a produtos complementares à reforma. No entanto, os dados da EIOPA mostram que apenas 7% dos consumidores portugueses afirmam ser titulares de um plano de pensões profissionais e 6% possuem um produto individual de reforma, revela a ASF. Estes valores são bastante inferiores à média europeia que se situam em 20% e 18%, respetivamente.
Seguradoras abraçam IA para modernizar
O regulador indica que a utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) têm vindo a tornar os processos de gestão de sinistros mais rápidos e melhoram a experiência do consumidor. Não obstante, persistem receios quanto aos seus efeitos. O regulador revela preocupações quanto aos “riscos e a má tomada de decisões decorrentes da utilização de IA generativa, devido, por exemplo, a apoio inadequado ou compreensão limitada de situações específicas ou não padronizadas dos consumidores.”.
A EIOPA verificou que há cada vez mais consumidores que recorrem a ferramentas online para comparar produtos de seguros e pensões e para adquiri-los.
Por um lado, a digitalização permite que se compare mais facilmente os produtos e uma gestão de sinistros mais rápida. A maioria dos consumidores portugueses (60%) e europeus (52%) considera que o processo de reclamação é mais fácil e rápido devido aos processos automatizados online.
Por outro lado, surgem também novos riscos e amplificam-se os já existentes, como “a ausência de aconselhamento adequado e a utilização de técnicas de venda indevidas”. “O relatório sinaliza também o risco de exclusão digital, em particular dos consumidores de faixas etárias mais avançadas.”, indica a ASF.
Segundo o relatório, 15% dos consumidores portugueses (e 17% europeus) consideram que os dados pessoais que lhes foi solicitado quando adquiriram seguros online não eram necessários. Há ainda 26% dos consumidores portugueses (e 24% europeus) que não confiam nas seguradoras para recolher e utilizar os seus dados pessoais de forma ética.
Para chegar a estas conclusões foram conduzidas 25.951 entrevistas a cidadãos da União Europeia, destes, 1.013 eram cidadãos de Portugal. O trabalho de campo foi realizado entre 17 de julho de 2024 e 25 do mesmo mês.
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