UE não pode preencher “vazio” deixado pelos EUA nas organizações, diz Kallas
Kallas não acredita que a UE possa "preencher o vazio deixado pelos EUA" nas organizações multilaterais, mas quer fazer o possível "em áreas que também são de interesse estratégico".
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou esta sexta-feira que os 27 têm “muitas possibilidades nestes tempos turbulentos”, lamentando, porém, que não possam preencher o vazio que os Estados Unidos estão a deixar nas organizações internacionais.
“No que diz respeito às organizações multilaterais, não creio que possamos preencher o vazio deixado pelos Estados Unidos, mas queremos fazer o que pudermos em áreas que também são de interesse estratégico para nós”, afirmou Kallas num painel na Conferência de Segurança de Munique.
Kaja Kallas disse que a Europa procura “formas de atuar” e “aumentar o poder geopolítico”, garantindo que a união Europeia (UE) “tem muitas possibilidades nestes tempos turbulentos”, porque é “o parceiro fiável que todos procuram”. Salientou ainda que muitos países e organizações “estão atrás das portas” da UE.
“Acredito sinceramente que a UE tem a oportunidade de estar presente, de ser visível e de hastear a bandeira europeia nas relações com outros países, porque somos um parceiro fiável e previsível”, argumentou.
Por seu lado, o Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou para o facto de o mundo estar a atravessar “uma mudança muito profunda” que atinge o núcleo de “todos os instrumentos de direitos humanos” que a sociedade internacional desenvolveu desde o final da Segunda Guerra Mundial, como a carta fundadora das próprias Nações Unidas.
“Há ataques diretos contra as instituições internacionais, contra o sistema penal internacional, contra funcionários, de uma forma que nunca vimos antes”, notou Türk na sua intervenção, referindo-se ao recente decreto do Presidente dos EUA, Donald Trump, que sanciona o Tribunal Penal Internacional (TPI) pelas suas ações contra os norte-americanos e os seus aliados, como Israel.
“Não nos podemos dar a esse luxo, porque se estas instituições, que pretendem ser salvaguardas, forem enfraquecidas, tudo fica enfraquecido”, alertou.
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