Draghi mantém taxa. Estímulos podem ir além de dezembro

  • Rita Atalaia
  • 20 Julho 2017

O conselho de governadores liderado por Mario Draghi manteve a taxa de juro nos 0%. Uma decisão que era esperada pelos mercados. Analistas procuram agora pistas sobre o futuro da política monetária.

O conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) deixou inalterada a taxa de juro diretora na Zona Euro, uma decisão amplamente esperada pelos analistas. Decidiu também manter a dimensão atual do programa de estímulos económicos, que prevê a compra de 60 mil milhões de euros de ativos por mês. E reitera que o programa pode ir além de dezembro.

Os responsáveis de política monetária do espaço do euro mantiveram a taxa de juro de referência do espaço do euro nos 0%, um mínimo histórico fixado em março de 2016. O BCE prevê que a taxa se mantenha neste nível bem depois do fim do programa de estímulos, reiterando que as compras de dívida podem continuar além de dezembro “se as perspetivas piorarem”.

O foco vira-se agora para as declarações de Mario Draghi, que realizará uma conferência de imprensa às 13h30. Os investidores vão tentar “encontrar indícios sobre quando esta instituição irá iniciar o processo de normalização da sua política monetária. Esta normalização deverá assentar essencialmente em dois eixos: diminuição progressiva do programa de compra de ativos e a subida gradual das taxas de juro”, afirmam os analistas do BPI.

Isto depois de as declarações de Mario Draghi numa conferência em Sintra terem acabado por causar alguma confusão. O presidente do banco central abriu a porta a ajustamentos da política — como uma redução do programa de compra de obrigações — o que surpreendeu os investidores e levou o euro a valorizar para máximos de um ano. “A reunião desta quinta-feira é a oportunidade perfeita para acalmar o mercado, se for esse o desejo do BCE”, afirma o analista do Société Générale Kenneth Broux.

Foi nessa conferência que o presidente do BCE disse estar “confiante” de que as políticas do BCE vão permitir uma recuperação das pressões inflacionistas na Zona Euro. Mas, em junho, os preços voltaram a cair para os 1,3%. Na decisão desta quinta-feira, o BCE realça que o alívio monetário vai “manter-se até a inflação alcançar um caminho sustentado”.

"Os investidores irão tentar encontrar indícios sobre quando esta instituição irá iniciar o processo de normalização da sua política monetária. Esta normalização deverá assentar essencialmente em dois eixos: diminuição progressiva do programa de compra de ativos e a subida gradual das taxas de juro.”

Analistas do BPI

O presidente do BCE terá de ser muito cauteloso no seu discurso. Draghi tem de conseguir encontrar um equilíbrio entre o otimismo em torno da recuperação da Zona Euro e o objetivo de sair o mais lentamente possível da política de estímulo monetário. Se soar demasiado otimista, os traders podem levar as yields das obrigações a subirem demasiado. Se, pelo contrário, soar demasiado pessimista, terá de reajustar as expectativas caso os responsáveis queiram anunciar quaisquer alterações na próxima reunião, em setembro.

O BCE tem de preparar o mercado para a saída dos estímulos sem cometer os “erros que a Reserva Federal dos EUA cometeu em 2013. Numa série de intervenções contraditórias, esta instituição semeou uma confusão entre os investidores — em vez de suavizar a reação dos mercados à perspetiva de uma normalização da política monetária, as declarações da Fed geraram uma forte volatilidade no mercado da dívida que rapidamente se propagou aos mercados cambial e acionista”, relembram os analistas do BPI.

(Atualizado às 12h56 com mais detalhes)

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