Air France-KLM interessada na TAP apesar da crise política, mas CEO pede “visibilidade rapidamente”

Atraso com crise política não arrefece interesse do grupo franco-neerlandês na TAP, mas CEO diz que gostaria de ver garantida a estabilidade para avançar com compra de participação.

A Air France-KLM mantém o interesse na privatização da TAP e não vê um eventual atraso de seis a 12 meses provocado pela crise política como “material”, afirmou esta quinta-feira Ben Smith, CEO do grupo franco-neerlandês, pedindo no entanto “visibilidade rapidamente” e “estabilidade” para poder avançar com o negócio.

A Air France-KLM está na corrida pela privatização da TAP, a par da alemã Lufthansa e o grupo IAG, composto pela Iberia e a British Airways.

Em conferência de imprensa, questionado pelo ECO sobre um eventual atraso e arrefecimento do interesse na privatização, Ben Smith começou por responder que o grupo conhece muito bem o status quo do processo. “Se tivermos de viver seis, 12, 18, 24 meses [de atraso], não vejo que isso altere o nosso negócio”.

Continuando em modo de pergunta e auto-resposta o CEO disse: “Será que vamos desenvolver rotas de uma forma diferente porque não somos parceiros e não temos uma participação na TAP? Não vejo que isso aconteça de forma significativa.”

Sublinhou que, “portanto, o facto de poder haver um atraso de seis ou 12 meses” não “parece que seja material“.

Adiantou, contudo: “Gostaríamos de ter visibilidade o mais rapidamente possível, é uma parte importante da nossa rede, mas estamos a acompanhar o processo e esperamos ter estabilidade para podermos avançar.”

Na semana passada, Smith afirmou, durante a visita do presidente francês Emmanuel Macron a Portugal, que a Air France-KLM “está pronta para apresentar o seu projeto no âmbito do processo de privatização da TAP, que estamos a acompanhar há bastante tempo”.

O Governo português na quarta-feira sobreviveu uma segunda moção de censura no Parlamento focada na empresa familiar do primeiro-ministro Luís Montenegro, mas apresentou uma moção de confiança, que deverá também ser chumbada, enviando o país para eleições legislativas antecipadas que, segundo o Presidente da República, poderão ter lugar a 11 ou 18 de maio.

Marca, rede e empregos são para manter

Durante a visita de Estado na semana passada Macron sublinhou desejar “que a Air France e a TAP encontrem uma forma inovadora de casamento”.

Esta quinta-feira, Ben Smith foi questionado sobre como esse matrimónio se poderia materializar e se falou com membros do Governo durante a visita.

“Sim, falámos com muitas pessoas, muitas pessoas do governo português e penso que o que é importante, e o que estamos a ouvir deles, é a garantia de que a marca se manterá, que a rede para os mercados importantes, em particular para a América Latina, será mantida e reforçada e que os empregos qualificados que existem hoje em Portugal e o desenvolvimento de competências e de combustíveis sustentáveis serão incluídos nos planos de desenvolvimento futuro da TAP”, explicou.

“Nós temos experiência com isso, quando o grupo foi criado, havia garantias semelhantes, as mesmas preocupações que o Estado tinha”, sublinhou o CEO. “O facto de ser importante, para nós não faz sentido, mas podemos compreender politicamente esse tipo de garantias“.

Ben Smith vincou que “uma das coisas que mais nos interessa na TAP é a marca e a rede, e claro, se tivermos uma força de trabalho qualificada já instalada, é muito mais fácil para nós do que tentar recrutar novas pessoas”.

“Portanto, estas três preocupações podem ser facilmente satisfeitas e estão perfeitamente alinhadas com os nossos planos”, concluiu.

(Notícia atualizada às 12h10)

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