Montenegro avança como candidato a primeiro-ministro mesmo se for constituído arguido

Primeiro-ministro diz que não cometeu nenhum crime e não se demite. Na entrevista, Montenegro revelou ainda uma mais-valia de 200 mil euros com a venda de ações do BCP.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta segunda-feira que continuará a ser candidato às legislativas mesmo que seja constituído arguido e reiterou que não cometeu nenhum crime. “Avanço com certeza“, disse o chefe do Governo em entrevista à TVI/CNN, quando questionado sobre se manteria a candidatura a primeiro-ministro caso a Justiça o constituísse arguido.

A menos de 24 horas do debate e votação da moção de confiança no Parlamento, com chumbo anunciado e que deverá levar a eleições antecipadas, Luís Montenegro garantiu que não cometeu qualquer ilegalidade. “Tenho a convicção plena que não cometi nenhum crime. Até à data ainda ninguém me imputou nenhum crime“, afirmou.

Embora reconheça que a situação “não é agradável”, vincou: “Não me demito, porque não tenho razões para me demitir“. O chefe de Governo admite, no entanto, que cometeu “alguns erros na comunicação”.

“É muito duro quando se fazem imputações e insinuações e se lançam acusações como as que têm recaído sobre mim nos últimos dias e semanas e que ainda por cima se transmitem para a família”, disse.

Luís Montenegro revelou que irá convocar esta semana o Conselho Nacional do PSD, mas entende que tem condições para continuar a liderar o partido. “Só quero estar à frente do PSD se o PSD quiser. Todos os elementos que disponho é que é essa a vontade do PSD”, disse, acrescentando que “não há a ninguém” a levantar a questão da liderança.

Montenegro revela mais-valia de 200 mil euros com venda de ações do BCP

Luís Montenegro revelou ainda que obteve uma mais-valia de cerca de 200 mil euros com a venda de ações do BCP uma semana antes de ter tomado posse como primeiro-ministro, em abril do ano passado. Mas contou que, apesar dos ganhos, foi um “investimento muito sofrido” ao longo de mais de uma década em que teve as ações.

“Entendi que, apesar de [o investimento] vir desde 1998, como primeiro-ministro, não devia ter ações de uma entidade cotada na bolsa. Se não tivesse vendido essas ações, elas teriam valorizado três vezes mais”, explicou o líder do Executivo.

Montenegro começou por investir em ações no Banco Português do Atlântico em 1998, “ainda era solteiro” e com recurso a um empréstimo bancário a cinco anos. Essas ações foram depois convertidas em ações do BCP em 2000 devido à fusão dos dois bancos. “Andei com as ações durante muito tempo até que um dia vendi com uma mais-valia razoável. Mais tarde acabei por fazer uma asneira que foi retomar a compra de ações do BCP. Isso está em todas as minhas declarações no Tribunal Constitucional”, adiantou.

Recordou que foi um “investimento muito sofrido” nos últimos 10-12 anos porque estava com perdas potenciais. E num dos últimos aumentos de capital decidiu comprar o equivalente ao que já detinha para, segundo explicou, “tentar baixar o preço médio das aquisições para recuperar a poupança que estava ali acumulada”.

Há cerca de um ano, uma semana antes de tomar posse como primeiro-ministro, desfez-se das ações. Se as tivesse mantido, poderia vendê-las hoje com um lucro bem superior devido à forte valorização do banco nos últimos anos.

No final da entrevista, o primeiro-ministro confirmou ainda que pagou 250 euros por noite no hotel de cinco estrelas Epic Sana, com o qual fez um acordo, enquanto decorriam as obras no seu novo apartamento na Lapa, Lisboa. “Achei que tinha direito a uma vida mais recatada. Fui eu que paguei”, rematou, antes de adiantar que agora vive na residência oficial em São Bento.

(Notícia atualizada às 21h49)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Montenegro avança como candidato a primeiro-ministro mesmo se for constituído arguido

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião