Von der Leyen defende que “tempo das ilusões acabou” e apela UE a investir na Defesa

  • Lusa
  • 11 Março 2025

A UE "é chamada a ir mais longe no que diz respeito à sua própria segurança. Não no futuro distante, hoje [...], precisamos de uma Defesa europeia e precisamos dela hoje”, disse a líder da Comissão.

A presidente da Comissão Europeia alertou esta terça-feira que o “tempo das ilusões acabou” e que, perante uma Rússia que investe mais em Defesa do que toda a Europa, o bloco comunitário tem de ser responsável pela sua segurança.

“A ordem securitária europeia estremeceu e muitas das nossas ilusões desmoronaram. Depois do final da Guerra Fria, muitos acreditavam que a Rússia podia ser integrada na arquitetura económica e securitária da Europa […], o tempo das ilusões acabou”, disse Ursula von der Leyen, perante o Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, em França.

A presidente do Executivo comunitário acrescentou que já não é possível “confiar na proteção total” dos Estados Unidos: “Baixámos a nossa guarda.”

“Cortámos no nosso investimento em Defesa, que era de cerca de 3% [do Produto Interno Bruto] para menos de metade disso. Pensámos que estávamos a viver um dividendo de paz. Na realidade, só estávamos a viver um défice de segurança”, considerou.

A presidente da Comissão Europeia — antiga ministra da Defesa da Alemanha — defendeu que a UE “é chamada a ir mais longe no que diz respeito à sua própria segurança”. “Não no futuro distante, hoje […], precisamos de uma Defesa europeia e precisamos dela hoje”, sublinhou.

Ursula von der Leyen enunciou a estratégia apresentada na semana passada pela Comissão Europeia e discutida na reunião extraordinária do Conselho Europeu, inteiramente dedicada ao reforço da Defesa da UE, nomeadamente o “REARMAR a Europa”, “que permitirá a mobilização de até 800 mil milhões de euros”.

O objetivo, para a presidente da Comissão Europeia, é colmatar o que disse ser uma discrepância no investimento em Defesa, em comparação com o Moscovo gasta nesta área: “Hoje, o investimento é de pouco mais de 2% do PIB em Defesa. Todas as análises apontam que precisamos de ir além dos 3%.”

Costa pede reforço da Defesa na UE perante “enorme pressão”

Também esta terça-feira, o presidente do Conselho Europeu advertiu que, perante a “enorme pressão” sobre o multilateralismo, a União Europeia (UE) tem de perceber as “implicações mais abrangentes” para a segurança do conflito na Ucrânia, exortando ao reforço do investimento em Defesa.

“As tensões geopolíticas aumentaram nas últimas semanas, o multilateralismo está sob enorme pressão, assim como as regras sobre as quais estava construída a ordem internacional”, disse António Costa, no Parlamento Europeu.

A guerra na Ucrânia, desencadeada há três anos por uma invasão da Rússia, tem “implicações mais abrangentes para a Europa e para a segurança internacional”, acrescentou o presidente do Conselho Europeu.

“Estamos a colocar as nossas ações onde havíamos depositado as nossas palavras, a fazer aquilo que tínhamos prometido”, disse o ex-primeiro-ministro de Portugal perante os eurodeputados, reunidos em sessão plenária.

Com uma visão menos fatalista do que a da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tinha feito a sua intervenção minutos antes, António Costa considerou positivo que nos últimos três anos o investimento em defesa dos países da UE “tenha aumentado em cerca de 30%”, referindo que, no mesmo período, “em média os 23 Estados-membros da UE que estão na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] alcançaram os 2% [de investimento em defesa] do Produto Interno Bruto”.

Precisamos de ir mais longe”, advertiu.

Enquanto era primeiro-ministro, os governos de António Costa não atingiram os 2% do PIB em Defesa. O atual Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, espera alcançar essa percentagem em 2029, antecipando em um ano a meta do anterior Executivo socialista.

António Costa apresentou o caderno de encargos para os próximos anos, de modo a reforçar a defesa da UE: “Sistemas de defesa antiaérea e contra mísseis, sistemas de artilharia, mísseis e munições, ‘drones’ [veículos aéreos sem tripulação] e sistemas para combatê-los, mobilidade militar, inteligência artificial para a guerra cibernética e eletrónica”.

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