Sindicato de pilotos da Portugália avança com greve a tempo parcial
Tentativa de última hora para acordo com a administração da TAP não permitiu travar a paralisação. Informação da ANA sobre partidas aponta para perturbação muito limitada.
A greve a tempo parcial na Portugália, convocada pelo Sindicato dos Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA), avança a partir desta quarta-feira, depois de falhada uma última tentativa da parte da administração para evitar a paralisação, que decorre até 27 de março.
“Na terça-feira à tarde teve lugar uma reunião com a administração, numa última tentativa de evitar/adiar a greve. Não houve acordo com a empresa e a greve vai avançar“, respondeu ao ECO a direção do SIPLA.
Uma consulta à informação online disponibilizada pela ANA aponta, por ora, para um impacto limitado esta quarta-feira. Há dois voos cancelados esta manhã, um com destino a Lyon e outro a Madrid. A partir do Porto saíram todos os voos.
Na véspera, a direção do SIPLA afirmou que “o impacto na operação já está a ser grande, na medida em que vários voos dos dois primeiros dias já tiveram alterações de horários, sobrepondo-se a horários de outros voos, levando já a cancelamentos”.
Na origem da greve está o descontentamento dos pilotos da Portugália com as alterações ao Regulamento do Recurso à Contratação Externa (RRCE), que obriga a TAP a indemnizar os seus pilotos caso ultrapasse o limite de contratação de voos de outras companhias, incluindo a Portugália.
A companhia aérea teve de pagar cerca de 60 milhões aos pilotos em indemnizações no ano passado e como contrapartida pela alteração do RRCE, que elevou o limite para 20% das horas voadas, mas manteve a Portugália como uma transportadora externa, estatuto que não se altera mesmo com a já anunciada aquisição pela TAP SA.
Na aprovação do pré-aviso, o SIPLA argumentou que a paralisação visa “salvaguardar os postos de trabalho hoje em risco iminente”, já que “temem pelo futuro da empresa” que atualmente emprega 900 trabalhadores. O sindicado reclama que o limite à contratação externa passe para 25% e quer suprimir “suprimir o impedimento a que a Portugália tenha no seu COA [certificado de operador de transporte aéreo] outras aeronaves além das que existem atualmente, o que culminaria na sua extinção quando estas chegassem ao seu fim de vida”.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) emitiu na terça-feira um comunicado onde considera que a greve “é desprovida de razão quanto ao seu objeto, bem como inoportuna, especialmente num momento em que a TAP se encontra num processo de privatização”, mas diz “reconhecer que a incerteza quanto ao futuro gera legítimas preocupações”, com as quais é solidário.
Deixa também uma ameaça à administração da companhia aérea: “caso a TAP decida atender a reivindicações que sejam contrárias aos interesses dos nossos Pilotos, garantimos que os cerca de 1400 Pilotos associados do SPAC, neste Grupo de Empresas, irão tomar as ações que julgarem adequadas”.
O ECO questionou a TAP sobre as implicações da greve convocada pelo SIPLA, mas até ao momento não teve resposta.
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