O CEO da Via Verde afirma que o objetivo da empresa é juntar mais modos de transporte à 'app'. No parqueamento está em testes um novo serviço que diz a probabilidade de se encontrar um lugar.
Na aplicação da Via Verde já é possível adquirir títulos de transporte da Carris e a empresa está em conversações com o Metro de Lisboa, afirma Eduardo Ramos, CEO da empresa, em entrevista ao ECO.
“A ideia é o Metro juntar-se o mais depressa possível, se possível ainda este ano“, diz o gestor, acrescentando que a breve prazo será feito o lançamento público da parceria com o Andante para a Área Metropolitana do Porto.
A empresa vai continuar a aumentar a oferta de serviços, reforçando a aplicação da Via Verde como um centro de mobilidade para os utilizadores. Em piloto está já uma funcionalidade que permite saber a probabilidade de encontrar estacionamento na zona da cidade para onde o condutor pretende se dirigir.
Eduardo Ramos afirma que o identificador que é colocado no carro para a cobrança de portagens ou entrar em parques deixará de existir. “O identificador que temos hoje, aquela caixinha branca que cada vez é mais pequenina, vai desaparecer. (…) Os próprios carros vão incorporá-lo de alguma forma”, antecipa.
O gestor rejeita que a elevada quota da Via Verde na cobrança de portagens seja um entrave à concorrência. “Refutamos totalmente isso. Toda a gente pode entrar no mercado, temos muitos players a trabalhar no mercado, internacionais, em pesados”, reage.
Em Lisboa já têm uma parceria com a Carris para a comercialização de títulos de transporte na aplicação da Via Verde. O objetivo passa por juntar também o Metro de Lisboa?
É. A ideia é termos cada vez mais acesso a outros modos de transporte público. São sempre conversas que demoram o seu tempo.
Mas estas conversas com o Metro de Lisboa já estão a decorrer?
Já estão a decorrer, para juntar outros modos de transporte. As conversas com a Carris foram mais céleres, mas estamos noutras conversas com outros modos de transporte.
A ideia é juntar o Metro ainda este ano?
A ideia é o Metro juntar-se o mais depressa possível, se possível ainda este ano. Estamos a trabalhar para isso.
Outros parceiros além do Metro de Lisboa?
O Metro e a Carris são os mais importantes em Lisboa, sem dúvida. Estamos também a trabalhar com a área Metropolitana do Porto.
Mas no Porto já estão com o Andante?
Estamos a trabalhar com o Andante e a breve prazo vamos anunciar essa parceria. Estamos a concluir os trabalhos para conseguirmos fazer o lançamento público.
Lançámos recentemente um piloto, que está em teste para alguns clientes, em que no nosso Estacionar [aplicação da Via Verde] os clientes veem a probabilidade que têm de estacionar em determinadas zonas.
E no parqueamento, qual vai ser a estratégia?
Além do parqueamento como serviço base, é conseguirmos dar mais conveniência e mais serviço, e já estamos com alguns pilotos nesse sentido. Exemplo: probabilidade de estacionamento. Lançámos recentemente um piloto, que está em teste para alguns clientes, em que no nosso Estacionar [aplicação da Via Verde] os clientes veem a probabilidade que têm de estacionar em determinadas zonas. Através do digital, de ferramentas muito ligadas ao nosso telemóvel, e à ligação do telemóvel com o carro, perceber qual é que é a probabilidade parar estacionar na zona X, Y e Z. Começar a dar mais serviço associado a uma funcionalidade relativamente básica, mas que é sempre uma dor. Estacionar é sempre chato.
Isso já recorrendo a inteligência artificial.
Já recorrendo a nova tecnologia e às nossas equipas de inovação, que começam mais uma vez a dar mais funcionalidades àquilo que já oferecemos.
A Via Verde criou recentemente a Via Verde Pay, uma instituição de pagamentos que passa a ser responsável pelos débitos aos seus utilizadores a partir de 1 de abril. Porquê a criação desta entidade?
A primeira razão tem a ver com uma questão de compliance. A Via Verde processa muitas transações por dia, por mês, por ano. Era fundamental termos o nosso compliance correto e foi isso que, de facto, iniciámos com o Banco de Portugal há uns anos e tivemos a licença recentemente. Naturalmente que os nossos clientes hoje têm também acesso a débito direto, o que é uma forma de pagamento bastante mais cómoda. E temos aqui opções adicionais de crescimento que podemos eventualmente explorar no futuro. Ainda não pensámos suficientemente sobre elas, confesso. É importante também para as nossas operações internacionais na Europa.

Opções nesta área dos pagamentos?
De pagamento ligadas à mobilidade.
Isto também permite poupar comissões?
Temos aqui também um caminho de eficiência no nosso P&L [conta de resultados], que é importante para a nossa sustentabilidade financeira e resposta aos nossos acionistas.
O identificador que temos hoje, aquela caixinha branca que cada vez é mais pequenina, vai desaparecer.
A estratégia da Via Verde na cobrança de portagens passa pela subscrição do serviço em vez do pagamento à cabeça do identificador. O objetivo é fazer a transição de todos os clientes para este modelo de subscrição?
Em 2021, defendemos esse modelo, continuamos a defender, por uma razão: a manutenção que temos de todas as ferramentas que estão ao dispor dos nossos clientes não se coaduna com um pagamento à cabeça de um determinado montante. Teria que ser muito maior do que aquilo que era no passado, e depois o não pagamento de nada daí para a frente. E, de facto, o modelo não era sustentável e não é sustentável em nenhuma empresa deste género. O modelo mais sustentável é existir algum pagamento pela funcionalidade básica, e básica é o pagamento de portagens, e depois por funcionalidades adicionais que existam a partir daí. E porquê? O ecossistema digital exige muito das empresas, muitos recursos, muito investimento, muita manutenção anual. E o identificador é uma peça disso. O identificador que temos hoje, aquela caixinha branca que cada vez é mais pequenina, vai desaparecer. Continuar a ser muito eficiente e uma tecnologia muito eficaz.
Vai desaparecer porque a cobrança vai ser por satélite?
Por satélite, por matrícula, vai desaparecer naturalmente. Os próprios carros vão incorporá-lo de alguma forma. Repare, ele era bastante grande, se se recorda. Foi diminuindo e é cada vez mais pequenino e há de desaparecer. Não sabemos dizer quando, se é daqui a cinco anos…Começamos a migrar cada vez mais para ferramentas digitais. Os nossos clientes muitas vezes nem se lembram que têm ali a caixinha branca. Eles interagem é com o digital, com o Estacionar, com os parques quando entram. Tudo isso exige imenso investimento. O modelo de subscrição é o único que permite que seja sustentável continuarmos a servir os nossos clientes e continuarmos a inovar. Sem isso é impossível.
Essa transição tem motivado queixas de clientes?
Obviamente, no início, houve um conjunto de iniciativas. Tivemos que promover e tivemos que explicar e explicaremos sempre que for necessário a todos os clientes. Mas não tivemos praticamente saídas. Tivemos clientes que obviamente nos abandonaram porque não estavam de acordo. É natural, mas a percentagem foi muito, muito reduzida.
A tendência será para o preço dessa subscrição ir subindo nos próximos anos?
Sobretudo pela inflação. O pacote base tem uma tendência natural para acompanhar o valor da portagem, porque é intrinsecamente ligado ao valor das portagens e é isso que tem acontecido. Estava em 50 cêntimos, hoje está em 53 cêntimos, salvo erro. E o outro vai subindo com a inflação.
A DECO já manifestou no passado preocupação pelo facto de a Via Verde ter uma quota de mercado quase monopolista. Como é que vê essas críticas?
Falamos com a DECO recorrentemente. Refutamos totalmente isto. Toda a gente pode entrar no mercado, temos muitos players a trabalhar no mercado, internacionais, em pesados. Temos outras ofertas no mercado. Nós temos, de facto, uma posição relevante.
Qual é a quota neste momento?
Não lhe sei dizer ao certo, mas temos uma quota muito relevante. Fomos os primeiros a começar, fomos sempre muito competitivos, inovámos sempre muito ao longo dos anos. Não somos só competitivos aqui, somos muito competitivos também fora daqui. Temos uma posição bastante relevante no mercado e, obviamente, acolhemos que outros entrem, e outros entram e trabalham diretamente connosco, e outros não trabalham connosco.
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Via Verde negoceia com Metro de Lisboa compra de bilhetes através da sua aplicação
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