Consórcio da fileira do têxtil já executou 50% dos investimentos do PRR

Setor diz que ainda há "desafios" e pede que se acelere execução do PRR, dando uma resposta rápida a pedidos de ajustes e garantindo o pagamento atempado dos incentivos.

César Araújo, CEO da Calvelex.Ricardo Castelo

A fileira do setor têxtil e do vestuário já executou 50% dos investimentos do projeto Lusitano, uma agenda que contempla um investimento de 111,5 milhões de euros e é liderada pela Nau Verde, Calvelex, Paulo de Oliveira, Polopiqué, Riopele e Twintex. Com os projetos a entrarem na reta final de execução, o setor pede que as entidades acelerem a execução do PRR, concluindo com rapidez os pedidos de ajustes e assegurando o pagamento atempado dos incentivos.

A nossa indústria será pioneira na verticalização de uma cadeia de abastecimento sustentável, amiga do ambiente e irá projetar Portugal globalmente“, sintetizou César Araújo, CEO da Calvelex, na apresentação dos resultados intermédios do Projeto LUSITANO, que decorreu esta segunda-feira na Polopiqué.

O empresário destacou que o investimento desenvolvido no âmbito desta agenda mobilizadora – que conta com a participação de 11 empresas, cinco universidades e centros de I&D e uma associação – vai gerar “um contributo inegável para o crescimento dos dois setores; um impacto socioeconómico positivo; um reforço da qualificação dos trabalhadores; e o desenvolvimento regional em várias zonas do país”.

“Dado o curto horizonte temporal e a ambição do PRR, é crucial que todas as entidades envolvidas acelerem a sua execução para garantir o cumprimento dos objetivos”, apelou César Araújo. O CEO da Calvelex recordou que, “numa altura em que estamos a entrar na reta final da execução das Agendas Mobilizadoras, e não obstante os esforços promovidos, existem ainda vários desafios a ultrapassar”.

Face a estes constrangimentos, nomeadamente de calendário, o representante do setor deixou um apelo à estrutura de missão Recuperar Portugal e ao IAPMEI, para que “seja concluída com brevidade a análise dos pedidos de ajuste submetidos pelas agendas mobilizadoras; se assegure “uma análise célere aos pedidos de pagamento, garantindo o pagamento atempado dos incentivos e da recuperação do IVA para as entidades do sistema científico“; e seja feita a prorrogação “do prazo de execução física e financeira das Agendas por um período adicional de 12 meses, até 31 de dezembro de 2026, assegurando o cumprimento dos objetivos propostos”.

“Se todos contribuirmos para esta missão, os dois setores, têxtil e vestuário continuarão a ser um pilar essencial no desenvolvimento económico de Portugal”, rematou o empresário, destacando que, em 2024, esta fileira era composta por mais de 5.500 empresas, empregando mais de 124.000 trabalhadores, representando um volume de negócios de oito mil milhões de euros e exportando mais de 5,4 mil milhões de euros. “Estes números refletem a importância económica e social da indústria do têxtil e do vestuário”, realçou.

César Araújo aproveitou ainda a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, na cerimónia, e de outros representantes de entidades como o IAPMEI e a Missão de Estrutura para sensibilizar estes responsáveis para os desafios globais que a indústria enfrenta e que vão mais além das tarifas dos EUA.

A Europa é líder mundial nas marcas de moda e deve preservar essa posição estratégica e Portugal tem o potencial para ser um pilar da reindustrialização europeia e garantir um lugar de destaque no mercado, não só europeu, mas mundial.

César Araújo

CEO da Calvelex

“A liberalização do comércio impôs desafios e limites à competitividade das nossas empresas. Passámos a concorrer com produtos de consumo rápido, que chegam ao mercado europeu através de mecanismos que promovem custos esmagados e a inexistência de valor acrescentado”, atirou César Araújo.

“É fundamental que o Governo insista, junto das entidades europeias para que as empresas e marcas de países terceiros sejam obrigadas a cumprir as mesmas regras impostas às nossas empresas“, apelouo CEO da Calvelex,destacando que “é necessário controlar a entrada massiva destes produtos que concorrem de forma desnivelada com o que as empresas europeias por cá produzem.

Para o empresário, a “atual conjuntura é global e além da enorme incerteza, provocou uma escalada nos custos e a retração do consumo, pressionando, ainda mais, as nossas empresas”.

“A Europa é líder mundial nas marcas de moda e deve preservar essa posição estratégica e Portugal tem o potencial para ser um pilar da reindustrialização europeia e garantir um lugar de destaque no mercado, não só europeu, mas mundial“, defendeu.

Cidália Neto, CEO da Polopiqué, destacou que o projeto Lusitano vai preparar o setor para o futuro.Ricardo Castelo

 

Cidália Neto, CEO da Polopiqué, recordou que este projeto prevê, no espaço de cinco anos, “a criação de 350 postos de trabalho, dos quais 45 altamente qualificados e um acréscimo de negócios de até 77,8 mil milhões de euros com a venda de novos produtos”.

De acordo com a líder da Polopiqué, este investimento vai permitir ao setor “evoluir para uma referência na indústria têxtil europeia”, permitindo que o país continue a manter uma posição competitiva “num cenário global marcado por instabilidade e fortes oscilações nos custos das matérias-primas”.

Cidália Neto reforçou que o setor têxtil e do vestuário é um pilar da economia nacional e esta agenda “nasceu para preparar o setor para o futuro”, destacando que este é um projeto focado na inovação, sustentabilidade e digitalização.

“O projeto mais que uma resposta para o presente é uma para o futuro”, apontou. “É essencial criar condições essenciais ao investimento e à inovação. Se queremos um setor forte e sustentável precisamos de um ecossistema forte e político que estimule as nossas empresas”, rematou.

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