Tarifas podem atrasar luta contra a inflação, mas Fed “vai esperar clareza”, diz Powell
Num evento em que chegou a falar de máquinas de lavar para ilustrar o impacto de barreiras comerciais nos preços, Powell vincou que a Fed quer "clareza" sobre o rumo da economia antes de agir.
Os direitos aduaneiros anunciados pela administração Trump já estão a ter impacto, pelo menos parcial, nos aumentos dos preços e podem atrasar a luta contra a inflação este ano, mas a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos vai esperar clareza sobre o rumo da economia antes de ajustar a política monetária, afirmou Jerome Powell esta quarta-feira.
A conferência de imprensa do presidente do banco central – depois de a Fed ter mantido a taxas de juro no intervalo 4,25%-4,50% pela segunda vez seguida e repetido a previsão de mais dois cortes até ao final do ano – foi dominada pela questão das tarifas.
Num evento em que chegou a falar de máquinas de lavar para ilustrar o impacto de barreiras comerciais na inflação, Powell referiu meia dúzia de vezes a palavra “clareza” e sublinhou que a Fed vai estar a monitorizar as expectativas sobre a inflação com “muito, muito” cuidado.
No entanto, Powell admitiu que é “muito, muito” desafiante entender se a inflação resulta das tarifas ou de outros fatores. “Devem ter visto que a inflação dos bens subiu muito significativamente nos primeiros dois meses do ano”, disse. “Tentar relacionar isso com os aumentos efetivos das tarifas, ter em conta o que veio ou não das tarifas é muito, muito difícil”.
Powell explicou que parte da dificuldade vem do facto de muito do impacto das tarifas nos preços ser indireto.
“Um bom exemplo é o facto de as máquinas de lavar roupa terem sido sujeitas a tarifas na última ronda e os preços terem subido. Mas os preços também subiram nas máquinas de secar roupa que não estavam sujeitas a tarifas“, contou. “Os fabricantes seguiram a multidão e aumentaram os preços e, assim, as coisas aconteceram de forma muito indireta”.
Apesar de reconhecer que as tarifas já estão a ter impacto nos preços, o presidente da Fed destacou que ainda é cedo para avaliar o impacto e por isso o banco central vai esperar para ver.
“Tendo em conta a situação em que nos encontramos, pensamos que a nossa política está numa boa posição para reagir ao que vier a acontecer e pensamos que a coisa certa a fazer é esperar aqui por uma maior clareza sobre o que a economia está a fazer”, referiu.
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