Certificados de Aforro vão pagar menos em abril. Taxa de juro base baixa para 2,415%
A taxa de juro base dos Certificados de Aforro subscritos em abril ficará abaixo do teto máximo pela primeira vez em dois anos, com as novas subscrições a pagarem uma taxa bruta de 2,41%.
Pela primeira vez desde fevereiro de 2023, a taxa base dos Certificados de Aforro ficará abaixo do seu teto máximo. Segundo cálculos do ECO, as novas subscrições realizadas em abril de 2025 oferecerão uma taxa de juro base de 2,415%, sendo assim inferior à barreira do limite máximo de 2,5% estabelecido para a Série F destes produtos de poupança do Estado.
Este é um momento histórico para os títulos de dívida do Estado para o retalho, que marca o fim de um ciclo de mais de dois anos em que os Certificados de Aforro têm remunerado consistentemente no seu limite máximo. A última vez que esta situação ocorreu foi em fevereiro de 2023, quando as novas subscrições da então Série E apresentaram uma taxa de juro base de 3,4%, ligeiramente abaixo do teto máximo de 3,5% permitido naquela série.
Para os pequenos investidores que planeiam subscrever Certificados de Aforro em abril, esta descida representa uma redução, ainda que ligeira, na remuneração do seu capital. Em vez dos 2,5% que têm sido garantidos desde junho de 2023, os novos Certificados oferecerão 2,415% no primeiro trimestre após subscrição.
Na prática, isto significa que por cada 1.000 euros investidos, o rendimento líquido trimestral passa de 1,75 euros para 1,69 euros, já após a aplicação da taxa liberatória de IRS de 28% e, naturalmente, sem contabilizar os prémios de permanência.
É importante notar que, ainda assim, os Certificados de Aforro continuam a oferecer condições competitivas face à maioria dos depósitos a prazo disponíveis na banca que, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, apresentam uma taxa de juro média abaixo dos 2% em fevereiro.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
A descida da taxa base dos Certificados de Aforro não surge por acaso. Esta situação é consequência direta da queda consistente das taxas Euribor, que se tem verificado há mais de um ano, mas que se intensificou particularmente após abril de 2024. Os dados mais recentes mostram que a Euribor a 3 meses está nos 2,369% esta quarta-feira, ligeiramente acima dos 2,365% registados na terça-feira, um mínimo de mais de dois anos e muito abaixo dos 3,9% registados em meados de abril do ano passado.
Este declínio acentuado reflete as políticas monetárias do Banco Central Europeu, que tem reduzido gradualmente as taxas de juro diretoras ao longo do último ano, no seguimento de uma política monetária menos restritiva.
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A taxa de juro base dos Certificados de Aforro da Série F — em comercialização desde junho de 2023, quando substituiu a Série E — é calculada com base na média da taxa Euribor a 3 meses observada nos últimos 10 dias do mês no antepenúltimo dia. Uma vez calculada esta média, aplica-se o limite máximo de 2,5%, que tem sido sempre atingido desde a introdução desta série, e assume também como limite mínimo de remuneração 0%.
A Série F inclui ainda prémios de permanência que aumentam progressivamente a partir do segundo ano, atingindo valores superiores a 1% apenas a partir do 12º ano. Isto significa que os investidores precisam de paciência para maximizar o retorno deste produto.
Procura recorde apesar da tendência de queda na remuneração
A descida da remuneração dos Certificados de Aforro ocorre num momento em que os estes produtos atingem níveis de procura históricos. Em fevereiro, as famílias aplicaram mais de 630 milhões de euros em termos líquidos de resgates, marcando o quinto mês consecutivo com saldos de subscrição positivos.
Segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta procura elevou o stock aplicado em Certificados de Aforro para um novo recorde de 35,75 mil milhões de euros em fevereiro.
O interesse contínuo por estes títulos tem sido, particularmente impulsionado, pela pouca atratividade dos depósitos a prazo, dado que há 13 meses consecutivos que os bancos têm cortado remuneração das poupanças das famílias, colocando Portugal como o quinto país da Zona Euro com as piores taxas de juro dos depósitos.
Com a tendência de queda da Euribor a 3 meses a manter-se, é provável que as taxas dos Certificados de Aforro continuem a diminuir nos próximos meses. De acordo com os contratos forward sobre a Euribor a 3 meses, a taxa deverá baixar até aos 2% até ao final do ano, minguando ainda mais a remuneração dos Certificados de Aforro.
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