Editorial

2026 pode ser tarde para vender a TAP

A suspensão política nos próximos meses não deve travar todo o trabalho de preparação da privatização, para que seja possível avançar com o processo ainda em 2025.

As eleições antecipadas travaram um conjunto de decisões políticas, nomeadamente a reprivatização da TAP, que terá já atingido o seu pico de desempenho em 2024 (pelo menos enquanto não existir um novo aeroporto). É o que mostram as contas de 2024: revelam lucros, mas menores do que em 2023, e sobretudo um voo acelerado dos custos com pessoal, de 13%.

Perante os dados que temos, o Governo parece ter perdido uma oportunidade único para maximizar a receita da venda da companhia aérea. É certo que os lucros caíram por força de um conjunto de provisões, a dos trabalhadores que decorre de uma decisão dos tribunais, e outra que depende da gestão, as perdas cambiais. De um lucro de 118 milhões, a TAP passou para um resultado líquido de 53,7 milhões de euros, menos 70%. As receitas estabilizaram, e os gastos operacionais também (apesar do disparo da despesa com pessoal).

Três anos consecutivos de lucros são um resultado inédito na companhia, e isso decorre, claro, do processo de reestruturação dos últimos anos, suportado na injeção de mais de três mil milhões de fundos públicos, e do crescimento da atividade turística. Mas a questão que se põe agora é se o Governo, qualquer que ele seja, já perdeu a melhor oportunidade para vender uma participação, mesmo minoritária, na companhia.

O que antecipa a própria gestão da TAP, liderada por Luís Rodrigues?

  • “As margens operacionais deverão ser impactadas pelo aumento dos custos e pela incerteza macroeconómica, incerteza essa que poderá afetar tantos os custos como as receitas”.
  • “2025 será igualmente um ano desafiante, mas também o último ano do plano de restruturação, no qual continuaremos focados na transformação da TAP numa companhia sustentadamente rentável e numa das mais atrativas da indústria”.

Luís Rodrigues tem razão: A TAP é uma das companhias mais apetecidas hoje no mercado, mas o ciclo está a passar. Há uma vontade política para vender uma posição acionista, veremos em que percentagem, o que atraiu os maiores grupos de aviação europeus e até a tentativa de mobilização de investidores, como aquele que estará a ser protagonizado pelo gestor Carlos Tavares.

A suspensão política nos próximos meses não deve travar todo o trabalho de preparação da privatização, para que seja possível avançar com o processo ainda em 2025. Em 2026 pode ser tarde para os contribuintes portugueses fazerem um bom negócio.

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