Traçados da linha de alta velocidade com “prejuízos inaceitáveis”, critica Câmara de Pombal

  • Lusa
  • 26 Março 2025

A autarquia, liderada por Pedro Pimpão, tem uma "grande preocupação" com os "recursos hídricos, dada a elevada densidade hidrológica e hidrogeológica nas áreas afetadas pela construção”.

A Câmara de Pombal considerou, esta quarta-feira, que as soluções de traçado do troço Soure – Carregado da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto apresentam prejuízos inaceitáveis e pode levar ao “gradual desaparecimento do manancial de água existente”.

O parecer do município no âmbito da consulta pública do estudo de impacto ambiental daquele troço, que terminou na sexta-feira, foi submetido na plataforma participa.pt e aprovado esta quarta por unanimidade em reunião do executivo municipal.

Para a autarquia, liderada por Pedro Pimpão, além “dos impactes ao nível do ordenamento do território, socioeconomia, usos do solo, património, paisagem, entre outros, constituem, também, foco de grande preocupação os recursos hídricos, dada a elevada densidade hidrológica e hidrogeológica nas áreas afetadas pela construção” da futura linha de alta velocidade, que “poderá representar o gradual desaparecimento do manancial de água existente”.

Sustentando que “a construção da infraestrutura representa para as populações abrangidas perda, irreversível, da qualidade de vida”, aquele município do distrito de Leiria defende que o traçado deve ser repensado para se “encontrar uma solução com menor impacte no território, população e recursos hídricos”.

A linha de alta velocidade Porto – Lisboa, em via dupla eletrificada, vai permitir uma velocidade máxima de 300 quilómetros por hora e destina-se a tráfego de passageiros. O troço Soure – Carregado, que contempla uma estação em Leiria, atravessa os concelhos de Rio Maior, Azambuja, Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Alcobaça, Porto de Mós, Leiria, Marinha Grande e Pombal.

No estudo de impacto ambiental, encomendado pela Infraestruturas de Portugal, há duas soluções para o troço Soure-Carregado, A e B. A primeira tem quase 116 quilómetros e a segunda pouco mais de 117 quilómetros, apresentando-se várias alternativas de traçado segundo as soluções base.

No parecer conhecido esta quarta, a autarquia de Pombal lembra que o concelho será atravessado pela linha de alta velocidade “no seu eixo central e que esta será “mais uma barreira física, a acrescer às linhas de caminho de ferro do Norte [com uma estação em Pombal] e do Oeste”, às autoestradas 1 e 17, ao Itinerário Complementar 2 e à Estrada Nacional 109.

A Câmara de Pombal adianta que, pese embora o parecer seja desfavorável às duas soluções propostas, ainda assim a B é a menos penalizadora para o território, pois afetará um menor número de edificações (12 casas, mais uma casa não habitada e sete edifícios empresariais). No documento, a autarquia quer também que a solução da alta velocidade acautele medidas para o concelho.

Reconhecendo que a futura linha de alta velocidade ditará uma orientação da atual Linha do Norte para os serviços interurbanos (comboios intercidades e inter-regionais), locais (comboios suburbanos e regionais) e de mercadorias, o parecer afirma ser “determinante que esta libertação de capacidade” tenha por contrapartida “uma ajustada e efetiva oferta interurbana que assegure a ligação de Pombal a cidades como Lisboa, Santarém, Entroncamento, Coimbra, Aveiro, Porto e Braga, assegurando, adequadamente, o transbordo para os serviços de alta velocidade”.

Do mesmo modo, torna-se necessário, como garantia de que não existem perdas de serviço relativamente à oferta hoje disponível na Linha do Norte (Pombal) que se continue a assegurar, nesta mesma linha, serviço equivalente ao Alfa Pendular hoje disponibilizado”, refere, pedindo, igualmente, a “modernização da Linha do Oeste e reabilitação e abertura da estação da Guia”, no concelho de Pombal.

Entre outras medidas, o município reclama a construção de uma linha de ligação a Leiria, que disponibilize serviços interurbanos entre as duas cidades, ou a “monitorização dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos”, que “deve ser iniciada antes da fase de obra, acompanhada em fase de projeto de execução e ter continuidade na fase de exploração”.

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