Fosso de investimento de Portugal face à UE equivale a 40% do PIB

Análise da Associação Business Roundtable sobre diferencial de investimento total entre Portugal e a União Europeia, desde 2010, aponta para efeito acumulado superior a 40% do PIB português.

O investimento em Portugal tem-se fixado ao longo dos últimos 15 anos abaixo da média da União Europeia (UE), com um diferencial acumulado equivalente a mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) português. O alerta é da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que numa análise divulgada hoje defende que o país precisa de corrigir o gap para alavancar o crescimento da economia.

Na mais recente análise à competitividade da economia portuguesa, a Associação Business Roundtable assinala que o investimento privado, em 2024, situou-se em 16% do PIB, ligeiramente abaixo dos 18% da média da UE, sendo o quarto nível mais baixo no grupo dos países concorrentes do “Comparar para Crescer” – um grupo de oito Estados: Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Itália, Polónia e República Checa, selecionados por fazerem parte da UE e que, no ano 2000, apresentavam um PIB per capita nominal próximo do de Portugal.

O desempenho abaixo da UE não se fica por aqui. Quando considerado o investimento público, a análise conclui que “o posicionamento é ainda notoriamente mais desfavorável, dado que, em 2024, Portugal se posiciona como o pior entre esses países comparáveis, a par com Espanha, com apenas 3% do PIB; contrastando, por exemplo, com Estónia com 7,3%, Eslovénia com 5,2% e Polónia com 5%”.

“Se analisarmos o diferencial de investimento total nos últimos 15 anos, podemos aferir que o efeito acumulado é superior a 40% do PIB, um gap de investimento extremamente significativo quando comparamos os números de Portugal com os da média da UE“, conclui.

Fonte: Snapshot “Comparar para Crescer”, Associação Business Roundtable

A análise conclui ainda que o investimento realizado tem sido “insuficiente” para compensar o desgaste. “A situação de Portugal contrasta grandemente com todos os restantes países europeus (com exceção de Itália e Grécia)”, adverte.

A Associação Business Roundtable destaca ainda que em 2023, o stock de capital por trabalhador se situou cerca de 10% abaixo dos valores observados em 2015, “sendo o segundo pior desempenho entre os países concorrentes e contrastante com alguns desses países, designadamente, República Checa, Hungria, Polónia e Estónia”.

“Esta evolução acaba por estar em linha com a perceção existente de uma especialização da economia portuguesa em atividades com mais mão de obra incorporada e baixa produtividade“, refere.

Contudo, também assinala que “apesar do reduzido investimento em Portugal, observa-se uma evolução recente do stock de capital, refletindo uma transição para uma economia potencialmente assente numa especialização com mais tecnologia incorporada, em que o peso da propriedade intelectual mais do que duplicou desde 2000, e onde perde terreno o investimento, por exemplo, em materiais de transporte e habitação”.

Choque de investimento Draghi levaria a crescimento adicional de 6%

A Associação Business Roundtable estima ainda que o impacto do choque de investimento proposto pelo relatório Draghi resultaria num crescimento adicional do PIB em cerca de 6% em 15 anos. Apesar de admitir que poderia leval a aumentos da inflação sublinha que seriam “passageiros, não estruturais“.

Para concretizar esta ambição considera que “seriam necessários incentivos fiscais para impulsionar o investimento privado, para além de investimento feito diretamente pelos Estados“.

É urgente realizar mais investimento produtivo em Portugal, privado e público, para acelerar o crescimento económico do país, para aumentar a produtividade e a inovação, para que Portugal se posicione de forma distintiva na transição tecnológica e na transição energética”, defende.

Na análise argumenta ainda que “o ecossistema de inovação tem de ser fortalecido”, a “redução do “garrote fiscal” é uma prioridade para atrair e reter talento em Portugal”, “sem alívio fiscal, Portugal vai continuar a perder talento qualificado”, “é necessário simplificar para crescer” e a “competitividade energética é crítica para todas as atividades”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Fosso de investimento de Portugal face à UE equivale a 40% do PIB

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião