Stellantis de Mangualde espera abertura da linha da Beira Alta para testar comboio no transporte de automóveis

Em articulação com a câmara de Mangualde, que já tem um terreno para ceder junto à estação da linha da Beira Alta, a segunda maior fábrica de automóveis do país procura reduzir emissões até 92%.

Reportagem na unidade de produção da Stellantis em Mangualde - 11ABR25
Unidade de produção da Stellantis em MangualdeHugo Amaral/ECO

A Stellantis está a desenvolver um projeto-piloto para levar automóveis da fábrica beirã até um porto do norte de Portugal por via férrea, algo que, para já, está impossibilitado pelo encerramento da linha da Beira Alta, cuja abertura está adiada há três anos. Múcio Brasileiro, diretor da unidade de Mangualde, explica ao ECO/Local Online que numa primeira fase haverá um comboio semanal com 730 metros e 33 vagões, e capacidade para 128 veículos, capacidade equivalente à transportada por 16 camiões com oito veículos cada.

“Estamos a trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal de Mangualde para distribuição dos nossos veículos por meio ferroviário. Há ainda muito a trabalhar para que se torne rentável. Estamos com projeto para iniciar ao menos uma rota mais curta como prova de conceito. Estamos a trabalhar isso em parceria com o presidente da câmara”, avança.

Estamos a trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal de Mangualde para distribuição dos nossos veículos por meio ferroviário. Há ainda muito a trabalhar para que se torne rentável. Estamos com projeto para iniciar ao menos uma rota mais curta como prova de conceito. Estamos a trabalhar isso em parceria com o presidente da câmara

Múcio Brasileiro

Diretor da Stellantis Mangualde

Para dotar a operação de maior capacidade, a fábrica necessita que sejam disponibilizadas carruagens de comboio com capacidade para transportar os furgões em dois pisos, algo que para já não está disponível no país. Assim sendo, terá de limitar o teste a comboios de um piso, o que reduz significativamente a poupança ambiental face aos 92% previstos.

A data para início da operação ainda está em aberto, mas o gestor já conta com a cedência por parte da autarquia de um terreno para estacionamento dos veículos, na deslocação entre a fábrica e a estação de Mangualde, a cerca de cinco quilómetros. Apesar de ainda não haver papéis assinados, já existe o compromisso do autarca, explica Múcio Brasileiro.

A fábrica de onde começaram a sair veículos Citroën há seis décadas, e que desde 1998, aquando do início de produção dos furgões Berlingo e Partner, juntou também a Peugeot, viu chegar no ano passado uma versão elétrica. Esta é produzida e comercializada também com as marcas Fiat e Opel, fruto do crescimento do antigo grupo PSA-Peugeot/Citroën por via da fusão com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), no que se tornaria a Stellantis.

O transporte de automóveis da fábrica de Mangualde por comboio não é uma novidade, nem sequer a utilização de carruagens com dois pisos, como vemos nestes Mehari, mas nesses tempos a dimensão não era um problema

“A ferrovia ainda está em obra, estamos a visitar praticamente todas as semanas, para ver como está evoluindo. Precisamos de otimizar a forma como os veículos são distribuídos, porque queremos distribuir em dois níveis [pisos], e hoje só é possível num, porque os comboios não estão adaptados para isso”.

“Hoje, como estamos, economicamente é muito mais rentável o transporte rodoviário. A questão é que estamos apostando na ferrovia a pensar no futuro, e na questão de sustentabilidade. Queremos sair na frente para pegar todas as boas práticas, para quando for realmente necessário fazer a ligação, termos o know-how. Claro que [a obra na linha] atrasou os estudos” de transição para a ferrovia, admite o gestor.

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