Água, leite e conservas ‘voaram’ das prateleiras. Supermercados regressam à “normalidade”
Reposição dos stocks das lojas está a ser feito, com as lojas a reabrirem esta terça-feira com "normalidade" depois de o apagão ter provocado uma corrida aos supermercados e alguns encerramentos.
Depois de o apagão ter levado muitos portugueses aos supermercados para abastecer a despensa com água, leite ou conservas — com um número “residual” de lojas a fechar –, esta terça-feira as lojas estão estão “a abrir com normalidade”, garante ao ECO Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).
“Logo que a energia voltou, a logística voltou a funcionar, a reposição normal noturna das lojas funcionou e, por isso, as lojas hoje estão a abrir dentro de uma relativa normalidade, sempre sem roturas. Podemos ter alguma dificuldade, mas neste momento estão a abrir com normalidade perante o acontecimento extraordinário que tivemos ontem”, assegura o responsável da associação que representa retalhistas como o Pingo Doce, Continente, Auchan, Lidl ou Mercadona.
As lojas que foram encerradas – ainda estamos a fazer esse levantamento – são de pequena dimensão, em que os geradores ou não aguentaram ou teve de se tomar uma decisão entre manter a operação aberta ou manter a operação de frio, para evitar perdas ou desperdícios.
Na segunda-feira, a falha de eletricidade a nível nacional levou ao encerramento de algumas lojas. Na zona do Laranjeiro, na Margem Sul do Tejo, num raio de um quilómetro, em quatro lojas visitadas pelo ECO, duas estavam fechadas. Tal como, no Porto, o Pingo Doce da Constituição ou o Bom Dia de Vale Formoso. O número exato de lojas encerradas está ainda a ser apurado, mas Gonçalo Lobo Xavier garante que esses episódios foram “residuais”.
“As lojas que foram encerradas — ainda estamos a fazer esse levantamento — são de pequena dimensão, em que os geradores ou não aguentaram ou teve de se tomar uma decisão entre manter a operação aberta ou manter a operação de frio, para evitar perdas ou desperdícios”, explica o responsável.
“A grande maioria das lojas não encerrou”, assegura. “As infraestruturas estão preparadas e os geradores estão preparados, sobretudo nas lojas de formato grande, para garantir o normal funcionamento da loja, quer a operação, quer a cadeia de frio”, diz.
Prateleiras vazias com “consumo brusco e tão concentrado em alguns produtos”
“Claro que tivemos prateleiras vazias dado o consumo brusco e tão concentrado de alguns produtos, como sejam água, leite, enlatados”, descreve o responsável. “Agora, não tem a ver com rutura, tem a ver com a reposição. Mais uma vez, como na pandemia, não foi à velocidade que o consumo estava a ser efetuado”, reconhece Gonçalo Lobo Xavier.
Efetivamente, num dos dois quatro supermercados visitados pelo ECO que se mantiveram abertos ontem na zona do Laranjeiro, a corrida à loja levou a que desaparecessem das prateleiras produtos como água. Por volta das 17h40, as conservas estavam a chegar ao fim. Pão fresco? Nem se via uma carcaça. E, à semelhança do tempo da pandemia, a zona do papel higiénico também apresentava paletes vazias.
Ainda assim, o Aldi visitado mantinha-se operacional por causa do gerador. No Lidl, outra das lojas abertas nessa zona, dezenas de pessoas faziam fila para entrar. Já no Pingo Doce e na Auchan do Almada Fórum, a mensagem passada pelos seguranças era apenas uma: “está tudo fechado”.

No Continente, no dia do apagão “registou-se um pico de afluência às lojas, com um aumento significativo da procura por algumas categorias de produtos — água engarrafada, enlatados, pão industrial, carvão, pilhas e lanternas –, no entanto, a operação funcionou sem incidentes a registar”, garante fonte oficial da cadeia de retalho alimentar da MC ao ECO. “A larga maioria” das lojas manteve-se aberta e em funcionamento — “através da otimização da gestão de recursos e de sistemas de redundância, com interrupções pontuais para reabastecimento dos geradores”, assegura, sendo que “nas entregas ao domicílio, concretizaram-se 80% dos serviços, estando os restantes reagendados para as próximas 48 horas”.
“Hoje, verificou-se o regresso à normalidade. Todas as lojas Continente abriram dentro dos horários previstos e estão em pleno funcionamento, sobretudo focadas na reposição de stocks“, refere ainda a mesma fonte oficial do Continente.
O mesmo diz o Aldi. Esta terça-feira as lojas da cadeia estão a “funcionar normalmente”, estando o retalhista a “concentrar todos os esforços para restabelecer rapidamente o abastecimento nas unidades mais afetadas, garantindo que os clientes continuam a ter acesso aos produtos com a qualidade e o serviço habituais”, adianta fonte oficial da cadeia ao ECO.
Gonçalo Lobo Xavier garante que “depois da operação logística interna da loja para acomodar os produtos congelados nos armazéns”, muitas dessas lojas reabriram ao final da tarde. “Com um esforço extraordinário dos nossos colaboradores, tivemos a operação praticamente aberta para toda a gente, sem perdas e sem ruturas”, diz. “Neste momento, todas as operações estão abertas. Todas as lojas estão a abrir com normalidade”, reforça.
De Espanha, através de associados com operação nesse mercado, vinham sinais de que a resolução do problema que deixou o país às escuras podia estar por horas. “Fomo-nos apercebendo que a energia começou a ser retomada, em zonas onde estavam muitos operadores nossos parceiros, e que nos passaram a mensagem de que era uma questão de horas até as coisas retomarem a normalidade”, conta.
“Essa informação foi muito útil também para termos aqui um capital de esperança e de perceber que não seria um shutdown de dias, seria uma questão de horas”, remata o porta-voz da APED.
(notícia atualizada às 15h31 com comentário do Aldi)
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