Sanofi vende 50% da dona das marcas Buscopan, Dulcolax e Bisolvon a fundo americano
Em Portugal, Pedro Gouveia manter-se-á a gerir o negócio da farmacêutica Opella após a aquisição por parte da sociedade de 'private equity' CD&R.
Em plena guerra comercial, concretizou-se um dos negócios transatlânticos mais esperados no setor da saúde internacional: a farmacêutica francesa Sanofi oficialmente a acordo com o fundo norte-americano Clayton Dubilier & Rice (CD&R) para venda de uma participação de 50% no seu negócio de medicamentos de venda livre (não sujeitos a receita médica).
A Opella é a terceira maior empresa do mundo na indústria de consumer health, que abrange os fármacos, vitaminas e suplementos que o consumidor pode adquirir livremente, inclusive em supermercados autorizados para o efeito. O portefólio inclui mais de 100 marcas, como Dulcolax, Buscopan, (Bisolvon) Mucosolvan, Allegra, Doliprane, Novanight, Telfast, entre outras.
Pedro Gouveia, que gere o negócio da Opella em Portugal, mantém-se como responsável nacional (country head) da Opella no país. “Em Portugal, abraçamos esta nova jornada Opella com ambição, foco e a determinação de simplificar o autocuidado para milhões. O que me apaixona neste negócio é o impacto real que temos na vida das pessoas todos os dias com proximidade, coragem, sentido de missão e um compromisso com a saúde sustentável”, afirmou o gestor, em comunicado divulgado esta quarta-feira pela Sanofi.
A Sanofi continua na estrutura acionista, com uma posição significativa de 48,2%, e a Bpifrance com os remanescentes de 1,8%. A principal mudança desta operação – considerada uma das maiores do ano em França – é que a Opella passará a ser autónoma.
“Tornar-se independente não é apenas um marco. É o nosso momento. Estou orgulhosa da nossa talentosa equipa de 11 mil pessoas que tornou isto possível. Com os parceiros certos e um foco preciso, estamos prontos para remodelar a forma como as pessoas em todo o mundo gerem a sua saúde – de forma simples, confiante e nos seus termos”, comentou o presidente e CEO da Opella, Julie Van Ongevalle.
Em França, esta transação fez soar alarmes sobre a eventual perda de soberania sanitária ou despedimentos que daí pudessem vir, mas o governo gaulês foi cauteloso: “O meu compromisso é que o Doliprane [paracetamol] continue a ser produzido em França por trabalhadores de França”, disse ao canal BFM TV o então ministro da Economia e Finanças, Antoine Armand, garantindo que iam ser pedidas “garantias extremamente fortes” disso.
O presidente do conselho de administração da Delta Airlines e ex-presidente e CEO da Procter & Gamble, David Taylor, fica com o cargo de presidente do conselho de supervisão da Opella por decisão dos novos proprietários da empresa, uma vez que é assessor (senior advisor) da CD&R.
A Opella também tem a sede em França, emprega mais de 11 mil colaboradores, opera em 100 países, gere 13 unidades de produção e quatro centros de investigação e regista mais de 190 mil milhões de euros em vendas por ano. Dar autonomia à empresa fazia parte da estratégia da Sanofi desde que lançou a spin-off em 2024 para se focar em medicamentos com receita médica e vacinas.
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