Perante o "isolacionismo nos Estados Unidos", a Europa e Portugal têm aqui "oportunidade" para atrair talento e capital que estava nos EUA, defende Lurdes Gramaxo, presidente da Investors Portugal.
Lidera uma associação que agrega cerca de 30 gestoras de capital de risco e representa, direta ou indiretamente, mais de 300 business angels em Portugal, que, em conjunto, têm cerca de 6 mil milhões de euros de ativos sob gestão. Lurdes Gramaxo acaba se ser reeleita por mais três anos à frente da Investors Portugal.
Com um novo Governo à porta, tem um pedido. “Precisamos é de previsibilidade e que haja uma coerência das políticas para o setor. E que não mudem de ciclo político para ciclo político”, diz a presidente da Investors Portugal.
Mas não só. Perante, o “isolacionismo americano”, a Europa tem aqui uma oportunidade de se posicionar como polo de atração de talento. “A Europa tem de aproveitar o regresso de investidores e investigadores europeus que estavam nos EUA”, afirma. “A oportunidade que a Europa tem neste momento de se impor neste setor é única. Com o cada vez mais isolacionismo dos Estados Unidos, a Europa pode ser um dos grandes expoentes do desenvolvimento da inovação nestas áreas”, argumenta.
E, ao que parece, a Europa tem a mesma visão. Precisamente esta semana, depois da entrevista com Lurdes Gramaxo, a União Europeia e a França anunciaram um pacote de 500 milhões de euros para incentivos para atrair cientistas, procurando tirar partido do choque entre a administração Trump e as universidades, noticia a Reuters. (conteúdo em inglês, acesso não reservado)
Em Portugal, o ecossistema de empreendedorismo vive um momento de liquidez, muito à conta dos fundos SIFIDE, mas Lurdes Gramaxo defende que este instrumento “tem que ser melhorado em termos da forma como está organizado”, estendendo, por exemplo, os prazos de aplicação. “No ano anterior houve um enorme levantamento de capital, provavelmente vai ser difícil conseguirem aplicar no prazo que têm de aplicação. Se fosse mais estendido no tempo, fazia muito mais sentido”, diz.
Apesar disso, falta investimento para a fase pré-seed, investimento que, muitas vezes, é assegurado por business angels, operadores que, diz, “não têm qualquer tipo de reconhecimento pela sua atividade, usam recursos próprios, não têm qualquer tipo de benefício fiscal ao seu investimento”.
Lurdes Gramaxo questiona a aposta num fundo de mais de 90 milhões de euros anunciado pelo Governo em novembro para investimento deep tech. “Fazia mais sentido promover mais o investimento em pré-seed. O deep tech está relativamente bem coberto em Portugal”, diz.
Vamos ter um novo Governo, o que gostaria que estivesse logo na agenda quando o novo Executivo olhasse para o setor de empreendedorismo?
Gostava que o próximo Governo, como tenho dito sempre nos anteriores, tivesse uma visão de médio e longo prazo sobre o empreendedorismo early stage, que visse este setor como um setor de modernização da economia portuguesa, que acrescenta valor à economia, às empresas, dando-lhes escala, inovação, digitalização, etc., e que faz muito sentido que esteja presente nos programas dos governos e depois na ação governativa, pois às vezes os programas até têm alguma coisa, mas na ação governativa acaba por se perder.
O que precisamos é previsibilidade e coerência. Ou seja, que as coisas não mudem rapidamente, que as políticas se mantenham estáveis e haja uma certa previsibilidade. Temos visto, por exemplo, o Banco de Fomento, com esta nova direção, muito mais a ouvir o ecossistema, os investidores, e a tentar ser mais coerente com as necessidades do setor.
O atual Governo, agora em gestão, anunciou um pacote de 60 medidas, parte delas dirigidas o empreendedorismo: reforçou o SIFIDE, lançou um programa de atração e retenção de talento internacional, anunciou um fundo de Deep Tech… É por aqui? É suficiente? O que mais pode ser feito para dar maior robustez ao ecossistema?
Era importante que continuasse, que houvesse alguma coerência. Aliás, já tínhamos pedido isso várias vezes nas nossas conversas com os partidos políticos, tentar que houvesse uma certa coerência entre os partidos do arco da governação, que não alterem políticas, ainda por cima com estes ciclos eleitorais mais curtos. Precisamos é de previsibilidade e que haja uma coerência das políticas para o setor. E que não mudem de ciclo político para ciclo político. Já vimos, por exemplo, que os benefícios fiscais são um grande incentivo ao capital privado para investir neste ecossistema, que é um capital de risco.
Não precisamos de coisas muito complicadas. É pensar no que é feito noutros ecossistemas, que têm crescido muito, porque recompensam quem investe neste ecossistema, no empreendedorismo early stage.
Precisamos é de previsibilidade e que haja uma coerência das políticas para o setor. E que não mudem de ciclo político para ciclo político. Já vimos, por exemplo, que os benefícios fiscais são um grande incentivo ao capital privado para investir neste ecossistema, que é um capital de risco.
Gostava que o SIFIDE II fosse reforçado ou esse mecanismo também tem um efeito um pouco perverso? Alguns fundos têm alertado para isso.
Vimos que o SIFIDE — que já tem muitos anos, mas começou a ser mais utilizado neste setor há uns anos — conseguiu atrair para o setor, para o investimento em inovação, muitos investidores que provavelmente nunca teriam pensado no setor. Estamos a pensar em pequenas e médias empresas por este país fora que investiram na inovação, porque tinham aquele benefício fiscal associado.
Verificamos que este instrumento funciona e que, provavelmente, nem é preciso tanto benefício fiscal. Faz sentido continuar com alguns instrumentos alinhados com este benefício fiscal, eventualmente, tentando que o enquadramento de investimento fosse mais alinhado com as práticas do capital de risco. Ou seja, que pudessem investir também noutras áreas que não só a investigação e desenvolvimento, tais como o desenvolvimento do mercado, o desenvolvimento da parte comercial, eventualmente, reduzindo um pouco o benefício fiscal associado.
Na altura em que isso foi discutido, apresentamos várias propostas que não foram na altura aprovadas, mas enfim, continuamos a insistir que o instrumento em si funciona, mas tem de ser melhorado em termos da forma como está organizado.
No ano anterior houve um enorme levantamento de capital, provavelmente vai ser difícil conseguirem aplicar no prazo que têm de aplicação. Se fosse mais estendido no tempo, fazia muito mais sentido. O problema do financiamento desta atividade é que, muitas vezes, temos ciclos com muito capital e depois as empresas, as startups que cresceram, que precisam de novas rondas de capital sucessivas, vão ter muito mais dificuldade de as conseguir.
Continuamos a insistir que o instrumento [SIFIDE] em si funciona, mas tem de ser melhorado em termos da forma como está organizado. No ano anterior houve um enorme levantamento de capital, provavelmente vai ser difícil conseguirem aplicar no prazo que têm de aplicação.
Mas sente que o capital levantado via SIFIDE está a ter problemas a executar no prazo exigido?
É difícil dizer ao certo o que está a acontecer, embora me pareça que há demasiado capital neste momento a ser aplicado… Além dos fundos SIFIDE levantados, temos as calls do Banco de Fomento, do Venture Capital, todas têm prazos curtos de aplicação. O prazo para o Venture Capital termina até no fim deste ano. E depois tem um ano e meio, dois anos para aplicar. É muito pouco. Os fundos de capital de risco têm sempre três a cinco anos de aplicação de capital, portanto investimento, e depois uns outros tantos de desinvestimento, para crescer e voltar a vender.
Ao diminuir os prazos, encurta o período de investimento. E quando há muito… Portugal não é um país enorme, se contarmos com fundos de vários milhões levantados, corre-se sempre o risco de não ser tão bem investido como devia, porque o prazo é apertado.
Corre-se o risco de se apostar no ‘cavalo errado’, de ser um investimento improdutivo, não se fazer uma seleção tão rigorosa das startups?
Poderá ter mais dificuldade em ser aplicado da melhor maneira. Uma das coisas que pedimos a este Governo — na realidade também não tiveram tempo — foi prorrogar os prazos de aplicação do SIFIDE. O do PRR parece difícil porque foi negociado com a Comissão Europeia, mas, pelo menos, o SIFIDE em vez de ser aplicado nos três anos previstos, prorrogar o prazo para mais um ou dois anos, o que até era melhor para o ecossistema, porque havia mais capital durante mais tempo, até haver outras linhas de coinvestimento que possam surgir do próprio Banco de Fomento.
Quando entram os fundos [SIFIDE], na realidade, as empresas vão ter tendência a investir muito mais em investigação e desenvolvimento e talvez a descurar outras componentes do negócio. E as empresas não vivem só da investigação e desenvolvimento.
Uma análise da Armilar dá conta que dos 500 milhões levantados no ano passado, mais de metade das rondas tinham tido intervenção dos fundos SIFIDE e, concluía, tinham empurrado quase para fora do ecossistema os fundos venture capital mais tradicionais.
Nos melhores targets poderá haver tendência de oferecer condições mais favoráveis e haver alguma concorrência em relação aos fundos tradicionais que não têm SIFIDE, por causa da necessidade de investir.
Agora, o problema continua a manter-se. Até porque, quando entram os fundos, na realidade, as empresas vão ter tendência a investir muito mais em investigação e desenvolvimento e talvez a descurar outras componentes do negócio. E as empresas não vivem só da investigação e desenvolvimento. Se queremos empresas escaláveis, que concorram internacionalmente, etc., vão ter que ter também outras componentes que não podem ser financiadas por fundos SIFIDE.
Portanto, pode haver aí algum desequilíbrio, de certa forma, ter algum impacto menos positivo nas startups. Agora deve ser dos momentos em que há mais liquidez para o ecossistema. Não tenho dúvida. Mas, como é por curto período de tempo, pode impactar na forma como é aplicado.
Os business angels correm o mesmo risco ou maior, porque investem em pré-seed e o que acontece? Não têm qualquer tipo de reconhecimento pela sua atividade, usam recursos próprios, não têm qualquer tipo de benefício fiscal ao seu investimento, nem se tiverem êxito, nem se não tiverem sucesso.
Diz que este é um dos momentos de maior liquidez no ecossistema. Mas o investimento pré-seed não teve essa sorte no ano passado. Segundo os dados da Armilar, caiu 21%.
Falta-nos aqui uma camada muito importante de investidores, os business angels, que estão muito menos ativos. Os business angels correm o mesmo risco ou maior, porque investem em pré-seed e o que acontece? Não têm qualquer tipo de reconhecimento pela sua atividade, usam recursos próprios, não têm qualquer tipo de benefício fiscal ao seu investimento, nem se tiverem êxito, nem se não tiverem sucesso.
Há uns anos houve aquelas linhas do IFD, de cofinanciamento. Podemos criticar muito, mas foi uma ferramenta útil na altura, lançou muita gente com entusiasmo para essa fase fundamental. Neste momento não há nada. Falta-nos essa camada que não é muito feita pelos VC tradicionais — mesmo os VC de early stage normalmente investem mais numa fase seed –, mas é muito importante que haja um pipeline sempre em funcionamento que alimente o sistema.
É importante fortalecer essa camada do princípio. Como também é importante, aliás, tudo o que é acima de série A, que também não existe em Portugal, existe muito pouco. Para as séries B e C, já é preciso capital estrangeiro, não é problema nenhum, mas é importante que também os fundos portugueses ganhem dimensão e ambição de também concorrer nessas fases.
Precisamos dos institucionais em Portugal, estamos a falar de bancos, de companhias de seguros, de segurança social, de fundos de pensões, em geral, que têm de ter condições para que parte dos seus portefólios possa ser aplicada neste setor, sem que com isso prejudique as suas próprias performances. Porque o problema é esse: neste momento, quando investem neste setor, têm que fazer uma contingência qualquer nos seus balanços. E isso afasta.
O que falta então? Tem-se falado muito da necessidade de criar condições fiscais para trazer os fundos pensões, fundos institucionais para o capital de risco. Houve alguma evolução?
É importante que haja. Precisamos de linhas do Banco de Fomento, calls regulares, como é feito noutras geografias — penso que esta administração do Banco de Fomento quer fazer isso –, linhas como houve antigamente, por exemplo, o Portugal Tech, um fundo fundamental para lançar muitas destas gestoras mais tradicionais que temos em Portugal. Como a vizinha Espanha tem com o ICO, por exemplo. Todos os anos sabe que há linhas a que se pode concorrer e que, na realidade, são fundos de fundos.
Precisamos dos institucionais em Portugal, estamos a falar de bancos, de companhias de seguros, da Segurança Social, de fundos de pensões, em geral, que têm de ter condições para que parte dos seus portefólios possa ser aplicada neste setor, sem que com isso prejudique as suas próprias performances. Porque o problema é esse: neste momento, quando investem neste setor, têm de fazer uma contingência qualquer nos seus balanços. E isso afasta.
Essas condições podem ser criadas localmente ou é daquelas medidas que têm de ser com o incentivo da Comissão Europeia, algo mais transversal ao continente?
Penso que pode ser feito em Portugal, porque há outras geografias na União Europeia que o fazem, os países nórdicos fazem-no, Holanda e a Bélgica. Mesmo assim, a nível comunitário também se deveria procurar esta via, porque a Europa tem de pensar cada vez mais como Europa e não como não sei quantos países com um chapéu europeu.

A propósito da Inteligência Artificial, houve muita discussão na Europa sobre a falta de capital privado a chegar ao ecossistema. A Europa poderia ter aqui um papel…
A Europa tem mesmo de fazer isso. Andamos hoje em dia a discutir investimentos em defesa, em tecnologias de dual purpose — a Inteligência Artificial é uma delas, a cibersegurança é outra –, áreas em que as ideias nascem neste ecossistema e têm de ser alimentadas. Todos os fundos que têm dinheiro institucional dos seus próprios países estão muito condicionados na utilização fora de fronteiras.
Acaba por não fazer muito sentido na Europa, porque há muitos projetos partilhados por várias instituições científicas de vários países, por exemplo. É importante que haja medidas a nível europeu para se poder financiar estas necessidades. A oportunidade que a Europa tem neste momento de se impor neste setor é única. Com o cada vez mais isolacionismo dos Estados Unidos, a Europa pode ser um dos grandes expoentes do desenvolvimento da inovação nestas áreas.
A Europa tem que aproveitar também esse regresso de investidores e investigadores europeus que estavam nos Estados Unidos, que está a acontecer, e também captar esse capital que pode vir dos Estados Unidos, que procuram geografias em que se sintam mais recetivas à sua maneira de pensar.
Em 2024 assistiu-se ao regresso dos investidores estrangeiros no ecossistema nacional. Investiram 128 milhões de euros, num total de 500 milhões, diz a Armilar. Este, usando a sua expressão, “isolacionismo americano”, poderá levar a uma maior timidez de investimento neste ano?
Sinceramente vejo cada vez mais americanos, por exemplo, a procurar Portugal e outras geografias europeias como uma segunda casa, uma oportunidade. A Europa tem de aproveitar também esse regresso de investidores e investigadores europeus que estavam nos Estados Unidos, que está a acontecer, e também captar esse capital que pode vir dos Estados Unidos, que procuram geografias em que se sintam mais recetivas à sua maneira de pensar. Não sabemos o que vai acontecer nos Estados Unidos, mas a mensagem é muito clara desse isolacionismo.
A Europa e Portugal deveriam aproveitar essa vontade que têm de vir para a Europa e aproveitar e canalizar esse investimento e investigação. Há muitos investigadores muito bons a quererem procurar outras geografias onde se sintam mais à vontade, com os condicionantes que temos visto, com as universidades, etc., que a Administração americana está a impor. Pode ser temporário, mas se nós, Europa e Portugal, aproveitarmos, não é mal.
Temos falta de capital privado neste ecossistema. Agora, temos de ter processos muito menos burocráticos, muito menos difíceis de se pôr em prática estes instrumentos. Ainda hoje se pode investir em capital de risco e obter um Visto Gold, mas demoram dois anos a ser chamados para fazer uma entrevista com a AIMA. Não faz sentido, as pessoas desistem.
E o que poderia ser feito para aproveitar isso melhor? O que para si faria sentido como iniciativas?
Não sou propriamente legisladora, mas…
Mas está no ecossistema e sabe o que este precisa.
Realizar ações tipo Visto Gold, receber investigadores e investidores de outra maneira, com maior facilidade de se estabelecerem na Europa. Os [Vistos Gold] foi um instrumento que trouxe algum capital para Portugal. Provavelmente, já não faz sentido investir em moradias, casas e apartamentos, mas investir em inovação faz todo sentido e terem uma facilidade de instalação em Portugal também.
O problema em Portugal é que termina-se demasiado depressa e sem pensar com alguns programas que até têm algumas vantagens. O estarem relacionados com a compra de casa conseguiu destruir um instrumento de captação de capital importante. Agora, há muita forma de o fazer, não é? O problema é que é muito difícil conquistar uma reputação, mas quando se perde é muito difícil voltar a tê-la.
A palavra Visto Gold tem um grau de toxicidade que, se calhar, não incentiva.
Exatamente, exatamente. E o problema é este, tomam-se decisões precipitadas, às vezes, só por opinião pública, só porque na realidade não se consegue fazer explicar os instrumentos.
Temos falta de capital privado neste ecossistema. Agora, temos de ter processos muito menos burocráticos, muito menos difíceis de se pôr em prática estes instrumentos. Ainda hoje se pode investir em capital de risco e obter um Visto Gold, mas demoram dois anos a ser chamados para fazer uma entrevista com a AIMA. Não faz sentido, as pessoas desistem.
Têm tido queixas?
Alguns fundos que tinham esse instrumento Visto Gold tiveram muita dificuldade. Primeiro, porque a perda de reputação é muito importante. As pessoas tinham medo, porque afinal, às tantas as coisas mudam e eu estou a meio e depois não consigo obter [o visto]. E a burocracia do processo também dificultou muito.
Não sabemos se o próximo Governo vai mexer nesse mecanismo, mas pergunto-lhe sobre o fundo Deep Tech, do qual foi feito um anúncio de mais de 90 milhões de euros em novembro…
Eventualmente, fazia mais sentido promover mais o investimento em pré-seed. O Deep Tech está relativamente bem coberto em Portugal. Temos muito capital disponível a nível dos fundos SIFIDE que fazem esse trabalho.
Do anúncio até agora, o que é que efetivamente se passou com esse fundo?
Tem de perguntar, não faço ideia. Eventualmente, acharam que era um bocado redundante nesta altura, presumo. Temos tanto capital privado disponível para financiar investigação, fundos ou empresas de investigação e desenvolvimento certificadas para a ANI, muitas delas são Deep Tech, mais 90 milhões…
Foi o entusiasmo em torno da IA?
Na minha opinião, modesta, não fazia muito sentido mais um fundo de 90 milhões para uma área que está bastante bem coberta em Portugal.
Portugal tem capacidade financeira para investir em grande em IA, apesar dessa liquidez toda?
É um bocado difícil responder. Praticamente todos os investimentos hoje em dia que se fazem em Portugal, e em quase todo o mundo, têm uma componente de IA, porque a IA é transversal a todas as indústrias, e a utilização de IA nos projetos agora é quase obrigatória. E temos visto e tem havido em Portugal bons projetos nessa área. Agora, quando ultrapassam fases de desenvolvimento early stage, vamos precisar de outro tipo de fundos, fundos internacionais, porque em Portugal dificilmente se consegue.
Há condições para que seja um ano muito bom em Portugal. Há bons projetos e há capital disponível. Portanto, não faz sentido que não seja um bom ano, pelo menos muito na linha do ano anterior e, eventualmente, até um pouco melhor. Depende muito agora do que vai acontecer a nível global.
O primeiro trimestre está fechado, não foi brilhante ao nível de investimento, apontam os dados da Dealroom. Como vê a evolução em 2025, ano de eleições, com esta agitação na economia mundial…
As eleições são o que menos impacta nesta atividade, sendo franca, mas há uma certa tendência de retração quando há uma indefinição internacional, uma indefinição a nível das consequências de medidas disruptoras tomadas nestes últimos meses internacionalmente.
Há condições para que seja um ano muito bom em Portugal. Há bons projetos e há capital disponível. Portanto, não faz sentido que não seja um bom ano, pelo menos muito na linha do ano anterior e, eventualmente, até um pouco melhor. Depende muito agora do que vai acontecer a nível global. Vamos ver. Esta fase de adaptação foi mais difícil do que se previa, mas vamos nos habituando. O risco já faz parte do nosso ADN.
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