Bruxelas prepara tarifas sobre 95 mil milhões de importações dos EUA
Comissão Europeia divulgou uma consulta pública com uma lista de produtos sobre os quais pretende impor novas taxas aduaneiras, caso falhem as negociações comerciais com os EUA.
A Comissão Europeia já tem um plano para responder às tarifas anunciadas por Donald Trump. Caso as negociações com Washington não cheguem a bom porto, Bruxelas tem preparada uma lista de produtos industriais e agrícolas no valor de 95 mil milhões de euros para avançar com novas tarifas. A entidade está ainda a avaliar restrições a algumas exportações para os EUA.
A entidade liderada por Ursula Von der Leyen colocou, esta quinta-feira, em consulta pública uma lista de importações dos EUA que podem ficar ser sujeitas a “contramedidas da UE, caso as negociações em andamento entre a UE e os EUA não resultem em um resultado mutuamente benéfico e na remoção das tarifas dos EUA”, adianta em comunicado.
Esta lista inclui importações dos EUA no valor de 95 mil milhões de euros, “abrangendo uma ampla gama de produtos industriais e agrícolas”. Bruxelas está ainda a considerar possíveis restrições a determinadas exportações da UE para os Estados Unidos, no valor de 4,4 mil milhões de euros, incluindo sucata de aço e produtos químicos.
Segundo o comunicado divulgado esta quinta-feira, estas contramedidas são uma resposta quer às tarifas universais sobre as importações que chegam da UE, quer às taxas de 25% que já estão em vigor sobre automóveis e peças.
Bruxelas salvaguarda que estas medidas apenas irão concretizar-se caso falhem as negociações que estão neste momento a decorrer entre a região e Washington, mas a UE já está a “preparar possíveis medidas de retaliação para proteger os seus consumidores e indústria, caso as negociações não tenham um desfecho satisfatório”, indica a Comissão Europeia.
A União Europeia também vai avançar com um litígio Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os EUA sobre as chamadas tarifas “recíprocas” e sobre as taxas sobre carros e peças de automóveis, apresentando formalmente um pedido de consulta.
“A visão inequívoca da UE é que estas tarifas violam gravemente as regras fundamentais da OMC. O objetivo da UE é, portanto, reafirmar que as regras acordadas internacionalmente são importantes e não podem ser desconsideradas unilateralmente por nenhum membro da OMC, incluindo os EUA”, explica a Comissão.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, realça que “as tarifas já estão a ter um impacto negativo nas economias globais” e UE continua “totalmente comprometida” em negociar com os EUA. “Acreditamos que há bons acordos a serem feitos para o benefício de consumidores e empresas em ambos os lados do Atlântico. Ao mesmo tempo, continuamos a preparar-nos para todas as possibilidades e a consulta lançada hoje irá ajudar-nos a orientar-nos neste trabalho necessário”, acrescenta.
A Comissão adianta ainda que atualmente 379 mil milhões de euros de exportações da UE para os EUA, ou 70% das exportações para os EUA, estão sujeitas a novas tarifas (incluindo tarifas suspensas) desde que o novo governo dos EUA assumiu o poder. Segundo Bruxelas, as tarifas dos EUA já estão a resultar num aumento dos custos das empresas, com impacto no crescimento, na inflação e a gerar maior incerteza económica.
A consulta pública decorre até 10 de junho.
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