“Não há nenhuma conversa com empresas do PSI que não tenha IA”

Líder da AWS em Portugal diz que todas as empresas da bolsa com quem trabalha querem aplicar IA. A tecnológica estima que 96 mil empresas portuguesas usaram IA pela primeira vez no último ano.

AWS é a subsidiária de cloud do grupo norte-americano AmazonWikimedia Commons

A AWS, subsidiária do grupo Amazon que fornece serviços na cloud, acredita que a percentagem de empresas portuguesas que utilizam inteligência artificial (IA) é quase quatro vezes superior ao que indicam os dados oficiais. Um estudo encomendado à consultora britânica Strand Partners, divulgado esta quarta-feira, estima que 96 mil empresas usaram IA pela primeira vez no último ano e que mais de 600 mil recorrem atualmente a este tipo de tecnologia, o que corresponde a 41% do tecido empresarial nacional.

“Diria que quase 80% das empresas do PSI trabalham connosco e não há nenhuma conversa com elas que não inclua IA”, comenta Suzana Curic, country leader da AWS em Espanha e Portugal. “A metodologia que seguimos e o que resultou deste relatório está em linha com o que vemos na maioria dos estudos europeus: há uma adoção entre 20 e 50%”, assegura a gestora, quando inquirida sobre os diferentes indicadores.

O último inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicado em novembro de 2024, apontou para uma taxa de adoção de apenas 8,6%, enquanto a média europeia, segundo o Eurostat, é ligeiramente inferior a 13,5%. Foi com base neste indicador que a Comissão Europeia anunciou em abril que irá apresentar este ano a estratégia Aplicar IA, uma política pública para fomentar a adoção destas tecnologias por empresas de vários setores e também pelo setor público.

Falando sobre os resultados apurados pela Strand Partners para a AWS, Suzana Curic destaca que “o estudo mostra que as startups estão maduras” em termos de adoção de IA e que a tecnologia está bem enraizada em mais de 60% das mesmas. “Temos alguns casos como a Visor.AI, a Clever Advertising ou mesmo a Unbabel, que são startups late stage e que estão a usá-la profundamente”, refere.

“Mas se olharmos para a parte empresarial e para as PME, há uma adoção mais superficial”, nota a responsável. É o caso do uso de chatbots, um tipo de aplicação de IA que se começa a generalizar em muitas empresas, principalmente no atendimento dos clientes.

Diria que quase 80% das empresas do PSI trabalham connosco e não há nenhuma conversa com elas que não inclua IA.

Suzana Curic

Country leader da AWS em Espanha e Portugal

O estudo da AWS sublinha também que 77% das empresas que adotaram IA reportaram “melhorias de produtividade transformadoras ou significativas” e que 94% das empresas relatam “um aumento das receitas graças à adoção de IA”.

Fundado por Jeff Bezos, o grupo Amazon informou em fevereiro que planeia investir 100 mil milhões de dólares (quase 90 mil milhões de euros) este ano em IA, depois de já ter investido o equivalente a 74 mil milhões de euros no ano passado, principalmente em infraestruturas como data centers, redes e hardware usados pelas empresas na IA generativa.

Apesar de ver perto de metade das empresas portuguesas a usarem IA, a líder da AWS no mercado português apela a mais incentivos à adoção de IA pelas autoridades nacionais e europeias.

“A incerteza regulamentar é um dos desafios que 37% das empresas portuguesas dizem que é uma barreira fundamental”, diz Suzana Curic, apelando à União Europeia para “clarificar essa questão”. Esse é, precisamente, outro dos aspetos que a Comissão já sinalizou que irá abordar na estratégia Aplicar IA, estando também prevista a criação de um “balcão” para apoiar as empresas no cumprimento da nova lei europeia da IA.

A gestora da AWS acredita também que muitos líderes empresariais irão sentir mais confiança em aplicar IA à medida que mais entidades públicas usem a tecnologia. E, numa altura em que Portugal está a desenvolver um modelo de linguagem natural nacional, o Amália, para vir a ser usado pelo Estado, pelas empresas e pelos cidadãos, Suzana Curic afirma tratar-se de uma boa iniciativa por parte do país: “Olhamos sempre para o que o cliente quer e o que o mercado quer. Tanto é custo como latência ou precisão. Se há mercado para um LLM português, então isso é definitivamente algo para o qual o Governo deve olhar.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Não há nenhuma conversa com empresas do PSI que não tenha IA”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião