José Luís Carneiro disponível para viabilizar Governo mas afasta bloco central
O eventual candidato à liderança do PS defende que o partido tem de ser "fator de estabilidade" e dialogar com a AD, mas considera que um bloco central "seria prejudicial".
José Luís Carneiro, que perdeu as últimas eleições internas no PS para Pedro Nuno Santos, volta a posicionar-se para uma nova “eventual” candidatura a secretário-geral socialista, depois da hecatombe eleitoral do PS. O socialista admite viabilizar o Governo de Luís Montenegro, mas afasta um bloco central, afirmou segunda-feira em entrevista à CNN Portugal.
“O PS deve ser aquilo que sempre foi, um fator de estabilidade e de confiança no futuro. Temos de ter a capacidade de, em sede parlamentar, sermos capazes de assentar compromissos, PS e AD. E o PS deve ser claro na garantia de viabilização do Governo, porque é isso que os cidadãos nos pedem”, sublinhou o antigo ministro da Administração Interna e atual membro da comissão política nacional do PS.
No entanto, salvaguardou, “não é uma estabilidade pela estabilidade”. Essa estabilidade “tem de responder aos desafios da democracia daí a necessidade de um impulso reformista”, sustentou. E afastou totalmente um acordo de centrão: “Estamos fora da opção de um bloco central, não é necessário e seria prejudicial aos dois partidos subsumirem-se, mas é possível um quadro parlamentar com um impulso reformista”.
Assumindo a divergência de posições face a Pedro Nuno Santos, Carneiro considera que o PS “tem de ter a capacidade de, em diálogo com a AD, garantir o crescimento da economia, a atração de investimento, de promover uma política fiscal para reduzir a pobreza e as desigualdades”. De lembrar que Pedro Nuno Santos, quando anunciou a sua demissão, na noite eleitoral de domingo, afirmou que nunca daria suporte a um Governo da Aliança Democrática. Por isso, decidiu sair de cena para não ser um “estorvo” a quem tomar decisão diferente.
José Luís Carneiro explicou ainda que decidiu disponibilizar-se uma segunda vez para a liderança do PS “para servir o país, mantendo o diálogo com os camaradas”.
“Tenho um dever constituído quando fui candidato pela primeira vez, há um ano atrás, e hoje essa responsabilidade é acrescida pela crise política que estamos a viver”, sublinhou.
Sobre o calendário para as eleições internas, Carneiro concorda com a proposta que o presidente do partido, Carlos César, vai apresentar na reunião da comissão nacional de sábado. O congresso “pode ser feito no fim de junho e final de julho, mas há sempre a possibilidade de fazer a eleição, dando logo legitimidade ao novo secretário-geral e depois realizar o congresso com a eleição dos delegados depois das das eleições autárquicas”, esclareceu.
O socialista explicou que a eleição do novo líder socialista deve ocorrer o mais rapidamente possível, porque “o vazio na vida política é algo que prejudica a eficácia da resposta aos cidadãos”. Para além disso, argumentou, “é necessário escolher, nas próximas semanas, a liderança do grupo parlamentar e dar orientações políticas sobre a viabilização do programa do Governo”.
Pedro Nuno Santos deixa de ser secretário-geral do PS já no próximo sábado, após a comissão nacional, e será o presidente do partido, Carlos César, a assumir interinamente a liderança socialista, avançou à Lusa fonte oficial partidária.
O ex-ministro socialista, José Luís Carneiro, está, desde a noite de domingo, a ser “contactado por militantes do partido e por membros da sociedade civil”, no sentido de avançar com a candidatura à liderança.
Na noite de domingo, Pedro Nuno Santos assumiu a derrota nas legislativas e anunciou que iria convocar eleições internas às quais, assegurou, não se vai candidatar.
(Notícia atualizada às 21h57)
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