Pagamentos cada vez mais “invisíveis” obrigam a mais segurança
Os consumidores querem hoje fazer pagamentos de forma fácil e rápida, sendo necessário equilibrar esta necessidade com a segurança das operações, defendem especialistas do setor.
Os pagamentos são hoje mais simples e rápidos, com o cashless a dominar entre os consumidores. Uma facilidade oferecida pela evolução tecnológica que traz maiores exigências de segurança em todos os meios, numa era digital em que o número de fraudes, como o “olá pai, olá mãe”, está a aumentar.
“O mundo está a caminhar cada vez mais para uma experiência em que o pagamento se torna quase invisível”, disse Marcos Goulart , vice-presidente da GardaWorld, na 5.ª edição da Conferência New Money – New Wave of Digital Money, organizada pelo ECO e pela Morais Leitão esta terça-feira. Uma simplificação das operações que precisa de acontecer ao mesmo tempo que se reforça a sua segurança.
“A questão da segurança tem de ser transversal e tem de incluir todos os tipos de pagamento”, referiu, por outro lado, Vinay Pranjivan, especialista da DECO na área dos serviços financeiros, no mesmo painel sobre como compatibilizar as crescentes expectativas de usabilidade dos consumidores com as maiores exigências de segurança.
Hoje, todos os consumidores querem fazer pagamentos de forma fácil e rápida, “mas temos de assegurar que não há falhas, que não há alguém mal-intencionado a querer aproveitar-se dessa necessidade de fazer tudo rápido”. Para isso, os consumidores devem optar sempre por ter mais do que uma camada de segurança nestas operações, defendeu.
O especialista recordou ainda que os relatórios mais recentes da Autoridade Bancária Europeia mostram que “em 86% dos casos em que houve uma reclamação por fraude registada no contexto dos meios de pagamento, a responsabilidade teve de ser assumida pelo consumidor”, o que considera ser desproporcional.
A inteligência artificial (IA) pode ajudar a reforçar a segurança nos sistemas de pagamentos, mas tudo vai depender de como é que esta tecnologia é utilizada. “Depende da intenção de quem está a usar a ferramenta. Vai haver sempre alguém muito mal-intencionado a tentar burlar os sistemas de segurança”, notou Marcos Goulart, da GardaWorld, considerando que a IA é uma “ferramenta extremamente importante, mas, como sociedade, ainda precisamos de aprender a lidar com ela”.
Sistema além dos pagamentos
Os sistemas de pagamentos evoluíram e hoje fazem mais do que pagamentos. Os “terminais estão [agora] integrados nos sistemas de faturação”, explicou Tiago Oom, afirmando que, “isoladamente, a área de pagamentos deixa fazer sentido. Termos isto tudo junto é o caminho que temos de seguir”, referiu o head of merchant acquiring da Unicre.
Uma integração que pode ajudar a simplificar os processos, mas também pode adicionar complexidade. “Apesar de haver simplificação do processo, esta acaba por ser alcançada através de uma integração que gere uma complexidade na arquitetura dos sistemas de tecnologia de informação. Quando estamos a integrar vários sistemas que podem ser mais ou menos compatíveis, estamos a criar complexidade que pode gerar riscos, nomeadamente na área da cibersegurança“, disse, por outro lado, Nicole Fortunato, associada coordenadora da Morais Leitão.
Entre os principais desafios dos sistemas de pagamentos, há também a “questão da dependência. Tivemos o exemplo do apagão. As redes de comunicação começaram a falhar e ninguém tinha dinheiro em casa. Temos estas causas de força maior para ponderar se não temos de manter alguma redundância com sistemas mais tradicionais. Caso o ambiente digital falhe, termos redundâncias que permitam manter os serviços mínimos”, continuou.
De acordo com os especialistas, o dinheiro físico deve continuar a existir nas nossas carteiras. “Devemos ter o dinheiro como plano de backup“, disse Tiago Oom, da Unicre. Uma posição partilhada por Vinay Pranjivan, da DECO, afirmando que o “consumidor deve ter mais soluções de pagamento à sua disposição, mas o numerário tem de ser salvaguardado”.
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