Empresas antecipam aumento do risco de incumprimento de pagamentos

A maioria das empresas está a receber os pagamentos num prazo entre 30 e 70 dias, enquanto apenas 11% recebem pagamentos em menos de 30.

A instabilidade no comércio internacional marcado pela guerra comercial e volatilidade dos mercados está a afetar as expectativas das empresas exportadoras: 48% antecipam um aumento do risco de incumprimento de pagamentos desde a imposição de novas tarifas do presidente norte-americano Donald Trump. Os atrasos nos pagamentos tornam-se mais frequentes e, consoante os termos das apólices, os seguros de crédito ter de ser acionados para cobrir eventuais prejuízos.

A maioria das empresas está a receber os pagamentos entre 30 e 70 dias, enquanto apenas 11% recebem pagamentos em menos de 30, o que aumenta a exposição ao risco financeiro. O alargamento dos prazos é mais expressivo nas grandes empresas, com 26% a reportarem prazos superiores a 70 dias, contra 18% do total da amostra do inquérito da Allianz Trade. A conclusão consta num novo estudo da Allianz Trade, que teve por base um inquérito a 4.500 empresas na China, França, Alemanha, Itália, Polónia, Singapura, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. O inquérito teve duas fases: antes e depois dos anúncios da imposição de novas tarifas alfandegárias por Donald

Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade: “Tendo navegado por sucessivos choques desde 2020, [as empresas] estão mais uma vez a adaptar-se, a diversificar parceiros, a reconfigurar a logística e a incorporar mecanismos de partilha de risco em toda a cadeia de valor”.
Uma em cada quatro empresas está a considerar suspender temporariamente a produção devido à combinação da guerra comercial com a volatilidade monetária, principalmente as dos setores que dependem de bens intermédios importados.

No que diz respeito à perceção de risco, a maioria das empresas (60%) esperam um impacto negativo da guerra comercial e 45% preveem uma redução no volume de negócios das exportações.

Perante estes resultados, a CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui, assinala que a incerteza e fragmentação do mercado estão a tornar-se estruturais. “Os números falam por si: as expectativas positivas globais de exportação caíram de 80% para 40%, e 42% das empresas esperam agora que o volume de negócios de exportação caía entre 2% e 10%, comparando com apenas 5% antes do Dia da Libertação”, afirma a CEO. Aylin Somersan Coqui acredita que os acordos bilaterais recentemente estabelecidos entre os EUA e o Reino Unido e a China, não vão evitar perdas globais de exportação de 305 mil milhões de dólares.

É na capacidade de adaptação das empresas que pode estar o escudo para se protegem da volatilidade económica. “Tendo navegado por sucessivos choques desde 2020, [as empresas] estão mais uma vez a adaptar-se, a diversificar parceiros, a reconfigurar a logística e a incorporar mecanismos de partilha de risco em toda a cadeia de valor. No atual ambiente comercial, o sucesso depende cada vez mais da capacidade de adaptação”, afirma.

Algumas empresas estão a aproveitar o alívio temporário das tarifas para antecipar envios internacionais antes que voltem a subir. Repetindo assim o movimento do início do ano quando 86% das empresas norte-americanas afirmaram ter antecipado envios para a China e para a União Europeia antes da aplicação das novas tarifas.

Quanto às parcerias globais das empresas, a procura de novos mercados deverá continuar a ser a segunda opção preferida para mitigar o impacto das tarifas. Mais de um terço das empresas inquiridas já encontrou novos mercados de exportação, enquanto quase dois terços estavam a planear fazê-lo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Empresas antecipam aumento do risco de incumprimento de pagamentos

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião