Miranda Sarmento contra compra de Novobanco pelo CaixaBank. “Era bom que a presença espanhola não aumentasse”

Ministro das Finanças assinala que banca espanhola já significa 1/3 do mercado bancário português e alerta para riscos de concentração e dependência excessiva.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, considera que o peso da banca espanhola no mercado bancário português não deveria aumentar, sinalizando assim que não vê com bons olhos uma eventual compra do Novobanco pelo CaixaBank, donos do BPI.

A banca espanhola representa hoje sensivelmente 1/3, talvez um pouco mais de 1/3, do mercado bancário português. Creio que por uma questão de concentração e dependência esse valor não deveria subir“, afirmou o ministro das Finanças na quarta-feira à noite ao programa “Grande Entrevista” da RTP3.

Questionado sobre as notícias que dão conta de que o CaixaBank está entre os bancos que exploram uma potencial aquisição do Novobanco, o governante considerou que “é do interesse do país que não haja uma excessiva concentração do setor bancário de bancos de um único país, como é o caso de Espanha“.

Era bom para o mercado bancário português que a presença espanhola, contra a qual não temos naturalmente nada contra, não aumentasse“, afirmou. Como o ECO explica aqui, caso a operação tenha lugar, cerca de 51,5% do mercado de crédito em Portugal passaria a ser controlado por bancos de capital espanhol, face aos atuais 40%, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados da Associação Portuguesa de Bancos (APB) relativos a junho de 2024.

Realçando não querer “pôr em causa aquilo que são as regras do mercado, aquilo que será a decisão da Lone Star”, com a solução a passar pela venda ou por um IPO, sublinhou todavia que “sempre que há uma concentração e dependência excessiva de um determinado segmento no mercado” existem “problemas no mercado”.

Se o Novobanco decidir avançar para a bolsa, poderá protagonizar a maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de um banco europeu em pelo menos dez anos, de acordo com a agência de notação financeira Standard & Poor’s.

Joaquim Miranda Sarmento sublinhou ainda que, no que toca à decisão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), terá de ser o banco público a “analisar quais as condições de mercado e se faz sentido entrar” na corrida à compra do Novobanco. O Caixabank poderá não estar sozinho na corrida. O ECO adiantou em abril que também o grupo francês BPCE, dono do Natixis, também está a avaliar o dossiê.

As declarações de Miranda Sarmento ocorrem no mesmo dia em que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considerou que qualquer se seja a solução de venda do Novobanco deve “resultado da atuação do mercado”, mas sublinhou que se trata de um mercado “altamente regulado” e que há regras que todos devem respeitar.

Todos os resultados que se venham a operar – e focando na questão do Novobanco — devem resultar da atuação do mercado. O mercado é altamente regulado e supervisionado, para o bem de todos. Há regras”, referiu Mário Centeno durante a conferência de imprensa de apresentação do Relatório do Conselho de Administração.

Para o responsável do supervisor bancário português, “o que resulte de uma atuação de agentes de mercado tem de respeitar as regras desse mercado, é aquilo que estamos focados em olhar”, sublinhando que existe a “preocupação muito grande do supervisor quanto à sua estabilidade e sustentabilidade para que não ocorram erros como aqueles que se deram no passado com dinâmicas setoriais menos adequadas”.

O Novobanco poderá estar avaliado entre cinco e sete mil milhões de euros, segundo as estimativas do banco de investimento espanhol JB Capital.

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