
DEI, sustentabilidade com equilíbrio. Mais do que implementar, importa integrar
O futuro do trabalho será, inevitavelmente, mais diverso — mas o desafio está em garantir que também será mais equilibrado, mais justo e mais humano.
A Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) tornaram-se, ao longo das últimas décadas, parte integrante da linguagem empresarial contemporânea. Em muitas organizações, sobretudo nas mais expostas ao escrutínio público, surgiram iniciativas e compromissos com vista à construção de ambientes de trabalho mais justos, representativos e inclusivos. Este é, sem dúvida, um avanço importante. Mas está longe de ser suficiente.
Nos Estados Unidos, assistimos recentemente a um movimento de recuo liderado pela administração Trump, que procura deslegitimar políticas de DEI em vários sectores. É um sinal claro de que os progressos sociais, mesmo quando assumidos como conquistas civilizacionais, não estão garantidos. Já na Europa, o desafio é outro: por vezes, não é o excesso de intensidade que fragiliza a causa, mas sim a falta de equilíbrio e de bom senso na forma como se aplica e comunica.
É fundamental reconhecer que DEI não é um fim em si mesmo. É um meio para construir culturas organizacionais mais fortes, mais inovadoras e mais alinhadas com os valores que queremos ver na sociedade. Mas para que estas políticas sejam sustentáveis, é essencial que sejam pensadas com profundidade, aplicadas com maturidade e adaptadas à realidade concreta de cada organização.
A criação de comités, ações de formação, metas de diversidade ou códigos de conduta são pontos de partida úteis. Mas o verdadeiro impacto só surge quando a DEI deixa de ser uma resposta a pressões externas e passa a fazer parte do funcionamento natural da organização. Isso exige continuidade, capacidade de escuta, análise de resultados e abertura para ajustar estratégias.
A diversidade é, sem dúvida, uma fonte de riqueza. Mas é a equidade que garante acesso real às oportunidades. E é a inclusão que transforma a diversidade numa mais-valia tangível. No entanto, quando estas dimensões são tratadas de forma rígida, binária ou ideológica, perdem o seu potencial transformador. A sensatez — tão ausente nos debates públicos — é, paradoxalmente, a base para que a DEI seja eficaz, respeitada e duradoura.
Num tempo em que as polarizações tendem a reduzir tudo a extremos, é responsabilidade das lideranças empresariais encontrar o caminho do meio: afirmar políticas de DEI com clareza, mas sem dogmas; agir com convicção, mas com pragmatismo; e liderar pelo exemplo, não apenas pela narrativa.
O futuro do trabalho será, inevitavelmente, mais diverso — mas o desafio está em garantir que também será mais equilibrado, mais justo e mais humano. Não basta implementar. É preciso integrar, mas também com ponderação e visão de longo prazo.
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