Medina preocupado com perda de “relevância” do PS. Alegre alerta para risco de “decadência”

  • ECO
  • 11:30

Fernando Medina considera que desafios sobre a relevância do PS “são os mais exigentes das últimas décadas”. Manuel Alegre critica partido “muito fechado em si mesmo” e com “problemas estruturais”.

Depois de umas eleições legislativas em que o PS registou um dos seus piores resultados de sempre, que culminaram na demissão imediata do seu líder Pedro Nuno Santos, várias figuras do partido avaliam agora os desafios que se afiguram para os socialistas no futuro, diante de um cenário de forte crescimento do Chega.

Num artigo de opinião no Jornal de Negócios, Fernando Medina escreve que “os desafios sobre a relevância do Partido Socialista são os mais exigentes das últimas décadas“. Para o ex-ministro das Finanças, que já se afastou da corrida à liderança, os resultados do PS na eleição de 18 de maio, não sendo os piores da sua história em valor absoluto, “são politicamente os mais difíceis”.

Isto porque, em vez de um “quadro de normal alternância (ou continuidade) democrática”, os resultados das legislativas “fazem-se num quadro de significativa subida da extrema-direita, e de um quadro político marcado por três polos e não dois como até há pouco”, assinala.

No entender de Medina, como a votação não permitiu alcançar uma maioria absoluta de um dos dois polos democráticos do sistema, a tendência da governação será “mais a de assegurar o permanente apoio popular, evitando medidas necessárias e justas que imponham custos de curto prazo”. Neste contexto, acrescenta, “as finanças públicas costumam sofrer bastante”.

Manuel Alegre, histórico socialista, vê o partido “fechado em si mesmo” e com “problemas estruturais”. Em declarações ao Público, defende que o PS deve “restabelecer a sua ligação à sociedade civil”, “refazer a sua ligação com a juventude e os setores dinâmicos da sociedade” e “voltar a ser o partido dos pobres e desprotegidos”, e “não deixar esse terreno ao Chega”, alertando para o que aconteceu com os partidos socialistas na França e na Grécia.

Sobre o crescimento do Chega, Alegre considera que tanto o PS como o PSD o subestimaram: estiveram “demasiado absorvidos” em combaterem-se mutuamente, quando “o inimigo principal era o Chega”. “O Chega é um problema de regime. Devia ter havido mais lucidez e preocupação” com o fenómeno que representa, sublinha.

Numa altura em que José Luís Carneiro se afigura como candidato único à liderança dos socialistas após a demissão de Pedro Nuno Santos, o histórico do PS avisa que não chega substituir o secretário-geral para resolver os problemas do partido. “Se vamos substituir um líder por outro sem fazer uma reflexão e corrigir os problemas estruturais fica tudo na mesma. E, nesse caso, o PS caminhará para a “decadência”, alerta Manuel Alegre.

Já para José Vieira da Silva, que apoiou José Luís Carneiro para suceder a António Costa na liderança do partido em 2023, a imagem de Pedro Nuno Santos “não gerou suficiente apelo para que valesse mais do que o partido”, tendo em conta que as legislativas são, hoje em dia, eleições muito personalizadas.

Citado no mesmo artigo, o ex-ministro do Trabalho e Solidariedade considera que a campanha eleitoral teve uma “colagem muito elevada à imagem de Pedro Nuno Santos, que teve bons desempenhos nos debates televisivos, mas não fazia a diferença”.

No entanto, o antigo ministro do primeiro Governo de António Costa liga o resultado do PS nas legislativas de domingo a outros fatores. Por um lado, devido a uma falta de compreensão da mensagem do PS pelo eleitorado, que, na sua visão, “não consegue avaliar o Governo num ano”. Os temas da saúde e das previsões económicas, que foram dois eixos centrais da campanha socialista, “não tinham poder eleitoral que permitisse a recuperação eleitoral do PS”.

Por outro lado, deveu-se à “incapacidade de muita gente acompanhar os detalhes do que estava em causa” relativamente à distinção entre “moção de censura” (que o PS nunca apoiou) e “moção de confiança” (que o Governo apresentou quando já sabia que o secretário-geral socialista tinha afirmado que nunca viabilizaria nenhuma).

Vieira da Silva acredita que, se não fosse o caso Spinumviva, o crescimento da AD seria “muito substancial”. Mas, mesmo nessa matéria, “ninguém percebeu a orientação do PS”, atira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Medina preocupado com perda de “relevância” do PS. Alegre alerta para risco de “decadência”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião