Líderes do BCP e BPI trocam ‘galhardetes’ sobre Novobanco

“Não esqueço os tempos da troika. Os bancos que apoiaram o Estado foram Caixa, BCP e BES”, recordou Miguel Maya. Oliveira e Costa ripostou: “Para os acionistas desses bancos correu-lhe muito mal".

Os líderes do BCP e do BPI envolveram-se numa troca de ‘galhardetes’ a propósito do tema do Novobanco e da possibilidade de os espanhóis reforçarem a sua importância no sistema financeiro nacional. “Nunca me esqueço dos tempos da troika e da assistência financeira. Era preciso dar apoio ao Estado português e os bancos que apoiaram chamam-se Caixa, BCP e na altura BES. Os outros [BPI e Santander] mantinham a posição, mas tinham obviamente um enquadramento que era definido lá fora”, recordou Miguel Maya. João Pedro Oliveira e Costa respondeu a seguir: “Para os acionistas desses bancos correu-lhes muito mal”.

Os dois banqueiros falavam na Money Conference, organizada pelo Diário de Notícias. E um dos temas que surgiu foi o processo de venda do Novobanco.

Miguel Maya considerou que é bom um equilíbrio no mercado bancário português e elogiou a presença espanhola por cá: “É ótimo ter bancos de matriz espanhola a operarem em Portugal e têm contribuído muitíssimo para o desenvolvimento da economia portuguesa”.

Mas acrescentou de seguida: “Não sou radical, é bom haver diversidade, mas é muito bom ter banca nacional”.

A resposta de João Pedro Oliveira e Costa, líder do BPI, detido pelos espanhóis do Caixabank e de quem se especula que poderá avançar para a compra do Novobanco, foi dura e longa. “É importante recordar tudo e não apenas parte”, disse.

“Não concordo com ‘Operações Coração'”

“Não foram os três bancos que o banco falou, acho que o sistema português trabalhou na famosa Operação Coração. Não concordo com operações coração. Todos aprendemos uma grande lição e ainda hoje estamos a pagar essa fatura”, começou por referir o gestor.

“Também não acredito que os bancos sejam instrumentos do Estado, para que os políticos que executam mal as suas funções e depois nós tenhamos de ir apagar os fogos e pagar as faturas duas vezes”, acrescentou.

Referindo-se diretamente à afirmação de Miguel Maya, Oliveira e Costa lembrou também que para os acionistas dos três bancos – Caixa, BCP e BES – também não lhes correu bem. “Correu-lhes até muito mal”. “E ainda passamos a vergonha de assistir a uma CPI onde há uma data de gente em que não se lembram de nada”, afirmou ainda.

“Este foi o cenário em que nós passamos e que acho que nos livrámos. Voltar a ele é altamente negativo”, atirou.

O líder do BPI recordou ainda que quando dois bancos estrangeiros decidiram sair de Portugal – o Barclays e o Deutsche Bank – foram dois bancos espanhóis que compraram o negócio (Bankinter e Abanca). “Não há capital nacional privado para ter um papel importante na banca portuguesa”, notou.

João Pedro Oliveira e Costa assegurou ainda que desde que tomou a liderança do BPI há cinco anos sempre tomou as decisões “aqui” e que não precisou de passar a fronteira. “Sempre tive o centro de decisão em Portugal e no dia em que não tiver aqui o centro de decisão vou me embora”, disse.

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