Exclusivo CEO da Cloudflare terá estado envolvido em incidente à saída de Tires, acusa diretor do aeródromo
Matthew Prince terá tentado embarcar este domingo à noite na sua aeronave privada sem controlo de bagagem. Ocorrência foi registada pelas empresas de segurança privada e ‘handling’ e reportada à ANAC.
O CEO da tecnológica norte-americana Cloudflare, que esta segunda-feira voltou a fazer críticas à burocracia e aos aeroportos de Portugal, terá estado envolvido numa situação de desobediência aos responsáveis de segurança em Tires durante o fim de semana. O diretor do Aeródromo de Cascais confirmou ao ECO que reportou à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) uma ocorrência com Matthew Prince, passageiro frequente desta infraestrutura aeroportuária.
“Sucede que o senhor [Matthew] Prince, que costuma vir com as suas aeronaves para o Aeródromo Municipal de Tires, teve um voo ontem ao final do dia [por volta das 22h30] e, ao que parece – estamos ainda a apurar – teve uma má reação perante o rastreamento da sua bagagem que vai a bordo do avião”, revela o diretor do Aeródromo Municipal de Cascais.
Jorge Roquette Cardoso diz que o controlo de malas é “absolutamente normal” para qualquer passageiro, independentemente de se deslocar num avião próprio, alugado ou de uma companhia aérea. “Isto decorre das regras da segurança da aviação civil. Ninguém entra a bordo de uma aeronave sem ter o devido rastreamento por metais e por raio-X”, reforça.
A direção do aeródromo de Tires recebeu esta segunda os relatórios das ocorrências realizado pelas empresas de segurança privada e de handling (dois documentos distintos) e reencaminhou-os à ANAC através da Comissão Nacional de Facilitação e Segurança da Aviação Civil (FALSEC). “Demos conta dos factos, que são de alguma gravidade”, afirmou Jorge Roquette Cardoso ao ECO.
“Alegadamente, o comandante do voo [Peter Duncan Stewart] e o senhor Prince mostraram muito desconforto por os estarem a obrigar ao rastreamento das suas bagagens. Terá dito que o avião é dele e que não tem que rastrear algo que vai para dentro do seu avião. Ora, isto não faz qualquer sentido. É descabido alguém não querer ser rastreado. A ANAC segue as regras da Agência Europeia de Aviação Civil. Houve exaltação, gritos…”, conta ainda o responsável pelo Aeródromo de Cascais.
Jorge Roquette Cardoso indica que a Polícia de Segurança Pública, que estava a fazer o controlo de fronteira, e os elementos da Alfândega de Lisboa, dos serviços aduaneiros, terão testemunhado o ocorrido e tentado “acalmar os ânimos” para evitar confrontos. O relatório detalha que a aeronave em causa tinha 10 passageiros, alguns dos quais se encontravam em “estado nervoso/alterado”.
O CEO da Cloudflare é um crítico dos aeroportos nacionais, pelo menos, desde 2018. Esta tarde adensou as queixas na rede social X, onde escreveu que “talvez” o aeroporto de Lisboa tenha ganho o prémio de melhor aeroporto em 2020, “quando não havia passageiros para votar devido à Covid-19″, portanto foi “literalmente um ato de aleatoriedade”.
Em resposta a um comentário online de que existem aeroportos piores no mundo, como o de Newark, o CEO respondeu: “Existem três opções para chegar a Nova Iorque e Newark é apenas uma delas. Mais sete se estiveres disposto a apanhar um comboio durante 90 minutos. Quando Lisboa tiver mais do que uma pista ligue-me”. E antecipa até que o Aeroporto Humberto Delgado tenha um “acidente fatal” antes de Newark.
Horas antes, referiu que Portugal não é um “país sério”, tendo as condições para o investimento piorado nos últimos seis anos de presença da Cloudflare em território nacional. “Todas as promessa que o Governo fez para reduzir a burocracia, tornando mais fácil a operar como negócio para tentar contratar, foram quebradas”, acusou o CEO da gigante norte-americana, numa publicação na X (antigo Twitter).
O ECO contactou a Cloudflare sobre este alegado incidente, mas até ao momento não foi possível obter comentários.
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