Mercados passam ao lado do resultado das eleições alemãs

As bolsas europeias seguem entre ganhos e perdas ligeiras, enquanto os juros aliviam. Só o euro recua, mas pode nem relacionar-se com as eleições na Alemanha.

O resultado das eleições legislativas na Alemanha que ditou a maioria ao partido de Angela Merkel, mas obriga a uma coligação para formar Governo não parece estar a preocupar os investidores. As principais bolsas do Velho Continente oscilam entre ganhos e perdas ligeiras, parecendo assim desvalorizar eventuais dificuldades que a atual chanceler alemã venha a ter para conseguir formar Governo. O mesmo acontece com os juros soberanos. Só o euro desliza.

Após um arranque de sessão marcado por perdas, mas ligeiras, para a maioria dos principais índices bolsistas europeus, alguns já provam ganhos. É o que acontece com o Stoxx 600 que avança 0,13%, para os 383,72 pontos, com apenas cinco dos seus 19 setores a seguirem no vermelho. A própria bolsa de Frankfurt também segue em terreno positivo, com o DAX a valorizar 0,12%, para os 12.607,24 pontos. No mesmo sentido segue o PSI-20, que após um arranque negativo inverteu de rumo e já conhece ganhos. O índice de referência da bolsa nacional soma 0,11%, para os 5.316,12 pontos.

Um pouco mais a sul, o francês CAC segue em contraciclo, mas sofrendo perdas modestas. O índice bolsista parisiense recua 0,07%, para os 5.277,85 pontos. O desempenho mais negativo na Europa, é protagonizado pelo espanhol IBEX que recua 0,55%, para os 10.248,2 pontos, numa altura em que Espanha está mergulhada na instabilidade a escassos dias de se realizar o referendo à independência na Catalunha.

Já no que respeita ao euro, é onde se nota uma maior pressão negativa. A moeda única da zona euro recua 0,37%, para os 1,1906 dólares, após duas sessões consecutivas de subidas. Contudo, os especialistas não parecem estar a relacionar a perda de fôlego da moeda única com o resultado eleitoral na Alemanha.

"O impacto é limitado já que o resultado das eleições alemãs são, para já, mais uma questão de política doméstica do que uma tendência europeia, e o euro irá ser mais sensível a qualquer mudança de direção por parte da política do Banco Central Europeu.”

Viraj Patel

Analista do ING

O impacto é limitado já que o resultado das eleições alemãs são, para já, mais uma questão de política doméstica do que uma tendência europeia, e o euro irá ser mais sensível a qualquer mudança de direção por parte da política do Banco Central Europeu”, afirmou Viraj Patel, estratega do mercado cambial do ING, citado pela Bloomberg.

Já Michael Strobaek, responsável pela estratégia de investimentos do Credit Suisse, defendeu numa nota enviada a clientes, que o resultado das eleições germânicas não representa uma mudança de jogo para os mercados, salientando que até pode ser positivo para as ações alemãs.

"Com as eleições na Alemanha, França e holandesas agora completadas, o risco político relacionado com os partidos eurocéticos — uma das maiores preocupações de 2017 — está agora claramente aliviado.”

Peter Wilmshurst

Analista da Franklin Templeton

Os mercados poderão estar mesmo a respirar de algum alívio, já que as eleições alemãs fecham o ciclo eleitoral de 2017 que mais fazia temer os investidores. “Com as eleições na Alemanha, França e holandesas agora completadas, o risco político relacionado com os partidos eurocéticos — uma das maiores preocupações de 2017 — está agora claramente aliviado”, afirmou Peter Wilmshurst, que gere um fundo de ações globais da Franklin Templeton, citado pela Bloomberg.

Já no mercado da dívida, os juros alemães beneficiam de um alívio, com a taxa a dez anos a recuar 1,6 pontos base, para os 0,43%. O mesmo acontece com a dívida nacional, com a yield no mesmo prazo a descer ligeiramente — menos de um ponto base, para os 2,43%.

Mas nem todos parecem partilhar dessas opiniões positivas. Klaus Wohlrabe, é uma dessas pessoas. O economista-chefe do instituto económico Ifo, diz que o resultado das eleições alemãs pode provocar a incerteza nos negócios. “Neste momento, as pessoas estão perplexas”, afirmou Klaus Wohrabe, citado pela Reuters, acrescentando que a designada “coligação da Jamaica” entre os Conservadores da chanceler alemã com os Democratas Livres e os Verdes seria difícil de alcançar. Wohrabe diz não ser de excluir a possibilidade de se terem de realizar novas eleições, em resultado da dificuldade de formar governo. “Tal incerteza pode certamente espalhar-se”, afirma.

Os dados divulgados esta segunda-feira revelam que a confiança empresarial na Alemanha baixou em setembro pelo segundo mês consecutivo e depois de três recordes seguidos, atingindo agora 115,2 pontos, de acordo com dados do Ifo, citados pela Lusa. As expectativas dos empresários também recuaram.

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