O que vai fazer Passos Coelho?
Qual é a pergunta que ainda está por responder perante o desastre eleitoral destas autárquicas? O que vai fazer Pedro Passos Coelho.
Em 2001, um primeiro-ministro apresentou a demissão por causa do resultado das autárquicas, em 2017 é o líder da Oposição que vai ter de fazer uma nova prova de vida política, desde logo dentro do próprio partido. As eleições foram autárquicas, a leitura é sempre nacional. Os resultados do PSD em Lisboa e no Porto são maus demais, e a responsabilidade é de Pedro Passos Coelho, particularmente na capital, com uma candidatura penosa, e em esforço, de Teresa Leal Coelho. O país não é apenas Lisboa e Porto, mas é impossível omitir este desastre, sobretudo quando o próprio líder protagonizou um discurso nacional em cima da campanha autárquica.
A vida dos candidatos do PSD seria sempre difícil por causa dos resultados económicos do governo – com muitos ‘ses’, mas insuficientes para travar o ambiente quase eufórico no país -, e por isso mesmo Passos Coelho deveria ter preparado estas eleições com outro cuidado. no fundo, como se de uma prioridade se tratasse. Não era, não foi, Passos acreditou que o governo e a geringonça cairiam antes, e foi o que se viu. Um descalabro nas principais cidades, e não foi apenas nas duas maiores. Os candidatos do PS também ganharam à boleia de António Costa e do governo, mas Passos já sabia isso.
As vitórias em Lisboa e no Porto confirmaram-se, Fernando Medina será presidente da Câmara de Lisboa por direito e votos próprios, Rui Moreira está no limiar da maioria absoluta depois de uma má campanha e de quatro anos de governação. Até aqui, quase nada de novo, mesmo tendo em conta algumas dúvidas que se instalaram na última semana. Não se confirmaram, e hoje, segunda-feira, o PS, o BE e o CDS podem reclamar vitória, a CDU vai fazer de conta que também ganhou. Já o PSD não pode dizer nem uma coisa, nem outra.
O PSD vai mesmo ter de fazer uma reflexão profunda sobre o papel que tem na oposição. Passos não ultrapassou a geringonça, o que fez nos últimos dois anos não chega e tem agora dois anos, previsivelmente em outubro de 2019, para se redefinir. Se chegar lá, porque agora vai ter oposição interna, desde logo de Rui Rio – duramente atacado por Rui Moreira no discurso de vitória no Porto. É o melhor que lhe pode suceder. Em primeiro lugar, porque Passos tem uma posição relevante no partido e está longe de ter perdido o seu controlo, depois, porque se renovar a liderança, tem tempo para mudar de vida. E se perder, o PSD tem, ele próprio, uma nova vida, o que não quer dizer que seja melhor. Qualquer que seja o próximo passo, o líder do PSD deve ser o primeiro a dá-lo.
PS: Os eleitores de Oeiras elegeram Isaltino Morais para a presidência do município. É preciso dizer alguma coisa sobre valores e princípios?
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