Novo Banco. O melhor dos piores negócios
O Novo Banco já está vendido. Só falta o 'ok' final de Bruxelas, que deverá chegar na próxima semana. Fica fichado o melhor dos piores negócios.
Já está. Ainda não é oficial, mas já é seguro escrever hoje que o Novo Banco vai ser vendido ao fundo americano Lone Star, depois do sucesso da recompra de obrigações seniores com um impacto positivo de mais de 500 milhões de euros nos rácios de capital do banco. Uma notícia que o ECO revelou em primeira mão logo às primeiras horas desta quarta-feira. O que falta? O ‘ok’ formal de Bruxelas, que deverá ser dado na próxima semana.
Mais de três anos depois, chega ao fim um processo que, em determinados momentos, pareceu outra vez condenado ao insucesso. É bom recordar que esta venda é a segunda tentativa, a primeira falhou no final de 2015. Foi aí que entrou Sérgio Monteiro para coordenar a operação e, com António Ramalho na gestão, foi fechada a negociação com a Lone Star, primeiro, e agora a recompra de obrigações seniores para garantir um efeito positivo no capital (core tier one) superior a 500 milhões de euros. E os dois gestores, que já tinham trabalhado juntos nas infraestruturas, voltam a ser uma equipa que fecha negócios.
A venda é um sucesso? Nem por isso, basta recordar os milhares de milhões já postos no capital do Novo Banco desde 3 de agosto de 2014 e a garantia pública – também de 3,9 mil milhões – prestada agora para viabilizar a venda ao Lone Star. É o negócio possível, a partir de um banco resolvido (o erro capital), mais do que isso, é o negócio necessário, para garantir um novo dono do Novo Banco e para evitar uma nova resolução ou até uma liquidação. E se demorasse mais um ano, se isso fosse possível, pior seria.
Ainda me lembro dos primeiros números para a venda do Novo Banco logo a seguir à resolução. Cinco mil milhões? É possível, há dezenas de candidatos a levantarem o caderno de encargos. Depois, sucessivamente, os objetivos foram ajustados, e cada mês que passava, desapareciam mil milhões no preço.
Fica mais um dossiê fechado e é uma ironia que seja com a intervenção direta de um governante do anterior governo – Sérgio Monteiro – tão criticado pelo PS quando estava na oposição. Costa e Centeno podem agradecer-lhe o trabalho quando aparecerem a assumir o protagonismo desta operação (certo e sabido, vão fazê-lo).
O encerramento de mais um dossiê não é apenas importante para o Novo Banco e para o próprio sistema, é sobretudo importante para as empresas e para os clientes, porque António Ramalho – que deverá continuar na presidência executivo com o novo acionista – já saberá o que pode, e não pode fazer. E como foi importante o seu papel na estabilização de um banco que tinha tudo para ter corrido mal com tantas notícias que admitiam a sua liquidação.
Caberá agora ao Lone Star explicitar, publicamente, o que quer fazer do Novo Banco e esclarecer se está mesmo para ficar ou se vai ser um acionista com uma estratégia de curto prazo, se vai concentrar-se na reestruturação rápida do banco para o vender logo a seguir. Qualquer que seja a opção, é melhor do que o banco de transição que tínhamos até agora.
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