Finanças enganaram-se. Achavam que Comissão tinha melhorado projeção do PIB
O Ministério das Finanças enganou-se sobre as conclusões da Comissão Europeia. Numa primeira reação, sublinhava que a projeção do PIB para 2017 tinha sido revista em alta para 2,8%.
“A Comissão confirma o reforço do crescimento económico, assente na aceleração das exportações e do investimento, revendo em alta (mais 1,2 pontos percentuais) a sua projeção do crescimento para 2017, situando-o agora nos 2,8%,” lê-se no comunicado do Ministério das Finanças sobre o relatório de Bruxelas com as conclusões da sexta avaliação pós-programa de ajustamento. Só que não: Bruxelas não reviu em alta projeção nenhuma. O Ministério das Finanças enganou-se, confirmou fonte oficial ao ECO. A versão corrigida do comunicado já foi entretanto enviada às redações.
No relatório sobre a visita feita pelos peritos europeus a Lisboa, que decorreu entre 26 de junho e 4 de julho, a Comissão Europeia opta por não atualizar estimativas e utiliza os números das Projeções de Primavera, publicadas em maio. Aliás, no anexo com as previsões indica isso mesmo.
Deste modo, a projeção de crescimento do PIB para 2017 mantém-se nos 1,8% — não porque a situação tenha sido reavaliada e o número se mantenha inalterado, mas antes porque as projeções não foram simplesmente atualizadas.
O mesmo acontece em relação ao défice, cuja projeção se mantém nos 1,8% do PIB, acima da meta de 1,5% definida pelo Governo, porque não foi atualizada. Pelo contrário, o primeiro comunicado das Finanças indicava que “a Comissão reviu em baixa a sua projeção para o défice de 2017”.
A próxima vez que a Comissão se vai pronunciar sobre os planos portugueses será em novembro, aquando da avaliação do esboço de Orçamento do Estado que o Executivo socialista tem de enviar até 15 de outubro para a Comissão. Nessa altura, os compromissos assumidos pelo Governo serão reavaliados à luz de informação atualizada sobre 2017, tanto em termos de execução orçamental, como da própria economia. É nesse momento que é de esperar a atualização das projeções económicas.
Na versão corrigida do comunicado, o Ministério das Finanças argumenta que Bruxelas “confirma que a dinâmica de crescimento económico recente, assente na aceleração das exportações e do investimento, supera as atuais projeções da Comissão” e defende que “o esforço de reformas do Governo está em linha com a ênfase colocada pela Comissão Europeia.”
“Os avanços reconhecidos pela Comissão decorrem da estratégia de equilíbrio seguida pelo Governo, desde o início da legislatura, que alia o rigor na gestão das contas públicas com a recuperação da economia,” frisa o Governo.
(Notícia atualizada às 16h36)
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