IFA 2016. Uma feira de variedades com muita tecnologia
O centro de exposições Messedamm encheu-se de tecnologia no início deste mês. Eletrodomésticos, telemóveis, televisões e muita realidade virtual: foi assim mais uma edição da IFA, em Berlim.
Se pensar num qualquer aparelho eletrónico que tenha em casa, quase de certeza que algo igual (ou melhor) esteve em exposição na IFA. Considerada uma das principais feiras internacionais de tecnologia do mundo, a edição deste ano trouxe novidade e inovação em quantidades moderadas: as tendências deverão manter-se as mesmas por mais uma temporada, ao mesmo tempo que os problemas tecnológicos atuais continuam sem solução. A IFA decorreu de 2 a 7 de setembro, no centro de exposições Messedamm, em Berlim, na Alemanha.
Serviu para muita coisa. E uma delas foi confirmar a realidade aumentada como uma tecnologia em ascensão. As aplicações práticas começam a aparecer aos poucos, como o projeto Tango da Google, encarnado no novo (e grande) telemóvel Phab 2 Pro, da Lenovo — para já, o único com esta tecnologia. Trata-se de um phablet que, além de duas câmaras para fotografar e filmar, tem outra câmara especial para a realidade aumentada. Ou seja, pode, entre outras coisas, escolher objetos de um catálogo e ver como ficam no espaço, antes mesmo de os comprar. Ainda não se sabe quando é que o Phab 2 Pro começará a ser vendido, mas há uma ideia aproximada do preço: deverá rondar os 500 euros. Experimentámos ainda uns óculos de realidade aumentada da Vuzix, ao estilo Google Glass, mas que — pareceu-nos — ainda têm muito que melhorar.
Apesar das novidades, as televisões foram as verdadeiras rainhas deste evento, com fortes apostas na tecnologia OLED da marca sul-coreana LG. Trocado por miúdos, significa cores mais naturais nos ecrãs, que são também mais finos — mais até do que um telemóvel moderno. Não estranhámos quando, logo à entrada da feira, nos convidaram a atravessar um túnel em que as paredes eram ecrãs. Duzentos e dezasseis, para sermos mais precisos. O resultado? Um autêntico espetáculo de estrelas que, de tempos a tempos, se transformava num aquário virtual capaz de competir com o Oceanário de Lisboa. Porém, não só de televisões da LG se fez a IFA. Além de muitas outras marcas, a Sharp aproveitou para regressar a este setor com novos ecrãs 8K: apresentou duas monstruosidades de 85 e 98 polegadas, e outro televisor menor, com apenas 27 polegadas de diâmetro. A qualidade de imagem é notória.
Num nível de imersão completamente diferente, a realidade virtual consolidou-se como outra grande tendência tecnológica desta temporada. Na IFA, eram raros os stands onde não houvesse experiências deste género à disposição dos milhares de visitantes — dos Oculus Rift aos HTC Vive, passando pelos já conhecidos óculos da Samsung e por aí em diante. Apesar de tudo, houve novidade: a Alcatel, que apresentou um gadget desde tipo no início do ano, tem agora outro: os Vision VR, óculos de realidade virtual que não precisam de um telemóvel para funcionar (em vez disso, usam um sistema de rede wireless). E tem também novas – e relativamente baratas – câmaras 360.
Novidade q.b.
Tal como acontece nas feiras anuais CES (em Las Vegas, EUA) e MWC (em Barcelona, Espanha), várias marcas têm aproveitado a IFA para apresentarem novidades de telemóveis. É o caso da chinesa Huawei. Este ano, lançou os Huawei Nova e Nova Plus, de 5 e 5,5 polegadas, respetivamente. São telemóveis de gama média, com 3 GB de memória RAM e processador de oito núcleos a 2 GHz. Além do tamanho do ecrã, diferem no sensor da câmara principal: um tem 12 MP, o outro tem 16 MB. Ambos filmam em qualidade 4K e a 30 frames por segundo, e têm câmaras para selfies com 8 MP. Chega ao mercado em outubro: o Nova custa 400 euros, o Nova Plus vale mais 30 euros do que o primeiro.
Outras marcas, conhecidas e menos conhecidas, marcaram presença na IFA com telemóveis nos expositores. E isso tornou evidente um problema: pouca inovação, pouca criatividade e muito mais do mesmo. Sobretudo no desenho dos telemóveis, que parece seguir o mesmo padrão em muitos dos aparelhos — ou seja, existem cada vez mais marcas a copiar os desenhos das outras. Chegámos mesmo a encontrar um telemóvel de plástico metalizado com linhas de antena. Ora, estas linhas foram criadas para facilitar a propagação das ondas eletromagnéticas em telemóveis com estrutura de metal, o que definitivamente não era o caso. Além disso, o principal caminho por percorrer continua a ser o das baterias, cujo desenvolvimento, no geral, não tem acompanhado a evolução da tecnologia até aqui.
Os holofotes também estiveram voltados para a Samsung, que deu a experimentar o novo e surpreendente Galaxy Note 7… em plena gestão de crise. Por azar, a feira coincidiu com o momento em que a marca se viu obrigada a retirar 2,5 milhões de telemóveis do mercado por risco de explosão da bateria — na altura, havia já 35 casos reportados. Mesmo assim, conseguiu brilhar com os novos relógios Gear S3 Frontier e Classic: o desenho de ambos é elegante, e incluem bateria para dois dias de utilização normal, antena GPS e conetividade LTE. Eram ainda esperadas novidades acerca do Galaxy Tab S3 mas a marca não avançou detalhes sobre o que se espera que seja o próximo tablet da gama.
Assim, desengane-se quem pensa que os relógios inteligentes mais não foram do que uma moda passageira que já lá vai. Na IFA, houve-os para todos os pulsos e carteiras: a Asus lançou o ZenWatch 3, a Fitbit atualizou a oferta com as novas pulseiras Charge 2 e Flex 2 e também a Garmin, a TomTom e a Withings apresentaram wearables deste tipo. Certos ou não, o que interessa é que os principais players acreditam que todos precisamos de um computador no pulso. E, por isso, continuam a apostar forte nesta tecnologia, que não deverá morrer tão cedo.
É tablet, é computador
Os dispositivos híbridos — isto é, que são tablets e computadores em simultâneo — não são novidade para ninguém. Só que, em muitos casos, falta-lhes qualquer coisa: ou são demasiado tablets ou demasiados computadores. De forma inesperada, a Lenovo aproveitou a IFA para mandar uma pedrada no charco: apresentou o Yoga Book, talvez um dos lançamentos mais falados nesta edição da feira. Parece um computador portátil mas sem teclas: antes, tem uma superfície lisa, que tanto pode ser um teclado tátil como uma mesa gráfica. Também tem (obviamente!) uma caneta stylus, que pode ou não ter tinta real e existe duas versões: Windows 10 e Android. Brevemente, a Lenovo deverá ainda acrescentar uma versão com Chrome OS.
Ainda na onda dos computadores, não podíamos esquecer o novíssimo Acer Predator 21 X, considerado o primeiro computador portátil com ecrã curvo. São 21 polegadas de diâmetro e uma verdadeira máquina: um processador Intel Core i7, duas placas gráficas Nvidia GTX e cinco ventoinhas para refrigeração. Já o público-alvo é muito específico: os gamers.
Entre robôs, máquinas de lavar, frigoríficos excêntricos e gadgets que servem para tudo e mais alguma coisa, é fácil perder o foco quando estamos na IFA. Mas ainda bem que existem eventos deste género. Seja para definir tendências ou para nos recordar de que ainda há muita cópia mascarada de inovação.
O ECO viajou a Berlim a convite da LG Portugal.
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