TGV em Portugal? Prioridade é reforçar conexões ferroviárias, diz comissária europeia
Violeta Bulc considera que, mais importante do que atingir já velocidades acima dos 250 km/hora, a prioridade deve ser garantir em primeiro lugar o reforço das conexões ferroviárias.
A ligação de alta-velocidade entre Sines-Lisboa e Madrid é um dos projetos considerados prioritários a nível europeu. Mas a comissária europeia para o Transportes considera que, mais importante do que atingir já velocidades acima dos 250 km/hora, a prioridade deve ser garantir em primeiro lugar o reforço das conexões ferroviárias, nomeadamente as que ligam Portugal a Espanha. Isto depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter afirmado há uma semana que o TGV é “um tabu e vai sê-lo por muito tempo”.
“Portugal precisa de ligações ao Mercado Único e encorajamos que esta conectividade seja uma prioridade entre os corredores referenciados“, afirma Violeta Bulc, comissária com a pasta dos Transportes, numa entrevista ao Expresso. A responsável europeia insiste que é preciso concluir o troço transfronteiriço que vai ligar Évora a Mérida. “Assim que o troço transnacional esteja completo, espero que que isso estimule a continuação da ligação com as cidades principais”, refere, referindo-se ao transporte de carga e de passageiros.
"Portugal precisa de ligações ao Mercado Único e encorajamos que esta conectividade seja uma prioridade entre os corredores referenciados.”
Bulc afirma que o TGV entre Lisboa e Madrid é uma decisão do Governo, mas deixa um desafio: “Ponham os números em cima da mesa. Que tráfego podem ter? Justifica-se o investimento em linhas de alta-velocidade ou poderia uma linha até 280 km/hora satisfazer as necessidades dos passageiros?”, questiona.
Há uma semana, o primeiro-ministro, António Costa afirmou, em entrevista ao diário espanhol ABC, que a construção de uma linha para comboios de alta velocidade entre Lisboa e Madrid está adiada por “muito tempo” porque é uma questão “tabu” em Portugal.
“A alta velocidade é um tema tabu na política portuguesa e vai sê-lo por muito tempo”, disse António Costa, acrescentando que “um dia” terá de se olhar para este tipo de rede ferroviária, que está a crescer na maior parte da Península Ibérica e na qual Portugal “estará de fora”.
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