Renegociar: o prefixo-chave para poupar

A energia, as telecomunicações, os seguros e as comissões bancárias, são áreas em que a renegociação de contratos ou a mudança de fornecedor pode permitir poupanças consideráveis.

Energia, telecomunicações, seguros e comissões bancárias fazem parte do conjunto de serviços que os portugueses não dispensam no dia-a-dia. Tirar partido de qualquer destes serviços tem um custo financeiro que pode assumir um peso considerável no orçamento das famílias. Contudo é possível aliviar esse peso.

Conhecer as características do leque de serviços disponível e tirar partido da capacidade negocial são instrumentos valiosos para conseguir poupar dinheiro em qualquer uma dessas áreas, num universo em que a oferta e a opção de escolha também é cada vez maior.

Conheça, em cinco pontos, as armas e as estratégias que poderá adotar para conseguir baixar a fatura da eletricidade, do gás, das telecomunicações, dos seguros e também das comissões bancárias que têm vindo a aumentar de forma expressiva nos últimos anos.

1. Apague a luz às faturas que dão choque

Endesa, Energia Simples, Ylce – Yes Low-Cost Energy, Luzboa, Logica Energy. Pode não conhecer estas empresas, mas são as que oferecem contratos mais vantajosos na fatura da luz, segundo o simulador da Entidade Reguladores dos Serviços Energéticos. Na altura de renegociar ou assinar um contrato, é importante que esteja a par das ofertas que há no mercado.

Nas simulações realizadas pelo ECO foi considerado um cenário de uma família constituída por um casal e dois filhos. Neste caso, com eletricidade para uso doméstico, uma potência contratada de 20,7 kVA e um regime de bi-horário. Aqui estão incluídos todos os modos de pagamentos e excluídos quaisquer custos adicionais. Todas as ofertas das fornecedoras são válidas até ao final deste ano.

Em contagem decrescente, a Logica Energy cobra em média 1.110 euros por ano. Mas a oferta desta empresa requer débito direto, contratação e fatura eletrónica. Logo a seguir vem a Luzboa. Esta fornecedora apresenta uma fatura anual média de 1.101 euros. Neste caso, o contrato é de 12 meses e a a subscrição tem obrigatoriamente de ser feita online, com débito direto e fatura eletrónica. Já a Ylce – Yes Low-Cost Energy oferece um preço fixo para o período do contrato e requer contratação online. A fatura terá de ser eletrónica e com débito direito. O custo médio é de 1.099 euros.

A fornecedora que tem a segunda oferta mais barata é a Simples Energia. O Plano Base Online requer contratação e fatura eletrónica e débito direto. A fatura anual é de 1.095 euros.

A Endesa surge em primeiro lugar na lista das ofertas mais atrativas. Neste caso, os clientes pagam 1.082 euros por ano com a Tarifa Aniversário. A empresa diz oferecer a “fatura dos produtos de luz e/ou gás correspondente ao 12º mês de contratação desta tarifa”.

Mesmo que acabe por não mudar de operador, mostrar ao fornecedor atual que conhece os preços que há no mercado pode permitir-lhe obter condições mais vantajosas. Podem ser apenas alguns euros ao final do mês, mas fazem diferença no orçamento familiar ao final de um ano.

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2. Gás? Em pacote custa menos

E para o gás natural? Quais são as melhores opções? A ERSE tem como exemplo uma família com filhos e sem aquecimento central. Os consumos anuais rondam, neste caso, os 292 metros cúbicos. Aqui também estão incluídos todos os pagamentos e modos de contratação. Excluem-se igualmente custos adicionais.

No gás natural, a Endesa volta a surgir como a melhor opção. A fatura anual é de 261 euros e o desconto também consiste numa fatura grátis após um ano de contrato. A Gold Energy cobra 278 euros por ano, com débito direto e fatura eletrónica. Mas a Galp Energia é a que tem mais ofertas a nível do gás natural.

O Plano Energia3 GN (FE+DD) – 40% inclui descontos obrigatoriamente recebidos em cupões para carregamento do cartão Continente. O cliente paga 281 euros por ano. Mas neste caso é necessário aderir ao débito direto e fatura eletrónica. Já o Plano Energia3 (DD) – 35% tem uma fatura anual de 284 euros, inclui o mesmo desconto e exige apenas débito direto. O Plano Energia3 GN – 30% é o plano para quem não quer débito direto ou fatura eletrónica. Mas, neste caso, paga 286 euros.

Mais uma vez, só conhecendo estes números é que conseguirá mais facilmente poupar. Antes de avançar com a alteração do contrato, é sempre aconselhável contactar o atual fornecedor para tentar baixar o valor que está a pagar. Acenar com ofertas mais interessantes ajuda sempre.

No caso da energia, tanto eletricidade como gás, poderá ser ainda mais vantajoso tentar encontrar soluções integradas. Ou seja, em vez de ter um fornecedor para cada um dos serviços, pode compensar comprar um pacote junto de um só operador. Tal como acontece nas telecomunicações, tudo junto acaba sempre por ficar mais barato do que em separado.

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3. Faça STOP aos pacotes caros

Qual é a família que não tem hoje um serviço de televisão, internet e telefone fixo em casa? Segundo a Anacom, mais de metade já aderiu a um pacote triple play. Porquê? É simples: há cada vez mais ofertas integradas. E os preços praticados nestes pacotes são sempre mais baixos do que a contratação individual de cada um deles. O cliente poupa. Mas pode poupar mais? Pode.

Para começar, há alguma discrepância nos valores dos pacotes mais básicos dos principais operadores. A NOS cobra 42,99 euros, oferece 100 megas de internet e 164 canais. Para além disso, a instalação da box, que permite a gravação de programas, é gratuita. O pacote NOS 3 também tem chamadas ilimitadas. A MEO, que está a oferecer um desconto de 50% no pacote Total 100 Especial, cobra 44,99 euros, já a Vodafone tem um pacote por 28,90 euros por mês.

Terá de ter atenção, no entanto, aos custos totais ao final de cada mês. Como assim? Sabe quanto custa a box? Se no caso da NOS o valor anunciado já tem o aluguer da box incluído, na MEO, a box custa dois euros por mês. Ou seja, o pacote com 150 canais, internet de 100 megas e chamadas gratuitas, acaba por ficar em 44, 99 euros. Já Vodafone, a box custa 5,50 euros. Assim, os 28,90 euros do serviço com 145 canais, 100 megas de internet e chamadas são, na realidade, 34,40 euros por mês.

Há, ainda assim, diferenças de preços que pode explorar. Se tiver num operador com um valor superior, acene com a oferta de outro mais barato. Vai ver que há condições especiais de retenção. Mas e se tiver fidelizado? Tente renegociar o pacote que tem, procurando ajustar o serviço às suas reais necessidades. Vê mesmo os 150 canais que tem? Talvez não.

Tenha, no entanto, sempre em atenção os períodos de fidelização. Sempre que faz uma alteração ao contrato, o período em que tem de permanecer com esse operador volta à casa de partida. Evite essas situações, ou tente reduzir ao mínimo esse período de fidelização para poder estar disponível para mudar sempre que apareçam condições mais vantajosas. Contratar um pacote noutra operadora sem fidelização pode sair muito caro (cerca de 300 a 400 euros). Faça bem as contas.

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4. Trave a fundo os custos com seguros

A renegociação de seguros é algo que ainda não faz parte dos hábitos de poupança de muitos portugueses. Uma visita ao balcão da seguradora ou um simples telefonema poderão ser suficientes para fazer baixar o valor do prémio a pagar. Mas para tal, é importante fazer o trabalho de casa e saber exatamente no que pode mexer na relação com a sua seguradora ou o que procurar noutra companhia.

Uma das situações mais habituais é a subscrição de coberturas em excesso face às necessidades, que muitas vezes os clientes desconhecem mas que implicam o pagamento de prémios mais elevados. Por exemplo, para quem viva numa zona de baixo risco sísmico, valerá a pena ter no seguro multirriscos a cobertura de fenómenos sísmicos? Uma simulação no site da OK Teleseguros, por exemplo, permite constatar que adicionar esta cobertura encarece em torno de 48 euros o prémio anual do seguro. Se verificar que o seu seguro tem coberturas em excesso, procure renegociar com a sua companhia o valor do prémio. Por vezes o prémio do seguro da casa também está calculado com base no valor do empréstimo. Se é este o seu caso, tente redimensionar a cobertura de forma a que este se aproxime do custo de reconstrução da casa.

Já quem tenha optado por um seguro automóvel com cobertura de danos próprios conseguirá renegociar em seu favor o montante do prémio a pagar se tiver o cuidado de atualizar periodicamente o valor comercial da viatura segurada, que vai baixando gradualmente ao longo do tempo, o mesmo acontecendo com o prémio a pagar.

O automóvel é, aliás, o seguro que mais facilmente conseguirá poupar ao “regatear” ou mesmo mudar de companhia. Primeiro deve simular em diferentes seguradoras o seu exemplo e, caso encontre valores mais baixos, confronte a companhia onde tem o seu seguro com a oferta da concorrência. Por vezes, o simples facto de mostrar vontade de mudar de seguradora é o suficiente para abrir a porta a um processo negocial que conduza à redução do prémio de seguro.

As seguradoras telefónicas e pela internet — como a Ok! Teleseguros, Logo e Seguro Directo — poderão ser uma opção mais económica para ter seguro auto. Apesar de estarem ligadas a grandes grupos, a sua estrutura comercial envolve muito menos custos e isto permite-lhes cobrar valores mais baixos.

Outra solução para diminuir a fatura com o seu seguro automóvel passa por agrupar na mesma seguradora outros veículos da família, ou mesmo trazer outro tipo apólices para a mesma companhia. Desta forma, terá mais poder de negociação de preços com a sua seguradora.

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5. Fuja das comissões bancárias

A oferta de contas e de serviços por parte dos bancos é cada vez mais ampla, mas há algo a que é difícil escapar: os encargos com as comissões bancárias. Este tipo de custos tem vindo a crescer de forma sustentada nos últimos anos, algo que tem sido bastante noticiado nos últimos tempos. Mas também é possível poupar nestas comissões, bastando para tal tentar renegociar e escolher uma solução à medida do cliente.

Entre as comissões mais habituais destacam-se as de manutenção de conta e as anuidades dos cartões de débito, com o custo anual destes dois encargos a facilmente atingir valores em torno de 80 euros. Contudo, este tipo de encargos pode ser evitado. É o que acontece ao fazer a domiciliação de ordenado ou da pensão, já que este tipo de contas habitualmente isentam estas comissões. Contudo, é conveniente avisar a instituição financeira que pretende aderir a uma conta com estas características, porque pode acontecer já receber o ordenado através daquele banco e este não assumir que se trata de uma conta ordenado.

Custo de uma conta tradicional nos 10 maiores bancos

Fonte: Preçários dos bancos Nota: Os dados recolhidos têm em conta o perfil de um cliente que dispõe de um saldo médio mensal de mil euros e um cartão de débito clássico, em que a domiciliação de ordenado é pretendida. * Isenção da anuidade nos primeiros seis meses.

As contas base são uma alternativa que também pode ajuda a poupar algum dinheiro em comissões. Esta categoria de contas surgiram há quase dois anos, no seguimento de uma recomendação do Banco de Portugal que pretendia que os bancos oferecessem um conjunto de serviços bancários, mediante o pagamento de uma comissão única. Nesta está incluída a manutenção, o cartão de débito, o acesso ao homebanking, transferências bancárias e até três movimentos ao balcão.

Quanto cobram os bancos nas contas base?

Fonte: Portal do Cliente Bancário

Nos 12 bancos que disponibilizam estas contas, os custos oscilam entre um mínimo de zero euros, no caso do Banco CTT, e um máximo de 125,27 euros, no caso do Deutsche Bank. Valores que na generalidade dos casos são mais baixos do que os custos associados a uma conta tradicional dentro da própria instituição. Entre os 10 maiores bancos nacionais, apenas o Bankinter não disponibiliza uma conta base, sendo que o BPI é entre estes o único em que numa conta tradicional os custos agregados da comissão de manutenção de conta e a subscrição de um cartão de débito são mais baixos.

Isto significa que, caso não tenha a pensão ou o ordenado domiciliado, pedir ao banco para mudar para uma conta base oferece quase sempre vantagens. Se for do seu interesse também optar por mudar para um banco que disponibilize uma conta base com um preço mais baixo.

Já quem pretenda um grau de envolvimento mais elevado com o banco também optar pela subscrição de pacotes de serviços. Ou seja, mediante o pagamento de uma mensalidade fixa têm acesso a um conjunto de serviços mais ou menos abrangente, cujo custo aumenta quanto mais oferta de serviços incluir. Estas soluções estão disponíveis em diversos bancos.

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