Colaboração e concursos de ideias

Já aqui escrevi sobre colaboração: “Colaborar, cooperar, parcerias estratégicas, trabalho em rede…”. Também neste âmbito o Professor Doutor Luís Caldas de Oliveira, responsável do Instituto Superior Técnico (IST) para o Empreendedorismo e Relações Empresariais, no seu editorial da edição de novembro / dezembro da revista Valores Próprios, fala em “coopetição” como consequência “… do enorme risco que os empreendedores enfrentam e que conduz ao entendimento das vantagens da colaboração e da partilha de resultados face ao sigilo competitivo habitual nas grandes empresas…”.

Transportando o conceito para os concursos de ideias, estes apresentam-se como uma excelente forma de pessoas com iniciativa debutarem no mundo do empreendedorismo. Durante os concursos, os empreendedores têm a oportunidade de ter um primeiro contacto com o ecossistema empreendedor, de conhecer outros empreendedores e outras ideias, de ter uma primeira noção sobre o caminho que existe na transformação duma ideia num negócio e a criação da organização (a empresa) que lhe dará substância. A par disto, caso ganhem o concurso, para além do prémio, seja monetário ou em serviços de incubação, ganham também credibilidade e motivação para prosseguir este caminho.

Na outra face da mesma moeda, os organizadores destas iniciativas e seus parceiros têm a oportunidade de viver momentos únicos de partilha de conhecimento, motivação e resultados, em benefício do próprio ecossistema e respetivo robustecimento.

O Startupin Lisboa é um concurso de ideias que nasceu em 2017 da colaboração entre duas entidades, a 1Sti, software house brasileira e o LISPOLIS, entidade gestora do Polo Tecnológico de Lisboa. Para o sucesso da iniciativa contribuiu a complementaridade entre as duas entidades e, sobretudo, o seu total alinhamento entre quanto à forma de desenvolver o concurso e resolver todos os problemas que foram surgindo – desengane-se aquele que pense que é possível programar tudo de tal forma que não terá que tomar decisões ou resolver problemas pelo caminho.

A verdade é que o Startupin Lisboa não ficou por aqui. Ainda em 2017, aconteceu uma nova edição no Rio de Janeiro, Brasil, e está a presentemente a decorrer a 2ª edição em Lisboa. Pode-se concorrer enviando um vídeo de não mais de 3 minutos descrevendo a ideia, e o prémio é o Minimum Viable Product (MVP) de uma App, sendo o código fonte entregue aos vencedores e a App disponibilizada na Apple Store e no Google Play.

Antes do lançamento da edição de 2018 a 1Sti e o LISPOLIS tiveram que tomar algumas decisões sobre esta 2ª edição, sendo a principal decisão fazer melhor, ao invés de maior. Este “fazer melhor” ocorre em dois momentos muito concretos do concurso:

• No lançamento do concurso, procurando envolver todo o ecossistema empreendedor: o Startupin Lisboa é o pretexto ideal para que todas as entidades que constituem o ecossistema empreendedor se contactem. Apesar da proximidade quer física, quer digital (o MVP do prémio é desenvolvido no Brasil apesar de ser coordenado a partir de Portugal), sucede que os contactos ocorrem com menos frequência do que o desejável. Os encontros ocorrem sobretudo em eventos ou quando uma empresa ou startup acompanhada por um membro do ecossistema, necessita de um apoio específico de outro membro do ecossistema. Assim, é do interesse de todos tornar estes encontros regulares e não dependentes de acontecimentos do momento;
• Após o encerramento do concurso, procurando acompanhar melhor todas as ideias que não saem vencedoras: sendo muito relevante assegurar que quem não ganhe o concurso se sinta motivado para persistir neste caminho porque, ainda que não se antecipe quando aparece uma oportunidade, para a poder aproveitar é preciso estar presente.

A organização da 2ª edição do Startupin Lisboa considera que quem submete um vídeo com uma ideia é, à partida, um vencedor. Para facilitar a vida a quem quer concorrer foi desenvolvida uma ferramenta digital que permite organizar e testar a sua ideia de negócio. Pode testá-la aqui!