Há mais correio a circular em Portugal
O tráfego postal aumentou no segundo trimestre deste ano, em termos homólogos, algo que não acontecia desde 2008. Grupo CTT detém mais de 90% deste mercado que gera milhões.
Há mais correio a circular em Portugal. O tráfego postal registou, no segundo trimestre de 2016, um aumento de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado, algo que não acontecia há oito anos. No total, foram enviados 209,2 milhões de objetos, em comparação com os 208,2 milhões de objetos enviados no mesmo trimestre de 2015, de acordo com um relatório divulgado esta quinta-feira pela ANACOM.
A contribuir para este aumento estiveram as encomendas e as correspondências, com crescimentos homólogos de 3,7% e 1,1%, respetivamente. O envio de publicidade endereçada também aumentou (0,4%) e só o envio de correio editorial caiu, na ordem dos 7,3% — esta designação abrange o envio de livros, jornais e outras publicações de cariz não publicitário.
Quanto à totalidade do tráfego de serviços postais, as correspondências representaram uma fatia de 79%, seguindo-se a publicidade endereçada (9,2%) e o correio editorial (7,1%). Já o envio de encomendas foi o único componente a aumentar em relação ao trimestre anterior — mais 5,4% –, representando 4,7% do tráfego total.
Apesar de tudo, a ANACOM recorda que o tráfego postal tende a diminuir de ano para ano, fenómeno que resulta da “crescente substituição dos envios postais por comunicações eletrónicas”. Além disso, o tráfego caiu 4,7% em relação ao primeiro trimestre do ano, facto que se justifica com a “quebra sazonal” que costuma existir “entre o primeiro e o segundo trimestre de cada ano”. Do total de tráfego postal, 96,4% teve como destino o mercado nacional, enquanto 3,6% foi remetido para outros países.
Do lado das receitas, o valor caiu 0,8% em termos homólogos e totalizou 160,1 milhões de euros (este montante exclui o tráfego de entrada). As correspondências e as encomendas são os principais geradores de receita, com 69,4% e 23,6% do total, respetivamente. Existiam também 14,7 mil trabalhadores afetos ao setor no final deste segundo trimestre, menos 0,1% do que no período homólogo.
Sobre os dados apresentados no relatório, a ANACOM indica que alguns prestadores consideram que “alguns dos serviços por si prestados não se enquadram na definição de serviço postal, não tendo por isso reportado informação estatística desde o terceiro trimestre de 2014”. Quanto a isso, o regulador das comunicações garante que “esta situação encontra-se a ser analisada”.
CTT à frente, com quota superior a 90%
Apesar da liberalização do mercado postal, o grupo CTT, que também detém a rede de distribuição de correio tradicional em Portugal, continua a liderar o setor. Em causa está uma quota de mercado de 93,6% neste segundo trimestre. CTT, CTT Expresso e CTT Contacto integram o grupo, que é seguido à distância pelas concorrentes Chronopost (apenas 1,3% de quota) e CityPost (com 1,1% de quota de mercado).
Recorde-se que, em meados de agosto, a Autoridade da Concorrência acusou os CTT de abuso de posição dominante. Por lei, a empresa está obrigada a permitir que outros prestadores comprem o acesso aos meios de encaminhamento e triagem de correio, isto é, à rede de distribuição dos CTT. Na altura, a investigação concluiu que “os CTT utilizaram o controlo sobre a única rede de distribuição de correio tradicional com cobertura nacional em Portugal para impedirem a entrada ou a expansão de concorrentes no mercado nacional de prestação de serviços de correio tradicional”, indicou o regulador em comunicado. Segundo este, o mercado gera “pelo menos 400 milhões de euros por ano”.
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