“Dívida portuguesa não segue a italiana”, diz Mário Centeno. “Estamos mais próximos da Alemanha e Espanha”
O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo diz ainda acreditar que a economia da Zona Euro, a crescer há 21 trimestres, ainda poderá "expandir-se" para lá de 2020.
A tensão política em Itália, que tem colocado pressão sobre a dívida do país, pode ter contagiado momentaneamente as dívidas dos países vizinhos, mas a tendência não é essa. Para Mário Centeno, a dívida portuguesa é vista pelos mercados de forma diferente da de Itália. “Estamos muito mais perto da Alemanha e da Espanha“, considera o ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo.
A participar numa conferência sobre os dez anos que passaram desde a queda do Lehman Brothers, a 15 de setembro de 2008, Mário Centeno partilhou uma visão positiva sobre o atual estado da União Europeia. Questionado sobre o efeito que a instabilidade em Itália poderá provocar sobre Portugal, o ministro das Finanças desvalorizou o cenário.
“A parte boa da dívida portuguesa, atualmente, é que não está a seguir a Itália nos mercados. Estamos muito mais perto da Alemanha e da Espanha do que de Itália. Isso é um sinal de que os mercados avaliam a dívida diferente da italiana”, afirmou.
Estamos muito mais perto da Alemanha e da Espanha do que de Itália. Isso é um sinal de que os mercados avaliam a dívida diferente da italiana.
Quanto aos desenvolvimentos em Itália, Mário Centeno diz esperar que os próximos tempos sejam de alívio para os mercados. “Itália está prestes a apresentar o orçamento para 2019 e há uma grande expectativa de que a apresentação do Orçamento do Estado possa contribuir para uma correção deste movimento dos juros da dívida italiana“, antecipou.
Europa ainda pode crescer
Durante a conferência, o presidente do Eurogrupo foi ainda questionado sobre até onde poderá ir o atual ciclo económico de crescimento. 2020 será o ponto de inversão? “É muito difícil dizer, mas acredito que a Zona Euro ainda pode expandir-se no processo de recuperação por que estamos a passar“, disse, lembrando que a área do euro cresce há 21 trimestres consecutivos.
“Claro que nunca podemos esquecer-nos de que começámos de um ponto muito baixo, por causa da crise, mas que, ainda assim, é difícil que as economias cresçam no contexto atual. Mas, se os mercados e agentes económicos estiverem confiantes, este ciclo poderá ser estendido“, considera.
Sobre os anos da crise, Mário Centeno reconhece que a Europa “não estava preparada” para enfrentá-la e que países como Portugal foram “apanhados” pela conjuntura, com “um leque incompleto de instituições” para dar resposta à crise.
Contudo, acredita, foi feito “um progresso enorme na Europa. Para além do crescimento económico que se verifica há 21 trimestres consecutivos, foram também criados milhões de postos de trabalho desde 2008.
Ainda assim, há caminho por fazer, diz Centeno, salientando a conclusão da união bancária. “Temos de completar o que começámos após a crise”, salientou.
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