Miguel Vieira quer cotas para produtos portugueses
O designer Miguel Vieira defende um maior apoio do Governo e dos industriais aos criadores portugueses.
O ‘designer’ Miguel Vieira pede ao Governo e aos industriais têxteis o apoio aos criadores portugueses, cotas “para haver um produto português” e “uma grande campanha para se consumir o que é português”. Miguel Vieira apresentou este domingo a coleção outono-inverno/2020 na semana da moda masculina de Milão (Itália) e, em entrevista à agência Lusa, assume um discurso reivindicativo.
Segundo aquele criador, os ‘designers’ não estão a ter oportunidade, porque, ao quererem fazer uma peça básica numa fábrica, “essa fábrica diz que têm de se fazer dez mil peças ou três mil peças”, e se os criadores quiserem fazer uma peça só com um detalhe ou com um colarinho ao contrário, então é uma “guerra gigante”. “No fundo, ao fazer os desfiles cá fora somos um bocadinho os que montamos a tenda, fazemos o circo, fazemos tudo, para os industriais depois venderem. E eles é que têm os milhões e os biliões e nós [criadores] estamos constantemente a investir dinheiro” para fazer as coleções.
Em entrevista à Lusa depois de apresentar este domingo à tarde 40 coordenados da nova coleção, “Um inverno em África”, que deve chegar às lojas a partir de 15 de agosto, o criador assume que o Governo e os empresários portugueses deveriam apoiar mais os ‘designers’, porque Portugal não é um país com tradição na moda.
Miguel Vieira teve, nas suas próprias palavras, hoje uma “descarga de emoção” no fim do desfile, porque foi especialmente complicado apresentar a coleção outono-inverno/2020, pois as fábricas estiveram fechadas no período do Natal e só reabriram no dia 7 de janeiro. “As fábricas começaram a trabalhar esta semana, dia 07, e, portanto, tive de ter uma coleção quase pronta em novembro e novembro é uma corrida muito grande, porque Portugal, Espanha e Itália, que são três países em que dependemos de tecido, sapatos, peles, etc e tudo estava fechado”.
A coleção de Miguel Vieira foi hoje vista por cerca de 500 pessoas na Via Tortona 54 de Milão e o desfile abriu ao som de ‘Do I Wanna Know?’, da banda britânica Artic Monkeys, com o modelo português Francisco Henriques, 23 anos, que também desfilou para a marca Dolce & Gabbana, num fato de calça e casaco cor azul céu.
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