5G: Governo avalia riscos que “não são novos” e quer “responsabilidade clara” de empresas
O Governo português vai analisar as ameaças nas redes móveis de quinta geração (5G) à cibersegurança nacional, tal como foi recomendado pela Comissão Europeia.
O Governo português vai analisar as ameaças nas redes móveis de quinta geração (5G) à cibersegurança nacional, como recomendado por Bruxelas, apesar de não as ver como “novas”, e defende uma “responsabilidade clara” das empresas nesta questão.
“Na sequência da recomendação europeia, […] estão a ser desenvolvidos os trabalhos preparatórios que permitam a cada Estado-membro fazer a sua análise de risco de uma forma harmonizada. Ao nível nacional, a Anacom [Autoridade Nacional de Comunicações] está a trabalhar em conjunto com o Gabinete Nacional de Segurança/Centro Nacional de Cibersegurança, entre outras entidades, sobre este assunto”, informa o Ministério das Infraestruturas e da Habitação em resposta escrita enviada à agência Lusa.
Após ter sido questionada pela Lusa, a tutela aponta que “os riscos de que se está a falar não são novos nem somente relacionados com o 5G”, numa altura marcada por polémicas suspeitas de espionagem que recaem, principalmente, sobre a fabricante chinesa Huawei. O executivo assinala que “o tema da segurança das redes é central para assegurar o desenvolvimento e a segurança do país e a defesa dos interesses dos cidadãos”, pelo que defende “uma responsabilidade clara das empresas e dos fornecedores de ‘hardware’ e software nesta matéria”.
A fabricante chinesa Huawei é acusada de espionagem industrial pelos Estados Unidos, mas tem vindo refutar as acusações. A administração norte-americana tem, por isso, pressionado países como Portugal a rejeitarem a Huawei na tecnologia 5G, mas o Governo português tem vindo a desvalorizar a polémica.
No final de março, a Comissão Europeia fez várias recomendações aos Estados-membros sobre as redes 5G, entre as quais a da avaliação dos riscos, dando-lhes ainda permissão para excluírem dos seus mercados empresas “por razões de segurança nacional”.
Questionado pela Lusa sobre esta possibilidade, o Ministério das Infraestruturas indica que, “neste momento, é prematura a questão, pois a matéria está essencialmente a ser conduzida a nível europeu de uma forma que se pretende que seja harmonizada”. A tutela dá ainda conta de que, em abril deste ano, a Anacom adotou um regulamento relativo à segurança dos serviços de comunicações eletrónicas, estipulando regras para que as empresas que disponibilizam redes públicas cumpram de forma a proteger os utilizadores.
Questão que, para o executivo, é “uma matéria fundamental, que não pode ser descurada”. “Como em qualquer outro caso de introdução de novas tecnologias, o 5G trará incertezas e riscos que têm de ser acautelados”, nota a tutela.
Já questionado relativamente à implementação do 5G em Portugal, o Governo explica que a libertação da faixa eletromagnética dos 700 mega-hertz (MHz) para esse uso deverá “começar no último trimestre de 2019 e decorrer até ao final de maio de 2020”, implicando uma migração da televisão digital terrestre (TDT) para outra frequência.
No que toca à atribuição do espetro para comercialização do 5G, a tutela refere que a Anacom ainda se encontra a “ponderar diversos cenários”. “A implementação do 5G exige a instalação de um número elevado de antenas mais próximas do utilizador, interligadas com fibra ótica, o que requer igualmente investimento em redes fixas”, assinala o executivo, apontando a necessidade de existir “partilha de infraestruturas e coinvestimento”.
O objetivo de Bruxelas é que o 5G seja comercializado em pelo menos uma cidade por Estado-membro até 2020, devendo ser alargado a outros centros urbanos até 2025.
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