Direita regressa ao poder na Grécia. Mitsotakis é o novo primeiro-ministro
O partido Nova Democracia e o seu líder Kyriakos Mitsokatis venceram as eleições da Grécia. Terão conseguido 158 lugares no Parlamento, ou seja, a maioria absoluta.
Depois de uma década de crise e austeridade, os gregos foram este domingo às urnas e escolheram mudar de governo. O Syriza de Alexis Tsipras foi derrotado e Kyriakos Mitsokatis da Nova Democracia é o homem que se segue.
Segundo os dados do jornal grego Ekathimerini, com 89% dos votos contados, a Nova Democracia terá conseguido 39,78% dos votos. Isto deverá representar 158 deputados, num parlamento com 300 deputados; ou seja, Kyriakos Mitsokatis vai governar com maioria absoluta.
No sistema eleitoral grego, o partido mais votado recebe um bónus de 50 deputados adicionais, o que facilita a formação de governos mais estáveis e de maioria absoluta.
Estas são as primeiras eleições após a conclusão de três resgates internacionais no valor de mais de 300 mil milhões de euros. O Syriza, que tem estado a governar o país desde 2015, foi derrotado, tendo conseguido 31,56% dos votos (86 lugares no Parlamento), mesmo assim ligeiramente acima do projetado pelas sondagens à boca das urnas.
As sondagens já projetavam uma vitória da Nova Democracia, com 38% a 42% dos votos, enquanto o partido de esquerda Syriza, encabeçado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, poderia obter 26,5% a 30,5%.
O Movimento para a Mudança (Kinal), uma coligação que inclui os socialistas do Pasok, terá ficado com 7,95% dos votos. Já os comunistas terão obtido 5,35%, enquanto a extrema-direita Solução para a Grécia terá ficado com 3,74%. O movimento MeRA25 do antigo ministro das Finanças Yanis Varoufakis não conseguiu mais do que 3,48%, enquanto os neonazis da Aurora Dourada obtiveram 2,99%, com 89% dos votos contados.
Na Grécia, para se conseguir ter assento no Parlamento, os partidos precisam de assegurar pelo menos 3% dos votos.
O papão da austeridade e o nome “Macedónia”
Durante a campanha eleitoral, Tsipras alertou para o regresso dos “dias negros” da austeridade, mas a ameaça não parece ter assustado, nem convencido os gregos. A Nova Democracia é um dos partidos que têm alternado no poder na Grécia e o seu líder pertence a um dos clãs políticos que historicamente tem dirigido o país.
Um dos motivos da esperança depositada em Tsipras, no poder desde 2015, foi a rutura com as “dinastias políticas” e os esquemas tradicionais da política grega, sempre presentes nos conservadores e nos sociais-democratas do Pasok, agora dissolvido no Movimento para a Mudança.
A gestão política de Tsipras e do Syriza falhou num aspeto essencial, segundo esta análise feita pela agência Lusa: para além da falta de quadros políticos bem preparados para enfrentar a gestão do poder, o partido não conseguiu garantir uma base social estável e firme para transmitir as suas posições. Mesmo que o seu legado seja reconhecido, o primeiro-ministro não conseguiu seduzir parte importante da população grega.
Na sua análise à derrota de maio nas europeias, o agora designado Syriza-Aliança Progressista considerou que os eleitores ignoraram a mudança de rumo após o fim do terceiro resgate em agosto de 2018, com a aprovação de medidas inseridas no seu programa inicial: restabelecimento dos contratos coletivos, subida do salário mínimo, descida do IVA, eliminação de um novo corte nas pensões.
Já o Kyriakos Mitsokatis fez uma campanha centrada em questões nacionalistas (tendo conseguido “roubar” votos à extrema do Aurora Dourada). Mitsokatis também foi um dos maiores críticos ao acordo sobre a mudança de nome da Macedónia, apadrinhado por Alexis Tsipras.
(Notícia atualizada às 22h01 com valores mais atualizados da contagem de votos)
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