Editorial

Tomás Correia precisa de ser ajudado a sair com dignidade

No último ano à frente da Mutualista Montepio, Tomás Correia falha os objetivos, É o espelho do que deixa no banco, primeiro, e na associação, depois.

O mandato de Tomás Correia à frente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), dona do Banco Montepio, está a chegar ao fim, e a terminar exatamente de acordo com o esperado… menos associados e menos poupanças captadas, margem associativa mais curta e ativo menos valioso do que o esperado. No ano da despedida, a Mutualista vai falhar todas as metas para 2019, o que poderá obrigar os associados a aumentarem as suas contribuições, assumirem um corte nos benefícios ou, até, a uma intervenção do Estado. Sobra a escolha do novo presidente do Banco Montepio, em consenso com Carlos Tavares, o chairman do banco, a última oportunidade para fechar este ciclo com (mínima) dignidade.

Tomás Correia termina o seu mandato à frente da associação no próximo dia 15 de dezembro, e a avaliação deste último ano, que vai ser discutido hoje num conselho geral da associação, é claro (no falhanço dos objetivos). Por exemplo, no número de associados, o desvio será de menos 31,5 mil associados em relação àquilo que eram as pretensões antes do início deste ano. Inicialmente, a AMMG previa alargar a base de associados e terminar 2019 com 636 mil membros. Agora, estima fechar o ano com 604,5 mil, menos oito mil associados do que em 2018, segundo um relatório que será levado ao conselho geral da mutualista esta sexta-feira e a que o ECO teve acesso, revelado pelo repórter Alberto Teixeira. Mas há outros indicadores. Segundo as contas reveladas pelo Público, admitindo que o Banco Montepio está devidamente contabilizado nas contas da Associação (e sabe-se que não está), a Mutualista precisa de mil milhões de euros.

Tomás Correia sai pela porta pequena, empurrado pelos supervisores. Pelo que fez, primeiro, no banco, e depois na Mutualista. Mas é preciso reconhecer-lhe a capacidade de resistência, e de resiliência. O seu prazo de validade já tinha terminado há muito, desde logo quando foi condenado pelo Banco de Portugal, mas montou uma teia suficientemente poderosa para se aguentar, e sair pelo seu próprio pé, antes de ser demitido. Esticou a sua permanência até ao limite do possível, muito para lá do que seria razoável. Mas deixa a Mutualista num estado deplorável, não só pelos seus próprios resultados, mas pelas injeções de capital no banco, da ordem dos dois mil milhões de euros, para reforçar rácios de capital resultado do trabalho que o próprio Tomás Correia (não) deixou.

E, no final, consegue ter uma palavra relevante na escolha do novo presidente executivo do banco, um processo que se arrasta há meses.

Como o ECO revelou esta quinta-feira em exclusivo, já há um nome de consenso entre Tomás Correia e Carlos Tavares, como exige o Banco de Portugal. Mas ainda foi capaz, e teve força, para recusar nomes propostos pelo chairman do banco, seja para CEO ou para administradores não executivos. É obra…

A pouco mais de 15 dias da saída, Tomás Correia consegui manter-se na discussão e condicionar a escolha. Porque a estabilidade do Banco Montepio e da própria associação mutualista são o mais importante, agora só é preciso mesmo ajudar Tomás Correia a terminar o seu mandato com dignidade.

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