Um Zoe renovado. E carregado de autonomia

Uma semana inteira de carro elétrico, sem recarregar. Até onde vai o novo Zoe? Há quase 400 quilómetros de autonomia para testar.

Cada vez que é lançado um telemóvel novo, as atenções viram-se para quantas câmaras traz. Uma, duas, três e quatro, mais do que é preciso. E, depois, é o ecrã. A qualidade e, claro, o tamanho. Então e a bateria? As marcas lá vão dizendo que estão melhores, mas é quase impossível passar um dia sem ter de se ligar à corrente. Sofrem, ainda, de um mal que até há bem pouco tempo se sentia nos carros elétricos. Mas, neste caso, isso está a mudar rapidamente.

Quando apareceram, a autonomia não ia além dos 170 km, sendo que em condições reais não dava para mais de 120. Aos poucos, a indústria foi investindo, procurando dar resposta aos anseios provocados ao volante pelo manómetro digital. 200 quilómetros, 300 e rapidamente se chegou a números que não envergonham os elétricos perante os motores a combustão. Primeiro foram os grandes, mas agora até modelos mais pequenos apresentam autonomias que nos põem a olhar de forma diferente para a mobilidade elétrica.

O ZOE é um desse modelos compactos que tem vindo, de tempos a tempos, a mostrar que os avanços tecnológicos conseguem fazer “milagres”. Num curto espaço de tempo chegou aos quase 400 quilómetros. É obra! Mas será mesmo? ZOE praticante carregado — precisa de 9h25 horas numa corrente normal sendo que 30 minutos bastam num posto mais potente para obter 150 km de autonomia — e temos 378 quilómetros para testar a nova geração daquele que é um dos elétricos mais vendidos no mercado nacional.

Temos uma semana inteira de teste com um ZOE. Com tantos quilómetros para andar, arrancamos sem preocupações, como se de um qualquer carro que se atesta na bomba de combustível se tratasse. O “circuito” casa-trabalho-casa não tem muitas voltas, mas é cidade. O pára arranca custa dinheiro em todos os motores e este não é exceção. Mesmo desligado sempre que parado, os arranques são uns “comilões” de autonomia. Um dia, 25 quilómetros feitos, 35 perdidos. Dois dias, e lá vão mais alguns feitos e uns quantos extra perdidos.

Baixar da fasquia dos 300 quilómetros de autonomia é fácil. Uma subida mais íngreme, arrasa mais alguma da autonomia que nem a regeneração com a descida consegue compensar, mas com quase metade do teste feito e pouco ou nada se sente de diferente da utilização de um qualquer outro motor a combustão. A ideia da Renault é mesmo essa.

Quando baixamos dos 200 quilómetros de autonomia, e ainda com alguns quilómetros para percorrer nas voltas do dia-a-dia, o pé direito começa a ter mais cuidado. Retrai-se mais na hora de arrancar num sinal que de repente fica verde. E o AC “perde” intensidade para não castigar mais a capacidade da bateria. Não são precisos tantos cuidados, mas torna-se quase instintivo quando o objetivo é perceber até onde este novo Zoe vai. Perceber se além de esteticamente mais apurado, com novas ótica e grelhas, e interiores atualizados em linha com os novos Clio, o desempenho também deu um salto em frente.

Dia sim, dia sim, o Zoe continua a rolar, mesmo com a autonomia a começar a entrar na fase final. Além do Eco, que limita a aceleração, reforçamos a capacidade regenerativa do Zoe com um pequeno toque na caixa de velocidades, que torna as travagens mais bruscas. Aliás, o aproveitamento é tal que em muitas situações até se poupa as pastilhas de travão ao mesmo tempo que se vê no painel de instrumentos digital a autonomia a subir. E que bem que sabe.

200 quilómetros depois, a bateria já diz que não vai fazer mais uma centena de outros quilómetros. O consumo vai nos 17 Kw/Km, muito aquém dos registados noutros elétricos que passaram pelo mesmo teste, embora esses sendo muito mais potentes — capazes de encostar o estômago às costas. O Zoe traz 135 cv, mais do que suficiente para a cidade, mas também para fora dela onde é mais fácil baixar de forma expressiva o consumo. Sem grandes oscilações no pedal, é possível andar uns bons quilómetros de graça.

Mais umas dezenas de quilómetros percorridos custam outras tantas dezenas à autonomia. Mas a estrada aberta, sem trânsito dá aquele conforto de ver o consumo instantâneo abaixo dos dois dígitos, permitindo baixar cada vez mais a média de um teste que se aproximou dos 300 quilómetros. A autonomia ainda dava para mais umas voltas, mas não vale a pena arriscar. Não pelo Zoe, que ainda se aguentava, mas pelo telemóvel que no entretanto descarregou totalmente… E o cabo para o atestar não está na bagageira como o do carro. Ficou em casa.

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