Começar um novo ano em plena Serra
Depois das festas, depois dos encontros e reencontros, depois de um mês de dezembro intenso, nada melhor do que começar o novo ano em paz e no meio da natureza.
A proposta é começar o ano em Portugal, em contacto com a natureza, com o cheiro a lareira no ar e com a promessa de nevar a cada dia que nasce. O cenário é mágico e bem perto, no centro do país, a Serra da Estrela. Até porque há novidades que merecem ser visitadas e vividas numa das épocas mais bonitas, quando a serra se cobre de branco. Porque a paisagem é arrebatadora, começamos na Casa de S. Lourenço, um dos recentes investimentos na região e que trouxe ainda mais charme a uns dias passados em contacto com a natureza em estado puro. Depois da Casa das Penhas Douradas, outra unidade hoteleira bem perto, o casal Isabel Costa e João Tomás, passou os últimos anos a recuperar a antiga Pousada de São Lourenço e o resultado não podia ser mais encantador – com o conforto rústico, o bom gosto e a simplicidade amável que enche o coração e a alma dos viajantes.
A Casa de São Lourenço – Burel Panorama Hotel, a 1.250 metros de altitude, é o primeiro hotel de montanha virado para o segmento de luxo em Portugal. Em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, da visão faz parte uma vista panorâmica para a montanha, para o Vale Glaciar do Zêzere e para a vila de Manteigas. E o burel, o design e o conforto convidam a contemplações da paisagem, em silêncio.
A antiga Pousada projetada nos anos 40, pelo arquiteto Rogério de Azevedo, transformou-se agora numa “Casa”, a segunda da Burel Mountain Originals, e vem reforçar o acolhimento e a hospitalidade característica do grupo, explorando o conceito de “Casas que são Hotéis”. Um sentimento desenvolvido em estreita colaboração com os ateliês P-06 e Site Specific, que apostaram na preservação da história do edifício e do seu enquadramento na paisagem, acrescentando uma nova construção em betão e uma geometria simples e racional que permite a criação de grandes superfícies envidraçadas e espaços exteriores generosos em todas as salas e áreas sociais.
Na decoração a escolha foi óbvia, o uso do burel, tecido de lã fabricado localmente, ajudando a contar a história enquanto adensa o mistério da descoberta dos pormenores: as paredes revestidas com bordados de poesia de Fernando Pessoa, os painéis pintados à mão e as instalações de arte que trazem um caráter intimista, ao mesmo tempo, que nos embalam na história tecida pela própria montanha.
E podemos dizer que há um certo elogio ao design português em todo projeto de interiores, pondo em destaque o mobiliário de Maria Keil, uma das mais relevantes artistas portuguesas do século XX, e em que se deu espaço também à contemporaneidade de vários designers portugueses, como Nuno Gusmão, Marco Sousa Santos, Vicara, Util, Grestel, Bordallo Pinheiro, Bartolomeu Gusmão, Vanda Guerreiro e Burel Mountain Originals, mas também se privilegia a introdução de peças criadas por artesãos da região, como as olarias de Molelos ou os cestos de Gonçalo.
Gastronomia, wellness e aventura
São 17 quartos e 4 suítes, todos diferentes, há um conjunto de piscinas, o restaurante São Lourenço e na sala de refeições, há um encontro perfeita com o “céu”, aqui feito de mais de seis mil estrelas de burel, colocadas manualmente numa estrutura que cobre o teto da sala. Já a linha gastronómica do São Lourenço, santo padroeiro dos cozinheiros, com carta desenhada pelo Chef Manuel Figueira, segue a ideia da “Casa Portuguesa” e é feita de sabores contemporâneos.
Na área de Wellness conta com uma sauna e um banho turco com vista total sobre a montanha. Há ainda um chuveiro em cascata e acesso a um pequeno jardim onde a frescura do ar contrasta com o calor relaxante que traz consigo do interior. Os óleos utilizados nos tratamentos são exclusivos da Casa de São Lourenço; uma mistura especial de ervas autóctones da serra, numa base de azeite e óleo de amêndoas doces.
Para os mais aventureiros, é possível marcar atividades de montanha, onde existem mais de 250 km de percursos pedestres e de BTT para explorar, com ou sem guia, cumes, vales e aldeias históricas. Já no verão organizam-se piqueniques ao pôr-do-sol, ou um mergulho nas lagoas da Serra da Estrela, depois de uma longa caminhada por entre montes e vales.
Os teares que se voltaram a ouvir
Nesta viagem pela Serra, inclua a visita à Burel Factory, recuperada por Isabel Costa e João Tomás. A antiga fábrica de lanifícios do século XIX, do tempo em que a indústria se fazia à mão volta agora a ter os teares do século XIX a fazerem-se ouvir e a tecer produtos em pura lã, o burel, um tecido tipicamente português cujas referências remontam ao século XI e que foge agora do imaginário histórico para ser aplicado em peças únicas, tingidas de cores pulsantes com um design contemporâneo.
A fábrica, que se encontrava num processo de insolvência, foi adquirida e reconstruída pelos proprietários dos hotéis, para salvar uma tradição enraizada na história da região, um património industrial único e assegurar os postos de trabalho e a transmissão do conhecimento dos ofícios da lã às novas gerações.
“Mais que um projeto, é um estilo de vida ligado à montanha, à sua cultura, à sua gente e ao saber herdado por gerações. Uma verdadeira experiência do turismo na Serra da Estrela”. Todos os projetos, refere João Tomás, “partem da mesma ideia: são projetos de recuperação de património. Não fazemos nada de novo; pegamos naquilo que existe e tentamos dar-lhe uma vida nova. No fundo somos recuperadores de património, material e imaterial. É essa a nossa missão aqui. Sem passado não temos futuro, vamos valorizá-lo que é o que realmente interessa.”
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